Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Cultura

- Publicada em 02 de Novembro de 2021 às 19:31

Para Wagner Moura, longa 'Marighella' também é sobre a resistência de agora

Estrelado por Seu Jorge, longa dirigido pelo baiano finalmente estreia no Brasil nesta quinta-feira (4)

Estrelado por Seu Jorge, longa dirigido pelo baiano finalmente estreia no Brasil nesta quinta-feira (4)


PARIS FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
Lara Moeller Nunes
Pautado nos movimentos de resistência e no combate ao autoritarismo político, Marighella chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (4), dois anos depois do previsto, propondo um debate acerca da liberdade. O trabalho, baseado no livro Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo, do jornalista Mário Magalhães, marca ainda a estreia de Wagner Moura como diretor de longa-metragem.
Pautado nos movimentos de resistência e no combate ao autoritarismo político, Marighella chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (4), dois anos depois do previsto, propondo um debate acerca da liberdade. O trabalho, baseado no livro Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo, do jornalista Mário Magalhães, marca ainda a estreia de Wagner Moura como diretor de longa-metragem.
A incrível cena de abertura, gravada em plano-sequência, já mostra a potência e o ritmo intenso da obra. Misturando o compromisso biográfico com elementos inerentes ao cinema de ficção, o filme acompanha os últimos anos de vida do revolucionário Carlos Marighella (Seu Jorge) na luta pela democracia. Poeta e político comunista, o baiano fundou e liderou a Ação Libertadora Nacional, uma das principais organizações de resistência e combate à ditadura militar no Brasil. Ao lado de companheiros de guerrilha, lutou para defender seus princípios ao mesmo tempo em que fugia de uma intensa perseguição organizada pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops).
Apesar da história ter como foco seu protagonismo dentro do movimento, a produção também explora outros aspectos da sua vida e personalidade como forma de apresentar aos espectadores uma versão completa do homem que foi. "Para mim, sobretudo como ator, isso é a coisa mais importante que existe. Todo ser humano deve ser visto dentro da sua complexidade. Tem que ser multifacetado, porque ninguém é totalmente bonzinho ou malvado o tempo todo", explica o diretor em entrevista ao Jornal do Comércio.
A força do olhar também ganha protagonismo ao longo da trama, permitindo que, mesmo na ausência de diálogos, o público consiga traduzir os sentimentos e anseios expressados pelos personagens. A garra de Marighella e a frieza do Delegado Lúcio (Bruno Gagliasso), que lidera a caçada aos opositores do sistema, são apenas dois exemplos disso. Para Moura, esse efeito é mérito não só da equipe de direção, mas também do impecável trabalho do elenco: "Gosto muito de usar o plano fechado, mas isso você só consegue sustentar se o ator estiver ali por inteiro. Com eles, eu sabia que podia ir com a câmera até dentro da pupila".
O grande envolvimento do grupo na construção da obra se dá ainda no fato de que muitos dos artistas pediram para que seus nomes fossem conservados nos personagens que iriam interpretar. "Já estávamos em um momento difícil naquela época, com muita ameaça. Mas eles chegaram junto dizendo que queriam contar aquela história. É como se eles estivessem assinando um depoimento sobre o que esses personagens significavam."
A censura, bastante retratada no enredo, também virou ponto de discussão em relação ao lançamento do filme, que teve sua estreia adiada durante dois anos em decorrência de entraves com a Ancine. Para o diretor, a espera, apesar de não ter sido desejada, fez com que a expectativa em cima do longa crescesse ainda mais. "Foi difícil chegar até aqui. Sofremos todo tipo de ataque, boicote, ameaça e censura que você pode imaginar. Até hoje as pessoas vão no IMDb dar nota baixa e membros do governo falam mal nas redes sociais. Essa reação fala muito mais sobre o que é o Brasil hoje do que o próprio filme que fiz", reflete.
Depois de uma longa estadia em Los Angeles, prorrogada em função da pandemia de Covid-19, Moura retornou ao Brasil recentemente para acompanhar de perto a divulgação nos cinemas. Ciente dos riscos que enfrenta ao estar em território nacional, ele diz que não poderia estar fazendo isso de outro lugar do mundo. "A situação aqui é muito grave. Temos um governo que atiça e empodera sua militância no que há de pior no ser humano. Mas sei que nós não estaríamos fazendo jus ao movimento e à memória de Marighella se não estivéssemos aqui nesse embate. Pode ser perigoso? Sim. Mas é necessário."
Ele comenta ainda sobre a emoção de ter realizado a pré-estreia em Salvador, que é não só a terra natal de Marighella, como também a sua. "Fiquei muito emocionado ao ver como tem gente que quer sim ver isso acontecer. A presença dos movimentos sociais nos lançamentos tem sido muito grande, e esse abraço que estamos recebendo é lindo. Esse filme não é só sobre aqueles que resistiram à ditadura, é um filme sobre quem está resistindo agora", finaliza.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO