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Música

- Publicada em 02 de Abril de 2023 às 17:52

Emicida encontra um ninho no coração dos gaúchos em show em Porto Alegre

Diante de uma plateia em êxtase, rapper paulista fez show cheio de emoções em Porto Alegre, com direito a bis de mais de 20 minutos

Diante de uma plateia em êxtase, rapper paulista fez show cheio de emoções em Porto Alegre, com direito a bis de mais de 20 minutos


ISABELLE RIEGER/JC
Depois de almoçar no Tudo pelo Social e postar na sua conta do Instagram uma foto em frente ao Joia Sorvetes, dois estabelecimentos tradicionais da Capital gaúcha, o rapper paulista Emicida estava pronto para fazer tremer o auditório do Araújo Vianna na primeira das duas noites do show AmarElo, neste sábado (1º), em Porto Alegre. E tremeu do início ao fim do show, que durou cerca de duas horas. Os lugares marcados do auditório serviram apenas à título de convenção, porque a plateia, que se levantou para aplaudir o rapper na primeira canção – A Ordem Natural das Coisas – ficou em pé até o bis, com a canção Passarinhos, do álbum Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa (2015).
Depois de almoçar no Tudo pelo Social e postar na sua conta do Instagram uma foto em frente ao Joia Sorvetes, dois estabelecimentos tradicionais da Capital gaúcha, o rapper paulista Emicida estava pronto para fazer tremer o auditório do Araújo Vianna na primeira das duas noites do show AmarElo, neste sábado (1º), em Porto Alegre. E tremeu do início ao fim do show, que durou cerca de duas horas. Os lugares marcados do auditório serviram apenas à título de convenção, porque a plateia, que se levantou para aplaudir o rapper na primeira canção – A Ordem Natural das Coisas – ficou em pé até o bis, com a canção Passarinhos, do álbum Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa (2015).


No auditório lotado, o público em êxtase e emocionado não foi o único a quebrar protocolos, e, no meio do show, Emicida também pediu licença para deixar o palco, interagir com a plateia, tirar fotos e até assinar o livro de um menino que segurava um exemplar do cantor nas mãos. Sentindo-se completamente em casa, ele enalteceu pontos turísticos da cidade e chegou a dizer “Minha Porto Alegre”, além de relembrar sua passagem pelo Opinião e pelo Araújo. “Há quanto tempo a gente não se encontra, Porto Alegre? Obrigado por terem me esperado, meus amigos”, disse antes de iniciar Quem tem um amigo tem tudo – parceria com Zeca Pagodinho, segunda música do show. 

Boas energias, mas com momentos de protesto

Emicida veio a Porto Alegre divulgar seu mais recente álbum, 'AmarElo', grande sucesso de público e crítica

Emicida veio a Porto Alegre divulgar seu mais recente álbum, 'AmarElo', grande sucesso de público e crítica


ISABELLE RIEGER/JC
Essa foi a primeira vez que Emicida apresentou AmarElo na Capital. Depois de contagiar o público com a calma e beleza do refrão de A Ordem Natural das Coisas (O sol só vem depois / é o astro rei, ok / mas vem depois), foi a vez de É tudo pra Ontem, uma parceria com Gilberto Gil, e depois Pequenas Alegrias da Vida Adulta. O show, que começou com as músicas mais “vibes” do artista, logo apresentou também as músicas de protesto contra a realidade violenta e racista brasileira, como foi o caso com os versos de Ismália: 80 tiros te lembram que existe pele alva e pele alvo / Quem disparou usava farda (Mais uma vez) / Quem te acusou nem lá num tava (Banda de espírito de porco) / Porque um corpo preto morto é tipo os hit das parada: Todo mundo vê, mas essa p* não diz nada.

Mas, se por um lado, houve espaço para falar e combater esse passado e presente nefastos, por outro, o show também foi um grito de esperança em um país mais justo e igualitário, que reconhece a potência da diversidade e da presença negra e acredita num futuro de dignidade para todos. Na oportunidade, Emicida ressaltou diversas personalidades negras brasileiras e do Rio Grande do Sul, entre elas o compositor Pixinguinha, o poeta Oliveira Silveira e o cantor Lupicínio Rodrigues. “O Rio Grande do Sul não é só a imagem da colonização alemã e italiana. Tem muito batuqueiro no Sul que eu sei”, reforçou. E para representar a nova geração de talentos do rap gaúcho, Emicida chamou ao palco para participação especial a rapper Cristal, que cantou Ashley Banks.

"Seremos livres se nos deixarem a música!"

Show de Emicida contou com a participação da rapper Cristal e citações de Noémia de Sousa e Belchior

Show de Emicida contou com a participação da rapper Cristal e citações de Noémia de Sousa e Belchior


ISABELLE RIEGER/JC
Perto das 22h, a banda tocou a música que dá nome ao álbum, AmarElo, e fez o público cantar alto com a mixagem de Sujeito de Sorte, do cantor Belchior: Presentemente eu posso me / Considerar um sujeito de sorte / Porque apesar de muito moço / Me sinto são e salvo e forte / E tenho comigo pensado / Deus é brasileiro e anda do meu lado / E assim já não posso sofrer no ano passado. Já a música Principia foi uma das últimas a serem apresentadas por Emicida, logo depois de recitar o poema Súplica, da moçambicana Noémia de Sousa. “Podem desterrar-nos, levar-nos para longes terras, vender-nos como mercadoria, acorrentar-nos à terra, do sol à lua e da lua ao sol, mas seremos sempre livres se nos deixarem a música!”

Rapper paulista demonstrou estar à vontade, interagindo bastante com o público da Capital

Rapper paulista demonstrou estar à vontade, interagindo bastante com o público da Capital


ISABELLE RIEGER/JC
O público também pode relembrar, ainda, outros hits mais antigos do rapper como Boa Esperança (2015), Hoje Cedo (2013), A Chapa é Quente (2018) e Levanta e Anda (2014). Encerraram o show as músicas Gueto (2013) e Libre (2019). Como se Emicida não quisesse ir embora, o bis, ao som de Passarinhos, durou mais de 20 minutos, terminando a apresentação com a mesma leveza e bom humor do início e com direito à “competição de quem cantava com mais empolgação” entre as seções. O público, que certamente não queria ir embora, entrou na onda e entoou “Passarinhos / soltos a voar dispostos / e a achar um ninho / nem que seja no peito um do outro” uma dezena de vezes. “Vou falar mais uma vez, que noite f*, Porto Alegre!”, se despediu o cantor.