Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Cultura

- Publicada em 18 de Maio de 2021 às 19:12

Cineasta Emiliano Cunha promove mergulho sensorial com longa 'Raia 4'

Longa gaúcho conta a história da adolescente Amanda, uma tímida e ingênua nadadora

Longa gaúcho conta a história da adolescente Amanda, uma tímida e ingênua nadadora


TUANE EGGERS/DIVULGAÇÃO/JC
Lara Moeller Nunes
Vencedor de três prêmios no Festival de Cinema de Gramado de 2019, o longa-metragem Raia 4 estreia nas plataformas digitais nesta quinta-feira (20). Com direção e roteiro do gaúcho Emiliano Cunha, a obra é ambientada no universo da natação competitiva e conta a história de Amanda (Brídia Moni), nadadora ingênua e tímida que passa pela fase de descobertas da pré-adolescência. Em meio a conflitos familiares e pressões do esporte, acaba se aproximando de Priscila (Kethelen Guadagnini), uma colega de equipe. Reservada e cheia de inseguranças, a protagonista encontra embaixo da água um ambiente seguro, onde seus medos e segredos não podem ser ouvidos.
Vencedor de três prêmios no Festival de Cinema de Gramado de 2019, o longa-metragem Raia 4 estreia nas plataformas digitais nesta quinta-feira (20). Com direção e roteiro do gaúcho Emiliano Cunha, a obra é ambientada no universo da natação competitiva e conta a história de Amanda (Brídia Moni), nadadora ingênua e tímida que passa pela fase de descobertas da pré-adolescência. Em meio a conflitos familiares e pressões do esporte, acaba se aproximando de Priscila (Kethelen Guadagnini), uma colega de equipe. Reservada e cheia de inseguranças, a protagonista encontra embaixo da água um ambiente seguro, onde seus medos e segredos não podem ser ouvidos.
O processo de criação do filme, segundo Emiliano, foi muito mais imagético, sonoro e sensorial do que propriamente narrativo. Em entrevista ao Jornal do Comércio, ele contou que o primeiro tratamento do roteiro aconteceu em 2013 e que, na época, ele sentiu a presença muito forte de uma cena que trazia a questão do feminino, do sangue e da água, e que esse foi o pontapé inicial para desenvolver o restante do projeto.
Para o roteirista, a questão aquática passou a contaminar cada vez mais a atmosfera da narrativa, e foi aí que ele decidiu usar a natação para explorar a água não só como espaço físico, mas também metafórico. Ele, que já foi atleta e treinador, vê a natação como a modalidade mais sensorial dentro do universo dos esportes. "É muito solitário, então a relação que se estabelece com a água é muito mais corporal e irracional do que qualquer outra coisa", explica.
O ambiente surge também como simbologia para a protagonista. "A questão uterina se sobressai bastante no filme. É um espaço onde ainda pertencemos à água, até o momento em que somos espremidos de lá e precisamos encarar a vida com todos os seus desafios. A Amanda busca na piscina esse refúgio e esse espaço uterino que não é mais possível. É um lugar que te faz muito bem, mas que te oprime depois de certo tempo", complementa o diretor.
A preferência do roteirista por filmes silenciosos, no que tange à questão de diálogos, também é perceptível no enredo da obra. Ele diz que sempre tratou Amanda como um absoluto mistério: "Gosto de criar uma categoria de personagem reflexivo. Ela se comunica basicamente através dos olhos. Brincamos com essa âncora do olhar dela em relação aos outros personagens e ao próprio telespectador".
Para construir a personagem principal, explorando todas suas angústias ligadas ao universo feminino, Emiliano diz ter passado por um grande desafio de escuta. "Conversei muito com as minhas amigas da natação para entender como foi o processo de maturação e a primeira menstruação, além da questão do corpo e do ambiente do vestiário", explica. Conta ainda que todas as consultorias e leituras de roteiro foram feitas por mulheres, para garantir que nenhuma questão referente ao olhar feminino passasse despercebida.
O realismo é outro elemento muito explorado ao longo da narrativa, e a presença disso é nítida na escolha do elenco jovem. Desde o início do projeto foi decidido que iriam trabalhar com atletas, e não com atores. "Queria que essa relação intimista entre eles e com a água fosse muito real. A natação de alta performance é diferenciada e até os corpos são muito diferentes", justifica. Seu objetivo também era registrar a desdramatização do nosso cotidiano, mostrando as cenas de maneira mais real possível.
A recepção positiva da crítica surpreendeu o diretor, que não esperava ver a obra em tantas seleções importantes de festivais brasileiros e internacionais. "Sempre acreditei, e ainda acredito muito no filme. Mas a gente nunca sabe o que vai acontecer", diz. Emiliano avalia que a grande aceitação esteja relacionada com o apelo sensorial da obra e com a brincadeira de gêneros presente.
Com o lançamento postergado durante um ano em função da pandemia, a equipe chegou à conclusão de que não poderiam mais esperar para liberar o longa. A estreia nos cinemas aconteceu em 6 de maio, e a expectativa é de que o streaming consiga atingir um público mais amplo do que aquele alcançado de forma presencial. "O filme tem um apelo sonoro e visual muito forte, e acho que a experiência completa só se dá em uma sala de cinema. Quem sabe em um futuro próximo a gente não faça um relançamento simbólico em algumas salas", projeta.
O longa-metragem Raia 4 estará disponível através das plataformas digitais NOW, Google Play, Apple TV, iTunes e YouTube Filmes.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO