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Cultura

Artes Visuais

- Publicada em 15 de Março de 2023 às 21:11

As criaturas fantásticas do imaginário de Carla Barth

Díptico infância é uma das 13 obras da exposição Mitologias, segunda mostra individual da artista, aberta para visitação até o dia 6 de abril na galeria Calafia Art Store

Díptico infância é uma das 13 obras da exposição Mitologias, segunda mostra individual da artista, aberta para visitação até o dia 6 de abril na galeria Calafia Art Store


/RICARDO LAGE/DIVULGAÇÃO/JC
Abrindo a temporada 2023 de exposições da Calafia Art Store (rua General Couto de Magalhães, 439), a artista visual Carla Barth exibe criaturas fantásticas de seu imaginário em sua segunda mostra individual. Intitulada Mitologias, a exposição é composta de 13 obras, divididas entre pinturas e desenhos de grandes e médias dimensões, que podem ser apreciadas gratuitamente na galeria superior do espaço, de segundas a sextas-feiras, das 11h às 18h; e aos sábados, das 11h às 16h até o dia 6 de abril.
Abrindo a temporada 2023 de exposições da Calafia Art Store (rua General Couto de Magalhães, 439), a artista visual Carla Barth exibe criaturas fantásticas de seu imaginário em sua segunda mostra individual. Intitulada Mitologias, a exposição é composta de 13 obras, divididas entre pinturas e desenhos de grandes e médias dimensões, que podem ser apreciadas gratuitamente na galeria superior do espaço, de segundas a sextas-feiras, das 11h às 18h; e aos sábados, das 11h às 16h até o dia 6 de abril.
Se utilizando de técnicas distintas - nanquim, tinta acrílica e aquarela - a artista e ilustradora alcança efeitos diferentes para pintar seu universo onírico e totalmente autoral. "São imagens simbólicas de renascimento, morte, ciclos, com elementos da infância, de celebração, de música e alegria", define Carla. Ela costuma pesquisar e buscar inspiração em contos e histórias do folclore de diversas partes do mundo, e há alguns anos estuda sobre celebrações e rituais. "Mas o que vai para as telas ou papel sai do meu imaginário, nada que o visitante enxergar irá reconhecer como real. Não é apropriação de nada, vem tudo da minha imaginação", acentua.
"Há um fundo mental e cultural onírico onde as imagens estão vivas e livres, e encontram seus caminhos, suas danças, seus ritos mágicos", comenta o historiador Francisco Marshall, sobre o atual trabalho de Carla. "Ele foi meu professor em uma cadeira da História da Arte, na faculdade de Artes Visuais da Ufrgs, e recentemente nos encontramos em um evento no Studio Clio", explica a artista, ao contextualizar sua relação profissional com o acadêmico. 
Levando temas que remetem à infância, às conexões afetivas e às celebrações em comunidade, a autora de Mitologias apostou em desenhos em preto e branco que condizem com a estética que ela imprime nas ruas, onde é reconhecida por inúmeros murais produzidos em espaços públicos e privados de Porto Alegre. Já as pinturas em tinta acrílica e aquarela brincam com as cores e conferem movimento e profundidade às criaturas e personagens que habitam seu imaginário.
A artista, que se inspira também na natureza e nas influências da história e da mitologia, reforça que seus desenhos e objetos transportam o espectador para o mundo da justaposição surreal e realidades reorganizadas. Vivendo e trabalhando em Porto Alegre, ela recorda que nem sempre foi fácil para ela colocar essas temáticas para fora.
"Cresci desenhando no atelier que meus pais tinham com outros artistas plásticos, cercada de referências que me ajudaram a construir um estilo, composto por influências do folclore e da mitologia, além das artes naïf, classica e oriental. Mas teve uma fase em que eu me senti sem saber o que eu tinha para comunicar, pois eu não tinha autoconhecimento suficiente para saber o que eu queria dizer. Até que um dia entrei para um coletivo de artistas, onde um amigo budista me ensinou técnicas de meditação", comenta Carla.
A partir destas práticas, ela afirma que deixou "o julgamento" de lado e passou a pintar em imersões criativas, que incluíam também o contato com diferentes artes - cinema e música, principalmente. "Depois deste período, fui morar em São Paulo, e passei a integrar o circuito de arte. Foi então que senti uma cobrança social por uma graduação na área em que eu já atuava". De volta à Capital, em 2011, começou a fazer cursos de arte contemporânea, e anos mais tarde entrou como diplomada (por ser bacharel em Turismo) na faculdade de Artes Visuais da Feevale, e depois na Urfgs. "Meu ingresso na universidade é em busca de mais conhecimento, para me apropriar do caminho de artista, nem tanto pelo título", afirma.
Carla Barth realizou sua primeira exposição individual em 2019, mas, antes disso, integrou diversas mostras coletivas no Brasil, além de expor com outros artistas em centros culturais e galerias nos EUA, Espanha, França, Itália, Taiwan e Colômbia. Também possui obras em coleções nacionais - como o acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul - além de já ter apresentado uma grande pintura mural no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Atuando profissionalmente no mercado desde 2008 como muralista, ilustradora, e designer de estampas, ela também ministra oficinas de arte e criatividade no Brasil e no exterior.
Ao falar das inspirações de seu universo onírico, habitado por seres inusitados em cenas ao mesmo tempo divertidas e enigmáticas, a artista faz referência a trabalhos que, de certo modo, pontuam, ainda, o convívio do ser humano com animais - e o que se pode aprender com estes últimos. "Entre as obras expostas na Calafia Art Store, há telas com animais observadores dos ciclos da natureza, vivendo de forma indiferente ao que acontece ao redor. Eu vejo a vida mais ou menos assim."