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Cultura

Música

- Publicada em 29 de Maio de 2023 às 00:35

Conexão sonora entre Brasil e África

Vencedor do Açorianos de Música 2020, espetáculo Afrika, da Orquestra Villa-Lobos, volta a cartaz nesta quarta-feira, com apresentação gratuita no Auditório Araújo Vianna

Vencedor do Açorianos de Música 2020, espetáculo Afrika, da Orquestra Villa-Lobos, volta a cartaz nesta quarta-feira, com apresentação gratuita no Auditório Araújo Vianna


/CLAUDIO ETGES /DIVULGAÇÃO/JC
Nesta quarta-feira, às 20h, a Orquestra Villa-Lobos, que exerce um trabalho sistemático de educação, cultura e inclusão social na Lomba do Pinheiro, sobe ao palco do Auditório Araújo Vianna (Parque Farroupilha, 685) para reapresentar seu espetáculo Afrika, vencedor do Prêmio Açorianos de Música 2020. Os ingressos (gratuitos) estão esgotados.
Nesta quarta-feira, às 20h, a Orquestra Villa-Lobos, que exerce um trabalho sistemático de educação, cultura e inclusão social na Lomba do Pinheiro, sobe ao palco do Auditório Araújo Vianna (Parque Farroupilha, 685) para reapresentar seu espetáculo Afrika, vencedor do Prêmio Açorianos de Música 2020. Os ingressos (gratuitos) estão esgotados.
Ao todo, 110 músicos irão homenagear a diversidade musical dos povos africanos e sua importância na cultura brasileira. "Estamos muito felizes de realizar este evento, que só está acontecendo porque foi contemplado com recursos do Pró-Cultura/RS, via edital FAC das Artes de Espetáculo da Sedac/RS (2022)", valoriza a regente e fundadora da Orquestra, Cecília Rheingantz Silveira.
O projeto, que estreou em dezembro de 2019, estava aguardando pelo retorno à cena desde 2020, quando a pandemia de Covid-19 inviabilizou novas apresentações. "Era um grande desejo realizar novamente o espetáculo, que foi unanimidade de público e crítica na época", reforça Cecília. "Estamos extremamente emocionados: é uma alegria e uma responsabilidade grande."
Além da sessão das 20h, que teve mais de 4 mil ingressos já retirados pela plataforma Sympla, o grupo - formado por 45 instrumentistas da orquestra, acompanhados de outros 50 integrantes do Coral Infanto-juvenil e Vocal Adulto do projeto e de solistas convidados, além de artistas de teatro e de dança - irá realizar uma sessão fechada para escolas públicas, às 15h do mesmo dia. 
O repertório de 12 números será dividido entre canções tradicionais e música popular africana, além de música popular afro-brasileira, e composições de músicos contemporâneos como o nigeriano Fela Kuti, o camaronês Manu Dibango, os brasileiros Bedeu, Baden Powell, Martinho da Vila, Paulo Cesar Pinheiro e a extinta banda Tincoãs. "Foram nove meses de pesquisa para a concepção deste espetáculo, que está muito completo, uma vez que traz a música, a dança, a percussão, a corporeidade, e a beleza estética, com todo o colorido da cultura africana" , comenta a regente. "Foi um estudo muito rico do que somos enquanto cultura brasileira."
Cecília destaca, entre outros a influência da música africana na MPB, a exemplo do que se vê no trabalho de Vinicius de Moraes, que era "muito vinculado à questão do candomblé, e muito conhecedor da cultura afro-brasileira". "Outros exemplos são Clara Nunes e Martinho da Vila. Este último passou meses na África pesquisando suas sonoridades", observa.
A regente adianta que haverá um número do espetáculo representando também a música do batuque (religião de matriz africana gaúcha). "Esta é a primeira vez que uma orquestra coloca no palco uma música retirada dos terreiros", destaca. A regente também adianta que o final da apresentação irá reunir os 110 artistas em uma "grande festa", com música folclórica africana. Acompanhando as canções e músicas orquestrais, participam integrantes do Grupo Dança Afro-Sul/Odomode, o compositor gaúcho Paulo Romeu, que irá tocar sopapo (tambor exclusivo do negro gaúcho), e a Escola de Capoeira Afrika Gaúcha.   
Composta por naipes de cordas (violinos, violas e violoncelos), flautas doces, harmonia e percussão, a orquestra ainda contará com a participação de solistas convidados, a exemplo do compositor Zé Caradípia, das cantoras Glau Barros, Stephanie Soeiro, Preta Mina, do rapper africano Kanhanga, e de Bruno Cardoso (integrante do Grupo Vocal 5), entre outros.
"O cenário do espetáculo 'nos abraça' pela lateral e fundo do palco, fazendo uma conexão estética do continente africano com o Brasil", ilustra Cecília. A regente, que idealizou e fundou a Orquestra Villa-Lobos há 31 anos, avalia que "cada vez mais nós, brasileiros, precisamos nos reconhecer em nossas raízes, para se desenvolver da forma plural como a cultura brasileira se manifesta: abundante, alegre, singela, simples, e repleta de riqueza e complexidade (herdada dos ritmos africanos)."