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Cultura

literatura

- Publicada em 23 de Maio de 2023 às 18:24

Maria Carpi transforma a esperança em poesia em seu novo livro

Maria Carpi lança novo livro no Instituto Ling neste sábado (27)

Maria Carpi lança novo livro no Instituto Ling neste sábado (27)


/diego lopes/divulgação/jc
A escritora e poeta Maria Carpi lança seu vigésimo livro, A Esperança Contra a Esperança, neste sábado, às 11h, no Instituto Ling (rua João Caetano, 440). O evento marca, também, o aniversário de 84 anos da autora e conta com a presença do filho Fabrício Carpinejar e da neta Mariana Carpi Nejar, para um bate-papo mediado pelo escritor e diretor da editora AGE, Paulo Flávio Ledur. Na ocasião, poemas de diversas fases da carreira de Maria Carpi serão lidos pelo grupo Amigas da Poesia.
A escritora e poeta Maria Carpi lança seu vigésimo livro, A Esperança Contra a Esperança, neste sábado, às 11h, no Instituto Ling (rua João Caetano, 440). O evento marca, também, o aniversário de 84 anos da autora e conta com a presença do filho Fabrício Carpinejar e da neta Mariana Carpi Nejar, para um bate-papo mediado pelo escritor e diretor da editora AGE, Paulo Flávio Ledur. Na ocasião, poemas de diversas fases da carreira de Maria Carpi serão lidos pelo grupo Amigas da Poesia.
Escrito em 2013, A Esperança Contra a Esperança traz uma coletânea de 103 poemas que propõem uma reflexão poética sobre a esperança. A obra busca colocar em palavras esse sentimento tão intangível e indecifrável e, ao lidar com algo tão subjetivo, deixa o leitor livre para construir os seus próprios caminhos de entendimento, para chegar ao destino que o sentimento o levar. Segundo Maria, a compreensão acontece diferentemente com cada leitor, e haverá, ao longo dos anos, uma constelação de interpretações. "Ofereço minha visão de mundo e abro a possibilidade de novas interpretações com a leitura de cada um", comenta Maria Carpi.
A ideia para as poesias foi gestada a partir de uma reflexão poética a respeito de seu livro Abraão e a Encarnação do Verbo, que trata do paradoxo de Abraão. O paradoxo surge quando Deus comanda que Abraão sacrifique seu próprio filho como prova de sua fé. A benevolência do criador entra em conflito com a ordem, tão dolorosa. Mas, guiado por uma esperança de redenção, Abraão segue o pedido até o último segundo, quando um anjo desce dos céus, salvando o menino. Pensar sobre a esperança e a fé que fazem com que um pai entregue em holocausto o seu filho foi o impulso reflexivo que lançou a poeta a escrever a nova obra.
Maria, ao escrever sobre o paradoxo, se depara com um escrito do apóstolo Paulo, que fala que Abraão, com esperança, creu contra a esperança. A fé e a esperança muitas vezes estreitam suas fronteiras, se fundindo em uma coisa só. "O livro traz a esperança da coragem de sobreviver. Nos piores momentos da nossa história humana, temos de sobreviver."
Quase como que prevendo, uma década antes, percalços pelos quais a humanidade teria que passar, o livro traz palavras de conforto que só uma interlocutora como a esperança pode nos proporcionar. "Sempre teremos de enfrentar dificuldades e cruzamentos em nossa vida particular, mas há momentos em que toda a coletividade deve se unir para enfrentá-los e abrir novos caminhos, como no caso de guerras e pandemias", comenta Maria.
A esperança é a bengala que nos ajuda a caminhar por caminhos tortuosos. Todo mundo a conhece, mas a sente de formas diferentes, e a tarefa de expressá-la através da poesia é árdua, rendendo ao tema, neste caso, mais de uma centena de reflexões no livro. "Tudo é inatingível até termos a paciência de meditar e a coragem de escrever", sentencia a autora. Segundo Maria, essa centena de reflexões presentes no livro não se explicam: devem ser sentidas, em um novo sentir a cada instante.
"Poeta desde o ventre da mãe", como se descreve, Maria Carpi nasceu em Guaporé em 1939. Muito da inspiração para as suas poesias é tirada da infância vivida no interior. Vivendo a poesia há mais de oito décadas, Maria mergulhou na arte de escrever há metade deste tempo. Aguardando pelo amadurecimento das mãos que as escreveriam, as poesias esperaram o tempo certo para se tornarem realidade nos rascunhos da autora, e esperaram ainda mais para surgirem ao mundo e serem lidas por outras pessoas.
Com 51 anos, Maria publicou o seu primeiro livro, Nos Gerais da Dor — ganhador do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) —, depois de já ter escrito mais de dez obras, guardadas nas gavetas da vida. "Antes da escrita, devemos aprimorar os sentidos. Mais inédita do que publicada, meu caminho vai além da minha existência", comenta. "A poesia caminha além da autoria."