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Artes visuais

- Publicada em 23 de Dezembro de 2022 às 07:44

A brasilidade na obra de Glauco Rodrigues em exposição no Margs

'Glauco Tropical' apresenta obras inéditas do artista bageense e fica em cartaz até 16 de abril

'Glauco Tropical' apresenta obras inéditas do artista bageense e fica em cartaz até 16 de abril


//REPRODUÇÃO/JC
Quem já visitou o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) provavelmente já viu o nome Glauco Rodrigues identificando alguma obra. Nascido em Bagé em 1929, Glauco ficou conhecido na cena das artes visuais do Sul do País ao pintar a vida do gaúcho no campo. Desta vez, é hora de conhecer um outro lado do mesmo artista: o Glauco tropical. Fazendo da brasilidade a sua matéria prima, o artista, em uma estadia no Rio de Janeiro na década de 1960, começa a produzir uma arte completamente diferente do que havia feito até então.
Quem já visitou o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) provavelmente já viu o nome Glauco Rodrigues identificando alguma obra. Nascido em Bagé em 1929, Glauco ficou conhecido na cena das artes visuais do Sul do País ao pintar a vida do gaúcho no campo. Desta vez, é hora de conhecer um outro lado do mesmo artista: o Glauco tropical. Fazendo da brasilidade a sua matéria prima, o artista, em uma estadia no Rio de Janeiro na década de 1960, começa a produzir uma arte completamente diferente do que havia feito até então.
A exposição Glauco Tropical está no Margs (Praça da Alfândega, s/n) até o dia 16 de abril do ano que vem. Com curadoria de Francisco Dalcol, diretor-curador do Museu, e Cristina Barros, curadora-assistente, a mostra integra dois programas expositivos em operação no Museu, que são aqui interligados: Histórias Ausentes, voltado a resgates e revisões históricas, e História do Margs Como História das Exposições, que aborda a história institucional do Museu.
Vindo do sul do Sul, Glauco começa a pintar em 1945 como autodidata e, anos depois, começa a integrar o Grupo de Bagé, bem como alguns clubes de gravura criados nos anos 1950. Assim, acaba se tornando um renomado nome no cenário artístico, pela sua atuação nas realizações nesses grupos. Seu nome costuma estar junto aos de artistas como Glênio Bianchetti, Danúbio Gonçalves e Carlos Scliar, por terem compartilhado, naquele período, meios de trabalho e convergido suas produções em torno de um mesmo pensamento e posicionamento artísticos. Em uma história da arte desde o sul do Brasil, a reação conjunta os uniu contra as correntes internacionais da abstração, a partir de uma defesa politizada da figuração realista de vertente expressionista e cunho social-regionalista.
A representação do homem e das paisagens do campo, do gaúcho, da cultura campeira sulina, do trabalho rural, da pecuária e dos tipos e costumes regionais foi o que notabilizou Glauco e o fez presente em inúmeras exposições no Estado. Entretanto, depois de partir, no final dos anos 1950, para experiências no Brasil e na Europa, fixando-se a seguir no Rio de Janeiro, Glauco muda o direcionamento de seu trabalho, passando a ter a história e cultura brasileiras como maior interesse e tema privilegiado de sua produção.
É o tropicalismo de Glauco que somos convidados a conhecer agora. As 49 obras que compõem a exposição trazem o artista explorando fatos, estereótipos, tipos e complexidades da história e da cultura brasileiras, de forma crítica e analítica, sem deixar de lado seu inconfundível grafismo e colorido na figuração de acento pop. Os povos originários, o colonizador, o carnaval, o futebol, a natureza tropical, a religiosidade, a televisão e a história do Brasil: tudo se faz presente na produção do Glauco tropical. Se utilizando de tudo que é brasileiro, a cultura de massa e o culto às celebridades também marcam presença — quase sempre se valendo de imagens prévias em circulação, até mesmo da iconografia da história da arte.
A maior parte das obras do acervo do museu — onde o artista está representado por mais de 300 trabalhos — foi adquirida em 2018, com a doação de Norma de Estellita Pessôa, viúva de Glauco. Desde então, essas peças foram submetidas a processos de restauração, possibilitando agora que estejam em condições de exibição para esta que é uma primeira apreciação pública do conjunto, a partir de um recorte temático e que cobre um período dos anos 1960 a 1990.
Conhecido por ter suas ilustrações como a capa do livro Morte e vida Severina (1955), de João Cabral de Melo Neto, e no cartaz do filme Garota de Ipanema (1967), de Leon Hirszman, Glauco foi premiado, em 1967, na IX Bienal de Arte de São Paulo; na década de 1980, com o Prêmio Golfinho de Ouro Artes Plásticas do Governo do Estado do Rio de Janeiro; e em 1999, ganha o Prêmio Ministério da Cultura Candido Portinari - Artes Plásticas.
 
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