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Cultura

Artes Visuais

- Publicada em 05 de Abril de 2023 às 15:19

Amaro Abreu, um gaúcho na Bienal de arte de rua de Moscou

Artista urbano Amaro Abreu irá pintar a fachada de um prédio próximo à Praça Vermelha, durante a Artmossphere Biennale de Moscou, em maio

Artista urbano Amaro Abreu irá pintar a fachada de um prédio próximo à Praça Vermelha, durante a Artmossphere Biennale de Moscou, em maio


AMARO ABREU/DIVULGAÇÃO/JC
Grafiteiro e autor de cinco exposições individuais compostas por obras em aquarela e nanquim, o gaúcho Amaro Abreu é o único brasileiro entre 48 artistas visuais que participam da IV Artmosphere Biennale. O evento, que acontece de 15 de maio a 31 de julho, na cidade de Moscou (Rússia), é uma das principais mostras internacionais de arte contemporânea.
Grafiteiro e autor de cinco exposições individuais compostas por obras em aquarela e nanquim, o gaúcho Amaro Abreu é o único brasileiro entre 48 artistas visuais que participam da IV Artmosphere Biennale. O evento, que acontece de 15 de maio a 31 de julho, na cidade de Moscou (Rússia), é uma das principais mostras internacionais de arte contemporânea.
O artista urbano - radicado em São Paulo - deixará uma marca permanente na capital russa: ele irá pintar a fachada de um prédio próximo à Praça Vermelha, conhecida pelos grandes desfiles militares durante a era da União Soviética. Separando a cidadela real (Kremlin) do bairro histórico de Kitay-gorod, a praça central de Moscou será a sede dessa bienal de arte de rua em 2023, que apresentará trabalhos de artistas russos e estrangeiros, a partir da temática Comunidade: Parceria - Coletividade - Utopia
"Entre os jurados desta edição, estão integrantes de grandes museus, incluindo o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque", comenta Abreu, que se prepara para participar de sua segunda bienal. A primeira foi em 2018, no Cairo (Egito). "Ali vão circular representantes de galerias importantes, curadores de Nova Iorque, Paris, entre outras capitais internacionais. Será uma possibilidade de ter acesso a diferentes pessoas do mundo da arte, expandir a criatividade, e abrir portas para outras oportunidades no futuro", avalia o artista gaúcho. "Também irei aproveitar para conhecer o país, onde desembarco pela primeira vez, em maio, e criar intercâmbios com outros artistas."
Aos 34 anos, Amaro Abreu acumula experiências com arte em diversos países em momentos históricos. Em sua jornada artística, já executou pinturas nos escombros do muro de Berlim e na cidade francesa de Nanterre (onde aconteceram as manifestações estudantis em maio de 1968) e passou uma temporada no México, onde conheceu o grafiteiro Duek Glez, com quem assinou uma obra classificada entre as melhores do mundo, em 2016, pela agência norte-americana I Support Street Art.
O gaúcho também colocou o Brasil entre os destaques internacionais de arte urbana, com a criação do trabalho El Sonido Gris, selecionado como uma das melhores ilustrações da América Latina e publicad o no livro Colores latinos, produzido pela Facultad de Diseño y Comunicación de Palermo (Buenos Aires, Argentina). Em 2016, publicou o livro Habitat (Editora Libretos), com desenhos e escritos sobre a sua trajetória artística.
Abreu ainda realizou uma residência artística com o Conexus Project, em 2018, quando viajou pelo Egito, Líbano, Síria e Índia. "Foi essa ocasião, que participei da Bienal do Cairo e pintei no campo de refugiados palestinos Nahr al-Bared", recorda o grafiteiro. Sobre o projeto inscrito para a IV Artmosphere Biennale, ele adianta que seu painel terá uma revoada de pássaros como símbolo de liberdade e esperança. "Pode parecer clichê, mas pássaros representam também solidariedade e paz, e isso tudo tem a ver com as temáticas das minhas outras criações", emenda o artista, que costuma exteriorizar um universo paralelo, onde seres de "outro planeta" vivem em harmonia com a natureza.
"Meu trabalho é muito relacionado com a criação de uma nova biodiversidade, onde pinto espécies de plantas, seres e animais que não existem na nossa realidade, e que dão a ideia de um lugar desconhecido dos humanos", resume Abreu. "Ao meu ver, a evolução da tecnologia nos desvirtuou demais, e, no fim, isso acaba sendo super nocivo para a gente e para o ecossistema."
A utopia do convício pacífico entre as espécies, tema recorrente na arte de rua de Amaro Abreu desde meados da primeira década dos anos 2000, ganhou reforço durante sua trajetória. Formado em Artes Visuais na Ulbra, ele afirma que suas influências artísticas são "muitas", mas destaca obras cinematográficas, como o longa-metragem francês O Planeta Verde  (La Belle Verte, 1996). "Quando assisti, eu já estava nesse processo de idealizar um mundo que evolui para um lado mais natural, e, então, o roteiro deste filme me bateu forte."
Com um traço único, Abreu costuma utilizar tintas à base de água e spray, para criar suas obras coloridas, que marcam prédios e muros, mas também telas. Em Moscou, ele irá contar com a ajuda de um assistente de pintura, além de uma equipe de vídeo e fotos, que deverá registrar sua empreitada no mural que deixará no prédio eleito, uma estrutura de três andares.
Atualmente, o artista passa uma temporada em Porto Alegre, sua cidade natal e onde fez a pintura da fachada da Agência Livre para Cidadania e Educação (Casa Alice). No momento, ele está participando do projeto Expressões da Periferia, na Ilha do Pavão.