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Cultura

- Publicada em 14 de Outubro de 2020 às 19:25

Fundação Iberê apresenta cronista visual carioca Maxwell Alexandre

Artista inaugura a mostra de painéis 'Pardo é papel' neste sábado (17)

Artista inaugura a mostra de painéis 'Pardo é papel' neste sábado (17)


GABI CARRERA/DIVULGAÇÃO/JC
Roberta Requia
A exposição Pardo é papel, do carioca Maxwell Alexandre, chega em Porto Alegre na Fundação Iberê (Padre Cacique, 2.000) neste sábado (17). A primeira exibição da mostra aconteceu no Museu de Arte Contemporânea de Lyon, após um curador francês ver uma de suas obras em uma feira de artes em São Paulo e fazer o convite para a viagem internacional.
A exposição Pardo é papel, do carioca Maxwell Alexandre, chega em Porto Alegre na Fundação Iberê (Padre Cacique, 2.000) neste sábado (17). A primeira exibição da mostra aconteceu no Museu de Arte Contemporânea de Lyon, após um curador francês ver uma de suas obras em uma feira de artes em São Paulo e fazer o convite para a viagem internacional.
Em novembro de 2019, ele expôs o conjunto pela primeira vez no Brasil no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR): "Eu queria que circulasse primeiro aqui no Brasil. Mas eu estava começando ainda. Difícil um artista fazer uma individual em um museu. Ainda mais um artista jovem, chegando na cena", conta Maxwell em entrevista ao Jornal do Comércio.
Aos 29 anos, Maxwell Alexandre veio a Porto Alegre para montar a exposição na Fundação Iberê. "Essa parte da montagem é muito importante, de pensar a tipografia, principalmente para esse corpo de trabalho que é Pardo é papel. Por mais que as pessoas pensem nisso como pintura, elas têm um caráter escultórico. É muito sobre trajeto, sobre circuito, sobre ar e som", relata o artista.
Formado em Comunicação Visual, ele começou a compor a série de uma maneira intuitiva e sem pretensões em 2017, em um dia em que foi para o atelier sem grandes pretensões de trabalho. "Eu gosto muito disso, de ir pro atelier sem saber o que fazer. Ir e não fazer nada já é trabalho. Você vai, arruma uma coisa, daí olha pra outra, vai fazendo essas conexões", explica.
Trabalhando com figuras abstratas e retalhos de papel pardo reciclados do laboratório de moda da universidade, pintou três autorretratos. Na quarta pintura, já completamente seduzido pela estética de sua criação, pensou no peso que aquele ato tinha representado: "Fiz esse link, o pardo como um desígnio de cor que foi usado durante muito tempo para clarear, esconder a negritude. E daí veio todo o conceito. Quando você pinta um corpo preto sob o papel pardo é uma maneira de converter essa narrativa", comenta sobre o processo de nascimento do conjunto.
Com grandes painéis que possuem elementos de sua vivência pessoal, para ele, uma das maiores potências de seu trabalho é conversar com o público que normalmente não está tão inserido no circuito artístico tradicional. Maxwell traz a experiência da exposição no MAR como exemplo de impacto: "Você vê a rapaziada da escola pública, rapaziada preta entrando lá. Acho que traz esse significado, que é meio inesperado. Ser artista plástico ou a arte contemporânea em si não são valores das periferias. Precisamos ter essa representação dentro desses espaços, que são negados pra gente, justamente por ser um museu, que guarda memória, que legitima a história".
Para o jovem artista, esse deslocamento de espaços alavanca o valor expressivo de sua obra: "Majoritariamente, os ambientes de arte são muito codificados e, portanto, elitistas. Mas os museus tendem a ser mais democráticos do que as galerias, eles são menos hostis".
Mesmo com inserções do cotidiano da Rocinha e do Rio de Janeiro em suas obras, ele se mostra incomodado com a maneira reducionista com o qual seu trabalho pode ser relacionado por tratar desses elementos. "A arte lida muito com o imprevisível, não tem como você ficar calculando. Quando eu comecei a construir essa série, não comecei pensando: 'Ah, eu sou um menino preto que mora na Rocinha'. É uma síntese pobre. Vai muito além disso", ressalta Maxwell.
"Existem referências diretas da Rocinha, mas existem várias que são mais universais. Mas certamente eu sou um cronista. Até a forma que vou organizando o meu trabalho em séries e subséries para dar conta do que estou falando tem a ver com o pensamento de um cronista", avalia.
Falando sobre a maneira que seu trabalho impacta o espectador, o jovem também é enfático ao declarar que a entrega como artista vem em primeiro lugar, antes de qualquer expectativa de retorno do público. "Essa excelência e esse acordo comigo e com a obra em si, isso está muito amarrado. E quando isso vai pro mundo, já não tem tanta preocupação com o que o espectador vai achar, porque eu já me resolvi, e é isso", finaliza.
Pardo é papel entra em cartaz neste sábado (17) e permanece na Fundação Iberê até o dia 17 de janeiro de 2021. Os ingressos, que custam entre R$ 20,00 e R$ 70,00 (no valor mais alto incluindo estacionamento e catálogo), estão sendo vendidos pelo Sympla, de acordo com as medidas de segurança adotadas pelo museu para combate da pandemia de Covid-19. São visitas marcadas (entre as 14h e 18h de sexta-feira a domingo) com horários definidos no momento da compra, sendo possível até 15 visitantes por agendamento de uma hora.
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