Gênio do rock nacional, Flávio Basso recebe homenagem no Opinião

Personagem icônico do rock gaúcho, o cantor e compositor Flávio Basso - falecido em dezembro de 2015 - será homenageado por amigos, fãs e ex-companheiros de bandas a partir das 21h30min desta quinta-feira (26), no Bar Opinião (rua José do Patrocínio, 834, bairro Cidade Baixa).

Denominado Júpiter Day - Efervescente Frenesi, o evento acontece na data em que o artista faria 55 anos de idade, e contará com apresentações musicais e de dança, além de projeções de vídeos. Toda a programação faz um resgate das três fases de sua carreira. 

Cofundador dos grupos TNT (em 1984) e Os Cascavelletes (em 1986), Flavio Basso chegou a gravar uma demo-tape (Júpiter Maçã e os Pereiras Azuiz) com uma banda de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, em 1995. Mas a junção com os Pereiras Azuiz foi breve. No ano seguinte assumiu a persona Júpiter Maçã (mudando depois para Júpiter Apple) e ancorou sua carreira solo com o aclamado disco A Sétima Efervescência (1997), pelo qual passou a ser reconhecido como um dos ícones da psicodelia brasileira.

Dando sequência às experimentações sonoras iniciadas com esse álbum, gravou o CD Plastic Soda em 1999 - trabalho com o qual arrancou elogios de artistas como Tom Zé, Caetano Veloso, Rita Lee e Arnaldo Baptista. Em 2002, lançou o disco Hisscivilization, considerado por muitas pessoas como sua obra prima; e em 2007 gravou seu último álbum de estúdio: Uma Tarde na Fruteira.

"Ele unia rock, tropicália, psicodelismo, bossa nova e jazz, e até hoje é uma referência nacional: uma série de bandas (dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e da região Nordeste) surgiram muito influenciadas por todas as fases do seu trabalho", destaca o músico, compositor e produtor Lucas Hanke, que assina a direção artística e musical do evento desta quinta-feira. Cofundador da banda Identidade e sócio fundador da produtora, selo e estúdio Marquise 51, Hanke foi amigo pessoal, baixista e produtor de Júpiter Maçã por quase uma década. "Ele tinha a visão de que a arte não deve ser um hit do momento, um sucesso flutuante, que depois vai passar", comenta.

E se tem algo que o artista deixou de legado são hits e sucessos - alguns mais distantes e muitos que se mantêm contemporâneos. "Ao todo, os três shows que acontecem (com três formações de bandas diferentes) nesta quinta-feira levarão ao público cerca de 40 canções no total, somando as três fases musicais de Flávio", calcula Hanke. Segundo o diretor artístico e musical do evento, que montou os repertórios, "vai ter muito hit". "As dez músicas do tempo do TNT foram mais fácil de selecionar, pois ele compôs ao lado de Charles Master as canções do primeiro disco, além de outras duas feitas no período que esteve de volta ao grupo, no início dos anos 1990." 

Já a montagem do set list de Os Cascaveletes foi mais complexa, emenda Hanke. "Algumas não podem faltar, mas também iremos mesclar com outras 'lado b' não tão populares, para que tenha alguma surpresa para o público." Isso também vale para a fase solo de Flávio Basso, sob a persona de Júpiter Maçã/Apple.

O diretor de Efervescente Frenesi afirma que o evento deve permanecer ocorrendo anualmente em celebração a este que foi "um dos grandes expoentes que as artes do Rio Grande do Sul exportaram para o mundo". "Originalmente, pensamos em fazer somente no ano passado, como forma de celebrar o aniversário dele, nesta vibe de caráter sexual e transgressor que ele curtia", pondera Hanke. "Fizemos o primeiro evento, e depois consideramos justo que continuasse acontecendo nos próximos anos."

Em 2022, o Júpiter Day teve todo um cenário preparado para o tributo: nos intervalos dos shows, havia djs e projeção de vídeos (com todas as fases da carreira e momentos da vida do artista); o ambiente ainda contou com exposição de fotos, e o palco foi ocupado com a presença de diversos parceiros musicais do ícone, como os paulistas Thunderbird e Tatá Aeroplano, entre outros.

Nesta edição de 2023, sobem ao palco Maurício Chaise, Julio Sasquatt, Rodrigo Chaise, Lucas Hanke, Banda Júpiter Day, Rodrigo Funk Man, Preza, Márcio Petracco, Paulo Arcari, Juliano Pereira, Julia Barth, Alice Kranen, Denizele Cardoso, Carlinhos Carneiro, Império da Lã, Os Danadões, Marcelo Gross, Luiz Thunderbird, Tatá Aeroplano, Mari Martinez e Bibiana Graeff. Em um dos intervalos musicais, a B Girl Ceia Santos irá dançar um beat feito por Fredi Chernobyl com diversas músicas de Flávio Basso/Júpiter Apple.

O "Man" (como era chamando entre amigos), que passou anos se reinventando e criando facetas artísticas como músico, ator e cineasta também será lembrado nos telões ao lado do palco, através de projeções de vídeos inéditos e do documentário Pescando Júpiter Segundo Huxley, que reúne imagens raras de shows extraídas de seu arquivo pessoal, videoclipes, participações em programas de TV e entrevistas, numa retrospectiva que ele mesmo fez da própria carreira.

"Também haverá projeção de um vídeo-depoimento que o diretor do clipe de Modern Kid (parceria entre Flavio Basso e Thunderbird), André Peniche, vai fazer falando sobre ele", destaca o diretor artístico do evento. "A ideia é que seja uma noite interessante do início ao fim", conclui.