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Cultura

artes cênicas

- Publicada em 21 de Março de 2023 às 00:35

Esquina Democrática sob o véu de Ísis

Espetáculo propõe reflexão crítica sobre a opressão contra mulheres

Espetáculo propõe reflexão crítica sobre a opressão contra mulheres


/MARCIO GARCIA/DIVULGAÇÃO/JC
Nesta quarta-feira (22), a Esquina Democrática de Porto Alegre recebe o espetáculo de rua Sob o Véu de Ísis, às 18h, integrando a programação do Porto Alegre em Cena. Os transeuntes e espectadores propositais são convidados a olhar por baixo desse véu que esconde e amarra as opressões contra as mulheres e que é tecido todos os dias, conscientemente ou não. A peça traz uma coreografia dramática, criada a partir da luta pela libertação das mulheres iranianas, que conversa com as narrativas das atrizes e de suas ancestrais.
Nesta quarta-feira (22), a Esquina Democrática de Porto Alegre recebe o espetáculo de rua Sob o Véu de Ísis, às 18h, integrando a programação do Porto Alegre em Cena. Os transeuntes e espectadores propositais são convidados a olhar por baixo desse véu que esconde e amarra as opressões contra as mulheres e que é tecido todos os dias, conscientemente ou não. A peça traz uma coreografia dramática, criada a partir da luta pela libertação das mulheres iranianas, que conversa com as narrativas das atrizes e de suas ancestrais.
O espetáculo é realizado pelo Coletivo Teatro da Crueldade, que vem estudando e praticando as performances urbanas desde 2016. Ocupando as ruas, levando arte pro caminho de quem passa apressado, o grupo segue os preceitos do teórico do teatro Antonin Artaud, que cunha a ideia do teatro se despir da característica de entretenimento, transformando-se em objeto de crítica à cultura do espetáculo e à maneira com que a sociedade enxerga o mundo.
O coletivo traz uma linguagem firmada na narrativa dramática, capaz de transformar o necessário tema da violência contra a mulher numa estética que rompe com o teatro convencional, para firmar seu diálogo com o imaginário da cidade. Dirigido por Marcelo Restori, o espetáculo foi criado a partir da luta das mulheres do Irã por seu direito de usar ou não o véu, o que levou a pensar o que é esse véu que está presente em todos os corpos femininos, literal ou figurativamente.
"No final de 2022, no Irã, uma jovem de 22 anos foi presa por não vestir o hijab da maneira correta, morrendo alguns dias depois. Do Brasil ao Irã, mulheres são submetidas a regimes patriarcais, nos quais sofrem diversas violências. O modo como essas violências se manifestam é diferente em cada sociedade. No Brasil, nos últimos quatro anos, vivemos sob um governo misógino, que retirou direitos das mulheres e insuflou atos de violência de gênero", comenta Restori.
Sob o Véu de Ísis mescla a história das mulheres, com mitos e histórias reais de abusos e opressões vividos pelas atrizes, suas ancestrais ou amigas. "A força do conteúdo vem das atrizes, que são mulheres e, de certa forma, já trazem essa luta pulsando em seu íntimo. Assim, cabe à direção fazer emergir esse vulcão de emoções", conta o diretor. A peça cria um elo de solidariedade entre mulheres de todos os cantos do mundo, bem como entre as mulheres da plateia.
"Atuar em Sob o Véu de Ísis é um ato de coragem, é mergulhar profundamente nas próprias entranhas para resgatar memórias de violência e opressão com o intuito de expor essas feridas abertas ao corpo social", reflete Karine Paz, uma das atrizes da montagem. "É estar ao lado de mulheres fortes, firmando um pacto coletivo e revolucionário na luta pela libertação das mulheres."