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artes visuais

- Publicada em 06 de Agosto de 2023 às 21:17

Primeira exposição do artista uruguaio José Gamarra em um museu brasileiro abre neste sábado (5) na Fundação Iberê

Exposição inédita em museus brasileiros traz 41 obras que revelam 8 décadas de trajetória do uruguaio

Exposição inédita em museus brasileiros traz 41 obras que revelam 8 décadas de trajetória do uruguaio


JOSE GAMARRA/REPRODUÇÃO/JC
Neste sábado (5), a Fundação Iberê Camargo (Av. Padre Cacique, 2000) inaugura a exposição Antologia, do artista uruguaio José Gamarra. Um dos nomes mais importantes do Uruguai e reconhecido em âmbito internacional, Gamarra hoje tem 89 anos, vive e trabalha em Arcueil (França) desde 1963. Esta é a primeira vez que ele expõe em um museu no Brasil. A mostra, que começou a ser organizada em 2011 por Enrique Aguerre, diretor do Museu Nacional de Artes Visuais de Montevidéu (MNAV), Gamarra e sua esposa Dilma e Enrique Gómez, da Galeria U, perpassa oito décadas de trajetória do artista. As 41 obras abrangem seus principais períodos criativos, que se iniciam com as suas pinturas precoces, criadas na infância e juventude, atravessam a abstração de seus signos até chegarem às suas sempre reveladoras e surpreendentes selvas. O artista aborda, ainda, temas como a guerra, a agressão à natureza, a condição dos indígenas, o passado, o presente e o destino da América Latina. "O Cristo Redentor tem uma presença muito particular para mim. Morei um ano no Rio de Janeiro, é uma escultura que domina toda a cidade, fascina, interpela e acalma. Em Paris, estava muito bem-informado da situação política e social da América Latina. Religiosos brasileiros pegaram em armas para resistir e denunciar o regime totalitário que foi instaurado no Brasil em 1964, e pintar o Cristo Redentor era minha forma de representar a resistência da Igreja. Em alguns quadros pintei o Cristo com uma metralhadora nas costas", conta o artista em entrevista ao pesquisador e um dos organizadores da exposição na Fundação Iberê, Heber Perdigón, e que está no catálogo de Antologia. Desde criança, José Gamarra demonstrou interesse pelas artes e talento para o desenho ao retratar seus colegas e pintar luas em paisagens noturnas. Aos 12 anos, participou de uma exposição coletiva no Ateneo de Montevidéu e, aos 15, expôs na Escola de Belas Artes, onde teve aulas de pintura e gravura e o talento reconhecido pelos professores María Mercedes Antelo e Bell Clavelli. Em 1959, aos 25 anos, Gamarra ganhou uma bolsa do Itamaraty para estudar gravura com Johnny Friedlander no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e com Iberê Camargo no Instituto de Belas Artes da Praia Vermelha. Graças a Iberê e a Flávio Motta, diretor da Escola de Pintura da Fundação Alvares Penteado, em São Paulo, tornou-se professor de pintura por dois anos. Iberê Camargo tinha amigos no Uruguai, entre eles, Adolfo Pastor, diretor da Escola de Belas Artes de Montevidéu e professor de Gamarra. Quando o artista chegou ao Rio de Janeiro com Dilma, com um apartamento alugado e pagamento antecipado a uma imobiliária – que veio a descobrir – que não tinha registro, Iberê, então, cedeu ao casal seu apartamento no bairro Fátima. A amizade transcendeu a admiração. "Iberê Camargo teve um papel muito importante na minha vida profissional. Eu tive o enorme privilégio de ser seu aluno no Instituto de Belas Artes, e, depois das aulas no Instituto, tinha aulas particulares no seu ateliê da Lapa. Recebia-me tomando chimarrão e vestido como um verdadeiro gaúcho, como se fosse montar a cavalo. Me lembrava muito os gaúchos uruguaios. Com ele consegui construir laços de profunda amizade. Embora nossas obrigações profissionais tenham nos afastado geograficamente, ainda sinto um profundo carinho e respeito pelo grande mestre. (...) fazer uma exposição de minhas obras na Fundação Iberê é uma grande honra para mim", conta o artista. Em 1985, em sua importante retrospectiva organizada pelo Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, chamada Iberê Camargo: trajetória e encontros, que, no ano seguinte, foi apresentada no MASP, no MAM-Rio e na Galeria do Teatro Nacional de Brasília, ele incluiu uma pintura de Gamarra. Além de obras de Iberê, a exposição incluía obras de seus mestres, amigos e alunos. Em 1962, José Gamarra participou da III Bienal de Jovens Pintores de Montevidéu e da III Bienal da Juventude de Paris, onde ganhou o Prêmio de Pintura e uma bolsa de estudos do governo francês, onde vive até hoje e onde descobriu a cor. É um dos poucos uruguaios que tem obras no Metropolitan, no MoMA de Nova York e no Museu de Arte Moderna de Paris e Buenos Aires.
Neste sábado (5), a Fundação Iberê Camargo (Av. Padre Cacique, 2000) inaugura a exposição Antologia, do artista uruguaio José Gamarra. Um dos nomes mais importantes do Uruguai e reconhecido em âmbito internacional, Gamarra hoje tem 89 anos, vive e trabalha em Arcueil (França) desde 1963. Esta é a primeira vez que ele expõe em um museu no Brasil.

A mostra, que começou a ser organizada em 2011 por Enrique Aguerre, diretor do Museu Nacional de Artes Visuais de Montevidéu (MNAV), Gamarra e sua esposa Dilma e Enrique Gómez, da Galeria U, perpassa oito décadas de trajetória do artista. As 41 obras abrangem seus principais períodos criativos, que se iniciam com as suas pinturas precoces, criadas na infância e juventude, atravessam a abstração de seus signos até chegarem às suas sempre reveladoras e surpreendentes selvas. O artista aborda, ainda, temas como a guerra, a agressão à natureza, a condição dos indígenas, o passado, o presente e o destino da América Latina.

"O Cristo Redentor tem uma presença muito particular para mim. Morei um ano no Rio de Janeiro, é uma escultura que domina toda a cidade, fascina, interpela e acalma. Em Paris, estava muito bem-informado da situação política e social da América Latina. Religiosos brasileiros pegaram em armas para resistir e denunciar o regime totalitário que foi instaurado no Brasil em 1964, e pintar o Cristo Redentor era minha forma de representar a resistência da Igreja. Em alguns quadros pintei o Cristo com uma metralhadora nas costas", conta o artista em entrevista ao pesquisador e um dos organizadores da exposição na Fundação Iberê, Heber Perdigón, e que está no catálogo de Antologia.

Desde criança, José Gamarra demonstrou interesse pelas artes e talento para o desenho ao retratar seus colegas e pintar luas em paisagens noturnas. Aos 12 anos, participou de uma exposição coletiva no Ateneo de Montevidéu e, aos 15, expôs na Escola de Belas Artes, onde teve aulas de pintura e gravura e o talento reconhecido pelos professores María Mercedes Antelo e Bell Clavelli.

Em 1959, aos 25 anos, Gamarra ganhou uma bolsa do Itamaraty para estudar gravura com Johnny Friedlander no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e com Iberê Camargo no Instituto de Belas Artes da Praia Vermelha. Graças a Iberê e a Flávio Motta, diretor da Escola de Pintura da Fundação Alvares Penteado, em São Paulo, tornou-se professor de pintura por dois anos.

Iberê Camargo tinha amigos no Uruguai, entre eles, Adolfo Pastor, diretor da Escola de Belas Artes de Montevidéu e professor de Gamarra. Quando o artista chegou ao Rio de Janeiro com Dilma, com um apartamento alugado e pagamento antecipado a uma imobiliária – que veio a descobrir – que não tinha registro, Iberê, então, cedeu ao casal seu apartamento no bairro Fátima. A amizade transcendeu a admiração.

"Iberê Camargo teve um papel muito importante na minha vida profissional. Eu tive o enorme privilégio de ser seu aluno no Instituto de Belas Artes, e, depois das aulas no Instituto, tinha aulas particulares no seu ateliê da Lapa. Recebia-me tomando chimarrão e vestido como um verdadeiro gaúcho, como se fosse montar a cavalo. Me lembrava muito os gaúchos uruguaios. Com ele consegui construir laços de profunda amizade. Embora nossas obrigações profissionais tenham nos afastado geograficamente, ainda sinto um profundo carinho e respeito pelo grande mestre. (...) fazer uma exposição de minhas obras na Fundação Iberê é uma grande honra para mim", conta o artista.

Em 1985, em sua importante retrospectiva organizada pelo Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, chamada Iberê Camargo: trajetória e encontros, que, no ano seguinte, foi apresentada no MASP, no MAM-Rio e na Galeria do Teatro Nacional de Brasília, ele incluiu uma pintura de Gamarra. Além de obras de Iberê, a exposição incluía obras de seus mestres, amigos e alunos.

Em 1962, José Gamarra participou da III Bienal de Jovens Pintores de Montevidéu e da III Bienal da Juventude de Paris, onde ganhou o Prêmio de Pintura e uma bolsa de estudos do governo francês, onde vive até hoje e onde descobriu a cor. É um dos poucos uruguaios que tem obras no Metropolitan, no MoMA de Nova York e no Museu de Arte Moderna de Paris e Buenos Aires.