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Cultura

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- Publicada em 14 de Março de 2023 às 18:39

Slam das Minas leva arte, engajamento e poesia feminina à Praça da Matriz

Grupo de mulheres ocupa espaço urbano difundindo ideias em versos na primeira edição do Slam das Minas de 2023

Grupo de mulheres ocupa espaço urbano difundindo ideias em versos na primeira edição do Slam das Minas de 2023


Daniela Alves da Silva/Divulgação/JC
Unindo poesia, educação e protesto, a primeira edição oficial de 2023 do Slam das Minas RS acontece às 16h deste sábado, na Praça da Matriz, em Porto Alegre. Como o próprio nome sugere, a competição é voltada exclusivamente para mulheres, que podem se inscrever gratuitamente no local.
Unindo poesia, educação e protesto, a primeira edição oficial de 2023 do Slam das Minas RS acontece às 16h deste sábado, na Praça da Matriz, em Porto Alegre. Como o próprio nome sugere, a competição é voltada exclusivamente para mulheres, que podem se inscrever gratuitamente no local.
"Uma parte da tarde é reservada para o verso livre (não competitivo) - que aceita a participação de homens", acrescenta a poeta e slammer master Daniela Alves da Silva (Lella). Professora da rede pública, ela integra o coletivo desde sua criação, em 2016, e, junto com as outras oito integrantes, é responsável pela organização do evento.
"É um espaço de construção coletiva, que se baseia no potencial da escrita feminina. Tudo é feito de forma autônoma e autogestionada, onde dividimos as responsabilidades", destaca Lella. "O Slam das Minas se propõe a ser um espaço de escuta e acolhimento para que mulheres possam expressar livremente suas vivências", completa. Assédio, repressão sexual, machismo, racismo e homofobia são temas recorrentes nas poesias das integrantes.
Apesar de disputada somente por competidoras mulheres, a batalha poética organizada por Lella e as demais integrantes do Slam das Minas tem as mesmas regras dos demais coletivos do gênero: para participar, é preciso levar poesias autorais de até três minutos, e a performer não pode se utilizar de adereços, como figurino, cenário ou instrumento musical. Assim, nas apresentações, a performance é construída apenas com o recurso da voz e do corpo das poetas.
As juradas são escolhidas aleatoriamente na plateia, e são responsáveis por dar notas que vão definir a vencedora daquela edição. "A única certeza é a de que neste grupo haverá diversidade étnica e etária, para que se garanta a pluralidade na hora de avaliar as poetas", emenda a organizadora. Dentre os critérios de escolha, a relevância dos temas apresentados é um ponto importante a ser considerado.
Em Porto Alegre, o slam começou a se formar em 2016, justamente com o coletivo Slam das Minas, e o movimento se consolidou em 2017 com o surgimento de diversos outros coletivos que organizam diferentes slams no Rio Grande do Sul. Inclusas atualmente em um universo de cerca de 20 coletivos de slam somente na Capital, as nove slammer masters que garantem o protagonismo de mulheres e dissidentes de gênero na Praça da Matriz também impulsionam suas competidoras para voos mais altos.
"Destes encontros, após três baterias, se elege uma representante para a batalha final, que, então, garante a vaga para o Slam Conexões, que acontece sempre no segundo semestre de cada ano. De lá, quem vence sai finalista para o Slam Br, que é a competição nacional, seguida de uma etapa mundial dos slams", explica Lella. Segundo ela, algumas competições oferecem, inclusive, premiações para as melhores colocadas.
Batalha de versos e poesia falada que surgiu na década de 1980, em Chicago (EUA), e se estendeu pela Europa antes de chegar no Brasil, o slam é diferente do freestyle rap (que, neste caso, se caracteriza principalmente por letras improvisadas do rapper, expressando o que sente sobre determinado assunto, mas mantendo um ritmo constante) e das batalhas de MCs da cultura hip hop, destaca a professora e poeta. "Ao mesmo tempo, é parecido, porque também se expressa na rua", observa.
No caso do evento organizado por mulheres em Porto Alegre, além das performances, o público que se aproximar também encontra outras expressões no mesmo espaço. "Recebemos muitas artistas visuais e artesãs, entre outras, que expõem seus trabalhos no entorno", afirma Lella. "A proposta é abrigar a diversidade, incentivar o respeito, a empatia, a liberdade de expressão, protestando contra o silenciamento das mulheres em várias artes", ressalta.
Daniela, ou Lella, valoriza a força do coletivo, "alicerçada na poesia": "o slam é capaz de mudar a vida das pessoas, configurando um espaço de reflexão e revolução cultural", celebra. Além dela, outras integrantes do coletivo com foco nas mulheres disseminam este conceito além da rua, através de oficinas em escolas e outras atividades que difundam os conceitos do coletivo, realizadas em parceria com universidades ou empresas. "Nossa missão é levar a potência das mulheres a todos os lugares. No caso das batalhas do Slam das Minas, muitas poetas começam ali e depois se sentem seguras para construir sua própria jornada."