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artes visuais

- Publicada em 14 de Novembro de 2020 às 17:40

Luis Ferreirah traz retratos musicais e periféricos na pandemia

Exposição virtual 'Periferia isolada' tem registros de personagens da cidade de Alvorada

Exposição virtual 'Periferia isolada' tem registros de personagens da cidade de Alvorada


LUIS FERREIRAH/DIVULGAÇÃO/JC
Um vendedor ambulante nordestino que toma sua cerveja de tarde durante um dia de semana. Uma senhora negra de cabelo raspado que carrega uma sacola enquanto caminha até a casa do filho. Retratos de personagens da cidade de Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, integram a exposição virtual Periferia isolada, do artista visual Luis Ferreirah.
Um vendedor ambulante nordestino que toma sua cerveja de tarde durante um dia de semana. Uma senhora negra de cabelo raspado que carrega uma sacola enquanto caminha até a casa do filho. Retratos de personagens da cidade de Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, integram a exposição virtual Periferia isolada, do artista visual Luis Ferreirah.
Selecionada em um edital promovido pela Secretaria da Cultura do Estado - Sedac (o FAC Digital RS), a mostra está aberta no Instagram do fotógrafo. Nesta segunda-feira (16), às 19h, na mesma rede social, ele participa de uma live onde falará sobre a temática abordada e o processo de criação de seu trabalho.
Luis Ferreirah tem 27 anos e é conhecido por trabalhos com Dona Conceição, Dessa Ferreira, Glau Barros e outros artistas negros e negras da cena musical de Porto Alegre e região. Trabalha há sete anos com fotografia, sendo que quatro deles com artes visuais.
Nascido e criado em Alvorada, valoriza na exposição recortes das comunidades durante a pandemia: "A minha intenção desde o princípio é mostrar o que há de belo nas periferias de Alvorada. Meu objetivo, de fato, é trazer um olhar para essas comunidades que são invisibilizadas por vários fatores", declarou o artista em entrevista ao Jornal do Comércio.
Seu trabalho, que já costuma ser voltado para a perspectiva periférica e negra, dialoga desta vez com o belo e com o feio de uma região rica de cultura, vozes e estilos, que ao mesmo tempo sofre com a falta de informação. "Gosto de trazer a partir da minha imagem uma problematização, um debate ou uma reflexão. De usar essa ferramenta como uma transformação social de fato. Essa ideia tem o objetivo de trazer o olhar da periferia. A narrativa que consegui costurar com a minha imagem é justamente esse paradoxo de como a comunidade, que está à margem do social, reage a uma pandemia, como que ela se isola, quase se aquilombando. A comunidade é esse grande quilombo", conta.
Para compreender a narrativa criada por Ferreirah em Periferia isolada é preciso desfazer-se dos preconceitos relacionados às comunidades. Nesse caso, são três: Salomé, Maria Regina e Umbu. Os elementos que compõem esses retratos são as ruas de chão batido, uma carroça e um minimercado ao fundo, postes com fios de luz cortados e amarrados, um cachorro que descansa embaixo de uma cadeira de praia. Cenas que causam familiaridade em quem vive em uma periferia.
Ele conta que visitava a mãe, na vila Maria Regina, quando decidiu pôr em prática a ideia de fotografar moradores durante a pandemia. Segundo ele, suas fotos dialogam com o cenário periférico diante de uma pandemia que isola e afasta ainda mais essa população que precisa de assistência: "Conversando com essa galera parecia que a pandemia não tinha chegado na vila, e isso é um contraste um pouco assustador, porque tu pensa 'Bah, a galera tá desinformada' ou tá informada e não tá sabendo da gravidade da pandemia e o quanto isso é grave".

Espaço para produtores audiovisuais negros

Luis Ferreirah teve três trabalhos destacados pela curadoria do 1º Festival Cinema Negro em Ação

Luis Ferreirah teve três trabalhos destacados pela curadoria do 1º Festival Cinema Negro em Ação


LUIS FERREIRAH/DIVULGAÇÃO/JC
Recentemente, Luis Ferreirah teve três trabalhos de sua autoria destacados pela curadoria do 1º Festival Cinema Negro em Ação, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac). Na categoria Videoclipe, foram selecionados Filha do Sol, da cantora Monique Brito, e Azul, de Dona Conceição e Luciane Dom. Na categoria Videoarte, Diáspora também concorre.
O artista acredita na importância de editais e eventos como esse, que abrem espaço para produtores audiovisuais negros e negras do Sul. "A gente nunca tá acostumado a ganhar visibilidade sobre um trabalho autoral. Os recursos que a gente tem são escassos, as condições de um homem negro na periferia são escassas. A condição psicológica é limitada, então é um trabalho constante para além de produzir algo, trabalhar a si também psicologicamente pra conseguir chegar nesse lugar e reconhecer isso", desabafa Ferreirah.
Para o futuro, traça planos e não esconde a ambição de ganhar um Oscar com um filme escrito e dirigido por ele, sobre as perspectivas dos moradores de sua cidade Alvorada. "Se vou conseguir, não sei, mas não vou parar até eu chegar lá. Dá um certo medo, um frio na barriga, porque também é arcar com a responsabilidade de muitos que vieram antes de ti, e saber que represento as pessoas que não conseguiram chegar aonde cheguei."
O Festival de Cinema Negro em Ação acontece entre 20 e 27 de novembro, como parte da programação do Mês da Consciência Negra. Ao todo, são 33 concorrentes na categoria curta-metragem, cinco longas-metragens, 19 videoclipes e 16 selecionados na modalidade Videoarte. As produções serão exibidas em 20 horas de programação da TVE-RS, canal 7.1 no sinal aberto, canal 7 na NET ou online. Também vai ser possível acompanhar as exibições pela fanpage da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) no Facebook.

GRADE DE EXIBIÇÃO - I Festival Cinema Negro em Ação

20/11 (sexta-feira)
12h às 13h: Encontro com a homenageada Djamila Ribeiro
22h30 à 0h30min: Longa-metragem De Cabral a George Floyd. Onde arde o fogo sagrado da liberdade - Direção: Paulinho Sacramento/RJ
21/11 (sábado)
18h às 19h: sessão de videoclipes
Esperando Spike Lee Brasileiro - Direção: Lobo Mauro/RJ
Preto Raiz - Direção: Elton Oliveira, José Roberto e Rafael Melo/SP
Por que não? - Direção: Alexandre Mattos Meireles/RS
Transe - Direção: Gabriela/SP
Chato - Marco Gabriel - Direção: Jessica Lauane/MA
Pra verdade estremecer - Banda N`zambia - Direção: Gabriel Muniz/PE
Killa - Enme - Direção: Jessica Lauane/MA
Magarita - Direção: Carolyne Cristine da Silva/SP
Baile Pesadão - Direção: Jonatan Tavares/RS
Cristal - Ashley Banks - Direção: Cleverton Borges/RS
Batidão - Enme - Direção: Jessica Lauane/MA
Você bagunçou comigo - Yhago Sebaz feat. ALLVDIN - Direção: Jessica Lauane/MA
Monique Brito Filha do sol - Preto amor - Direção: André Luis Ferreirah/RS
Azul - Direção: Dona Conceição/RS
É no mar - Direção: Alisson Severino/CE
Alumiou - Direção: Adriele Regine e Heraldo de Deus/BA
EncruZilè - Direção: Cire das Virgens/BA
A caixa - Direção: Mônica Zonta/SP
Shidumali - Direção: Renan Montenegro/DF
21h30min às 23h30min: Curtas-Metragens
Entre nós e o mundo - Direção: Fabio Rodrigo/SP
Faixa de Gaza - Direção: Lúcio César Fernandes Murilo/PB
Longa-metragem Entreturnos – Direção: Edson Ferreira/RS
22/11 (domingo)
20h às 21h10min: sessão de videoarte
A Diáspora - Direção: Andre Luis Ferreira Rocha/RS
A partir daqui - Direção: Felipe Oládélè/MG
Tecer I Ser - Direção: Ana Langone/RS
Canudos em minha pele - Direção: Rosa Amorim/PE
Mariar um Mar de Poesias - Direção: Natalyne Santos/BA
Érinlé - Direção: Aristotelis Cardoso dos Santos/GO
O rio em mim - Direção: Petyta Reis/SP
Rituais virtuais - Direção: Valéria Barcellos/RS
Travessia - Direção: Terra Assunção/Portugal
Visão embaçada - Direção: Marina Kerber/RS
Um pouco do Circo na esquina - Direção: Marcelo Franco Bonifácio/RS
Meu corpo não é meu - Direção: Flora Suzuki e Grazi Labrazca/PR
Marielle - Direção: Lene Nascimento/BA
Caminho Noir - Direção: Anderson Simões/RS
Marvin.gif PART II - Direção: Marvin Pereira/BA
Curai-vos - Direção: Junior Clementino/RJ
21h15min às 23h30min: 
Videoarte SAMBARACOTU - em busca de um corpo brasileiro - Direção: Álvaro RosaCosta/RS
Curtas-metragens
Joãosinho da Goméa - O Rei do Candomblé - Direção: Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra/RJ
Eu vejo você, Rosas Negras - Direção: Nando Zambia/BA
Sol - Direção: Higor Mourão/SP
Longa-metragem Raízes - Direção: Simone Nascimento e Wellington Amorim/SP
23/11 (segunda-feira)
14h às 15h: sessão de curta-metragem
Perifericu - Direção: Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira/SP
As Canções de Amor de uma Bixa Velha - Direção: André Sandino Costa/RJ
Eu não nasci pra ser discreta - Direção: Alek Lean/RS
17h às 18h: encontro com os homenageados - Família Menezzes
22h30min às 23h30min:
Curta-metragem Entremarés - Direção: Anna Andrade/PE
Longa-metragem Conquix – Direção: Monike Raphaela e Erick Novais/SP
24/11 (terça-feira)
14h às 15h: sessão de curta-metragem
5 fitas - Direção: Heraldo de Deus e Vilma Martins/BA
4 Bilhões de Infinitos - Direção: Marco Antonio Pereira/MG
Homem Atrás da Janela - Direção: Naum Roberto Gomes/RS
Nana e Nilo na Cidade Verde - Direção: Sandro Lopes/RJ
Corações Encouraçados - Direção: Jamile Coelho e Cintia Maria/BA
17h às 18h: encontro Papo de Rua e videoclipes
22h30 às 23h30min: sessão de curta-metragem
Egum - Direção: Yuri Costa/RJ
O segredo da leoa - Direção: Juliano Viana/RJ
Alfazema - Direção: Sabrina Fidalgo/RJ
Brasil Eterno Quilombo - Direção: Julio Ferreira/RS
25/11 (quarta-feira)
16h às 18h: encontro com o homenageado Sirmar Antunes e sessão de curta-metragem
Estrela Solitária - Direção: Iwan Silva/SP
Flamingos - Direção: Jose Pedro Minho Mello/RS
Projeto Perigoso - Direção: Fabrício Zavareze/RS
Inspirações - Direção: Ariany de Souza e equipe/RJ
Mulheres Negras - Projetos de Mundo - Direção: Day Rodrigues e Lucas Ogasawara
22h30min à 0h30min: Curtas-metragens
Filhas de Lavadeiras - Direção: Edileuza Penha de Souza/DF
OuvidoChão - Identidades Quilombolas - Direção: Gabriel Muniz/RS
Receita de caranguejo - Direção: Issis Valenzuela/SP
Quero ir para Los Angeles - Direção: Juliana Balhego/RS
Longa-metragem Que os olhos ruins não te enxerguem – Direção: Roberto Maty/SP
26/11 (quinta-feira)
16h às 18h: encontro com Macumba Lab e sessão de curta-metragem
Ditadura roxa - Direção: Matheus Moura/MG
A 7 Tragos do Chão - Direção: Ariel L. Dibernaci/BA
Facão - Direção: Camila Hepplin /BA
22h30min à 0h30min: Curtas-metragens
Riscados pela memória - Direção: Alex Vidigal/DF
Ninguém solta a mão de ninguém - Direção: Deyvid César e Tobias Terceiro/SP
Construindo poesias - Direção: Ricardo Soares/BA
Longa-metragem Argus Montenegro e a Instabilidade do Tempo Forte - Direção: Pedro Isaias Lucas/RS
27/11 (sexta-feira)
22h30min às 23h30min – sessão de premiação e homenagens