Ao assumir a presidência do Sistema FIERGS, em 18 de julho de 2024, Claudio Bier comprometeu-se com a missão de comandar um processo de transformação da entidade. Essa mudança teve como foco dois objetivos principais: fortalecer o protagonismo da Federação como representante de 52 mil indústrias gaúchas e profissionalizar a estrutura da entidade para prestar apoio a essas empresas. Para isso, foram estabelecidos quatro pilares estratégicos: competitividade, inovação, atração e retenção de talentos e reconstrução da indústria gaúcha.
Na ocasião, o estado enfrentava os impactos da maior tragédia climática de sua história, com cerca de 85% de suas indústrias afetadas. Em seu discurso de posse, Bier destacou a importância do termo "reconstrução" diante desse contexto:
"Não se trata apenas de reconstruir fisicamente o que foi perdido, mas de trabalharmos juntos para criar um futuro mais forte e mais próspero. Pensamos em uma 'reconstrução com propósito', expressão que representa o compromisso de trabalhar por um futuro que valorize a inovação, a competitividade e a liberdade econômica", salientou.
Os demais pilares refletem desafios históricos do setor. De acordo com a Unidade de Estudos Econômicos do Sistema FIERGS, entre 2002 e 2021, o PIB industrial do Rio Grande do Sul cresceu apenas 2,1%, enquanto a média nacional foi de 24,2% no mesmo período. "É uma diferença muito grande. Então, elegemos a competitividade como pilar porque temos um gap, uma necessidade de reagir. Quem cresce 2% em 20 anos está estagnado ou até indo para trás", comenta Paulo Herrmann, que foi diretor-executivo no primeiro ano da gestão e, a partir de agosto deste ano, passará a atuar como consultor estratégico da entidade.
Entre 2000 e 2022, cerca de 700 mil gaúchos migraram para outros estados ou países, o que motivou a escolha da atração e retenção de talentos como outro pilar da gestão Claudio Bier. "Não podemos assistir à fuga de empresas, mão de obra e talentos para outros estados brasileiros. Precisamos criar motivos para que as pessoas daqui queiram ficar e para que as de outros lugares queiram vir para as nossas indústrias", enfatiza o presidente.
O pilar inovação funciona como um impulsionador dos anteriores. Para resolver problemas como evasão e baixa produtividade, é preciso olhar para o futuro e acompanhar os avanços tecnológicos que ocorrem pelo mundo, fomentando o desenvolvimento do conhecimento inovador. "As exigências externas mudam com uma velocidade cada vez maior. Precisamos evoluir para acompanhá-las, estar à frente dessas mudanças e liderar com inovação, eficiência e transparência", pontua Bier.
Nova estrutura regional reorganiza estratégia de trabalho
FIERGS reúne 108 sindicatos industriais do Rio Grande do Sul
Dudu Leal/ FIERGS/ Divulgação/ JCUm diagnóstico do Sistema FIERGS, realizado pela Falconi Consultoria com base em dados e entrevistas, identificando pontos que precisavam ser aprimorados para aumentar a eficiência. Entre eles, estava a necessidade de fortalecer a imagem da entidade como um sistema único, formado por Serviço Social da Indústria (Sesi-RS), Serviço Nacional da Aprendizagem (Senai-RS), Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RS) e Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (CIERGS).
Como resposta, foi adotada uma nova identidade visual unificada para o Sistema FIERGS. Em 2024, também houve a redefinição da divisão geográfica, organizando os 497 municípios do RS em 10 regiões para atuação conjunta de Sesi-RS, Senai-RS e IEL-RS. A mudança permitiu analisar melhor as operações e equilibrar a distribuição das unidades.
Em janeiro deste ano, foi anunciada a implantação do novo modelo de gestão integrada para as três instituições, sob o comando único de Susana Kakuta, que assumiu como diretora-geral de Sesi-RS, Senai-RS e IEL-RS em 1º de fevereiro. Esse movimento representou mais um passo na construção de uma entidade integrada e fortalecida para representar os interesses da indústria gaúcha.
A partir da integração das entidades, o Sistema FIERGS passou a revisar suas entregas e força de trabalho nas regionais. A fim de definir e melhorar o escopo de atuação necessário, a entidade contou novamente com o auxílio da consultoria Falconi.
A chegada de Susana completou a equipe de diretores que compõem a nova gestão do Sistema FIERGS. A entidade conta, ainda, com a diretora de Relações Institucionais, Ana Paula Werlang, e o diretor de Comunicação, Nilson Vargas. A organização dessas duas diretorias está relacionada ao propósito de melhorar a comunicação da entidade, seja com parceiros, como sindicatos e governos, seja com o público em geral.
Atualmente, a Falconi conduz uma etapa de coleta e análise de dados, com equipes mistas das três entidades. A entrega está prevista para o final de julho, com apresentação da proposta de implantação em agosto. Segundo Susana, trata-se de um plano de trabalho integrado, que envolve processos, tecnologia e outras interfaces, permitindo ações mais coordenadas e eficazes para alcançar os objetivos estratégicos.
Conselhos e comitês
A Falconi também colaborou com a criação de um novo projeto de governança voltado aos conselhos e comitês temáticos do Sistema FIERGS. A proposta, apresentada pela entidade no início de junho, visa aprimorar a gestão, o monitoramento e a efetividade dos projetos.
Essa reorganização resultou em uma matriz de projetos, com fluxo de aprovação e modelo de governança unificado, promovendo transparência e agilidade nas decisões. As mudanças se refletem na Gerência Técnica e de Suporte aos Conselhos Temáticos (Getec), com objetivo de melhorar o monitoramento e o gerenciamento dos projetos desenvolvidos. As mudanças impactam, sobretudo, na definição e priorização de projetos estratégicos e táticos. Também orientam para que a atuação dos conselhos e comitês siga os quatro grandes pilares da gestão do presidente Claudio Bier, com o objetivo de aumentar o protagonismo nas agendas estratégicas da indústria gaúcha.
Aposta em diálogo e maior proximidade com interior
Governador Eduardo Leite participou da primeira edição do INDX, em março
Dudu Leal/ FIERGS/ Divulgação/ JCMarca da gestão Claudio Bier, o diálogo é ponto fundamental para aproximar ainda mais o Sistema FIERGS de empresários, sindicatos, órgãos e autoridades governamentais. Por meio de diferentes iniciativas, a entidade tem estreitado sua relação com representantes do setor, reforçando seu protagonismo e fazendo com que demandas da indústria gaúcha cheguem aos gestores públicos.
Nesse sentido, foi lançado neste ano o INDX, um evento que propõe a troca de ideias e debates. O governador Eduardo Leite foi o convidado da primeira edição. A apresentação e interlocução com parlamentares é outra frente de ação, com a entrega de uma agenda de projetos de interesse da indústria em tramitação na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. Em Brasília, grande parte da bancada gaúcha reuniu-se com a FIERGS para tratar dessas demandas.
No atual impasse que envolve as negociações tarifárias com os EUA, a entidade tem se colocado como protagonista no diálogo e na mobilização das indústrias gaúchas, setor econômico que será fortemente prejudicado caso a elevação tarifária seja efetivada.
A aproximação também ocorre dentro do estado. A palavra desencastelar resume o propósito do projeto Rota FIERGS, criado para promover a interiorização do Sistema FIERGS. A iniciativa, que começou em maio com imersões lideradas por Bier e membros da diretoria, busca fortalecer a atuação da entidade em todas as regiões do Rio Grande do Sul e ampliar o atendimento às indústrias locais.
A interiorização teve início em dezembro de 2024, com a nova divisão geográfica do Sistema. Cada região conta com um vice-presidente regional, responsável por liderar as ações locais. O processo deve seguir até o final de 2025, com encontros de trabalho em todas as regiões.
Até agora, foram realizadas três imersões, abrangendo as regiões da Encosta da Serra, Vale do Sinos, Vale do Taquari e Noroeste. Segundo Claudio Bier, a proposta surgiu para "desencastelar" a entidade e aproximá-la das indústrias, especialmente as pequenas e médias. No primeiro encontro, em Novo Hamburgo, Bier destacou que esse projeto foi uma das razões que o motivaram a assumir a presidência do Sistema FIERGS.
"Acredito que o desenvolvimento do Rio Grande do Sul passa pela presença da indústria em todas as suas regiões. Portanto, o Sistema FIERGS tem que estar presente em cada localidade de forma integrada. É uma maneira de ouvir as necessidades das regiões e dos setores, colocando a estrutura da entidade à disposição para apoiá-los. Com isso, iremos conectar, fortalecer e impulsionar a indústria gaúcha onde ela estiver", reforça o presidente.
Durante as imersões, o presidente Claudio Bier, diretores e coordenadores dos conselhos e comitês temáticos do Sistema FIERGS se reúnem com presidentes de sindicatos, representantes das indústrias locais e gestores municipais a fim de conhecer as principais demandas de cada localidade.
Iniciativas em um ano de gestão
Principais ações conforme
os pilares da diretoria Claudio Bier
os pilares da diretoria Claudio Bier
Competitividade
Para ampliar a competitividade das indústrias, a gestão de Claudio Bier tem focado no desenvolvimento das pequenas e médias empresas e em ações que promovam a maior integração aos mercados. O projeto de interiorização é uma das estratégias para apoiar essas estruturas, além do Balcão de Inovação, que aproxima as empresas das principais soluções disponíveis, como consultorias, institutos de pesquisa e parques tecnológicos. Eventos específicos para esse público, como o Impulsionando a Indústria Gaúcha, missões e feiras internacionais também são oportunidades para ampliar os negócios.
Inovação
Esse pilar também atua em prol da competitividade. Com investimentos específicos e contando com a estratégia das startups, Senai-RS, Sesi-RS e IEL-RS vem atuando de forma integrada para que a inovação transforme a indústria gaúcha, desde novos produtos até a gestão. O Sistema FIERGS criou o Grupo de Trabalho de Inovação, que tem estruturado iniciativas como Indústria do Amanhã e Fórum de Líderes — o primeiro, em parceria com o Instituto Caldeira, envolve jovens, indústrias, startups e municípios. Eventos de referência, como o South Summit e Gramado Summit, ganharam nova relevância e investimento por parte da entidade.
Atração e retenção de talentos
Para driblar a escassez de mão de obra, o Sistema FIERGS investiu em programas estratégicos que ampliam a qualificação e a inclusão de profissionais no setor produtivo. O programa Indústria de Talentos é formado por ações que se concentram em destacar os benefícios de trabalhar na indústria e facilitar a conexão entre trabalhadores e empresas. Entre essas iniciativas, estão Indústria Acolhedora, SEJA Pro Emprego e Renda, Soldado Cidadão, Cartilha do Jovem Aprendiz e portais Oportunidades na Indústria e Liderança em Inteligência Artificial.
Reconstrução
Os esforços de reconstrução em razão dos prejuízos da enchente de 2024 foram divididos entre a recuperação das indústrias e das comunidades atingidas e a retomada das atividades nas estruturas do Sistema FIERGS, que também foram afetadas pela inundação. O programa Recupera Indústria RS, dedicado à restauração de máquinas de pequeno porte, foi uma das medidas desenvolvidas pelo Senai-RS para apoiar o retorno da capacidade produtiva das empresas. A iniciativa atendeu mais de 100 indústrias, ajudando a preservar 2,5 mil empregos. Já nas reformas realizadas na sede da entidade foram investidos R$ 35 milhões. Nas unidades do interior, especialmente escolas do Senai-RS, foram aplicados cerca de R$ 25 milhões para que pudessem retomar suas atividades.