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artes visuais

- Publicada em 21 de Dezembro de 2022 às 19:57

Pintora de cores e emoções, Tomie Ohtake está em exposição no Instituto Ling

Obras de Tomie Ohtake estão em exposição 
no Instituto Ling

Obras de Tomie Ohtake estão em exposição no Instituto Ling


/FABIO DEL RE/VIVA FOTO/DIVULGAÇÃO/JC
Andressa Pufal Leonarczik
Fazendo da cor a sua principal aliada, Tomie Ohtake se tornou um dos maiores nomes do abstracionismo informal do Brasil. Revolucionando o gênero, a artista não se prendeu em nenhuma escola e criou o seu próprio estilo de pintar. Nas suas obras, estimula o público a construir a própria interpretação do que está nas telas. Tomie fez arte até o último ano de sua vida. Viveu e pintou até os 101 anos. Começando a pintar perto dos 40, tem seis décadas de trajetória artística. Agora, esses 60 anos de obras podem ser contempladas pelos gaúchos em exposição.
Fazendo da cor a sua principal aliada, Tomie Ohtake se tornou um dos maiores nomes do abstracionismo informal do Brasil. Revolucionando o gênero, a artista não se prendeu em nenhuma escola e criou o seu próprio estilo de pintar. Nas suas obras, estimula o público a construir a própria interpretação do que está nas telas. Tomie fez arte até o último ano de sua vida. Viveu e pintou até os 101 anos. Começando a pintar perto dos 40, tem seis décadas de trajetória artística. Agora, esses 60 anos de obras podem ser contempladas pelos gaúchos em exposição.
A mostra Tomie Ohtake: seis décadas de pintura está em cartaz no Instituto Ling (Rua João Caetano, 440) até o dia 25 de fevereiro. A exposição tem curadoria de Cézar Prestes e percorre a vida artística de Tomie em 12 obras a óleo e tinta acrílica sobre tela. Com entrada gratuita, a visitação ocorre de segunda a sábado, das 10h30 às 20h. A exposição é fruto de uma parceria do centro cultural com a Almeida & Dale Galeria de Arte, de São Paulo, e o Studio Prestes, de Porto Alegre. Nos dias 18 e 19 de janeiro, o neto da artista, Rodrigo Ohtake, estará presente na mostra para contar um pouco sobre a vida da avó e do pai, Ruy Ohtake, renomado arquiteto e designer brasileiro.
Tomie Ohtake nasceu em Kyoto e nos anos 1930 vem ao Brasil visitar o irmão e acaba ficando por aqui. Iniciou sua vida artística na década de 1950 como autodidata. Acreditava no fazer pela emoção: ninguém a ensinou nada, apenas colocava no pincel, na tinta e na tela o que ela sentia, o que a emocionava. Foi uma artista que deixou o coração ser o seu guia e, talvez por isso, suas obras se tornam atemporais, causando hoje a mesma emoção que causava 50 anos atrás e que vai causar 50 anos adiante.
O abstrato informal se traduz no trabalho de Tomie no sentido de que a artista não buscava transmitir uma mensagem pré-estabelecida em suas peças, ela dava ao espectador a liberdade de criar um sentido para aquilo que ele vê no colorido das telas — por isso, nunca deu título a elas. É a singularidade, a emoção, a poesia, a fantasia que cada um carrega dentro de si que dá sentido às obras de Tomie, nessa via de mão dupla entre criadora e público. A arte tem que emocionar de fora para dentro, dizia ela. "Quando a gente se emociona com algo, isso nos diz alguma coisa. Tu tá dizendo pra ti mesmo, através de uma ligação com alguém que é posta pra ti. A Tomie abre a tua sensibilidade de olhar, de gostar, de se emocionar", completa Cézar Prestes, curador da mostra.
Fazendo da emoção a sua principal escola, a artista não se prendeu a nenhum conceito estilístico, revolucionando o gênero e criando seu próprio estilo. Tomie Ohtake — e suas seis décadas de fazer artístico, passando por vários movimentos, mas mantendo o foco na sua identidade — se confunde com a própria história da arte brasileira. A cara do Brasil é a cara de Tomie: esse sincretismo que junta o oriental e o ocidental, essa ousadia que mistura muitas cores, essa originalidade que, antropofagicamente, cria sua própria marca.
No início da sua trajetória artística, reinavam as colorações e as texturas nas obras da artista. "Ela não tinha medo. Acho que pintou todas as cores que existem — até as que não existem", conta Cézar. Misturando duas ou três cores a artista colocava na tela o que só o limite da imaginação de quem visse pode nominar. Mais tarde, ela incorpora a caligrafia do alfabeto japonês e começa a usar o pincel para colocar nas obras linhas e curvas. Se aventurou, também, nas esculturas. Criando toneladas de imensas obras de arte, a artista quis que seu trabalho transbordasse pro físico, pra outra dimensão. Já no final de sua vida, Tomie faz de seus quadros uma espécie de despedida. O colorido dá lugar a uma única cor, as linhas e curvas se transformam apenas em pinceladas solitárias e as formas começam a se desmanchar. É o fim transformado em arte. "A exposição nos mostra essa trajetória, é muito bonito de ver porque conseguimos ver todo esse processo", conclui.
 
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