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Publicada em 11 de Junho de 2024 às 07:00

Atenção no Seguro, por Gerson Anzzulin: O trabalho das seguradoras com as enchentes no RS

Guilherme Bini:

Guilherme Bini: "Seguradoras reforçaram suas equipes para atender os clientes neste momento de tragédia"

SindsegRS/Divulgação/JC
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Levantamento feito pela Confederação Nacional das Seguradoras, entre 28 de abril e 22 de maio de 2024, apontou que a população atingida pelas enchentes no Rio Grande do Sul registrou 23.441 avisos de sinistros, somando R$ 1,673 bilhão em indenizações. Milhares de pessoas perderam residências, veículos, propriedades e empresas foram afetadas. A previsão do mercado é de que as indenizações com a catástrofe climática possam chegar na faixa de R$ 7 bilhões. Este tema será abordado nesta entrevista com o presidente do Sindicato das Seguradoras no Rio Grande do Sul, Guilherme Bini.- Qual a avaliação inicial após as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul no mês de maio?
Levantamento feito pela Confederação Nacional das Seguradoras, entre 28 de abril e 22 de maio de 2024, apontou que a população atingida pelas enchentes no Rio Grande do Sul registrou 23.441 avisos de sinistros, somando R$ 1,673 bilhão em indenizações. Milhares de pessoas perderam residências, veículos, propriedades e empresas foram afetadas. A previsão do mercado é de que as indenizações com a catástrofe climática possam chegar na faixa de R$ 7 bilhões. Este tema será abordado nesta entrevista com o presidente do Sindicato das Seguradoras no Rio Grande do Sul, Guilherme Bini.

- Qual a avaliação inicial após as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul no mês de maio?
Nunca o mercado de seguros passou por uma situação semelhante, com muitos municípios afetados. Desde o início de maio as seguradoras estão fazendo um trabalho muito forte, deslocando equipes de outros Estados para o Rio Grande do Sul, principalmente prestadores de serviços, como guinchos, vistoria prévia e inspeção de imóveis. Também ocorreu a implantação de força-tarefa para agilizar as indenizações. Agora que a água está baixando e as pessoas estão conseguindo voltar para suas casas será possível avaliar a extensão dos prejuízos neste um mês de fortes chuvas. Tem muito a ser feito e o mercado de seguros está bem preparado para este trabalho.
- Como as seguradoras estão tratando a questão dos veículos danificados pelas enchentes? Está ocorrendo a antecipação da indenização após o registro do sinistro?
Este foi um dos pontos tratados pelas seguradoras. O número de avisos de sinistro é expressivo. Até o dia 12 de maio foram 8.216 avisos. Todos os segurados detentores de apólices auto com a cobertura total ou compreensiva estão garantidos. As modalidades RCF (terceiros) e incêndio/roubo não concedem amparo para alagamentos. O Detran foi fortemente atingido pelas chuvas, ficando um bom tempo com o seu sistema de dados fora do ar. Com isto, as seguradoras deliberaram pela criação do termo de adiamento. Mediante a comprovação por fotos que o veículo foi danificado pelas chuvas e a posterior identificação do bem segurado pela placa, concede-se um adiantamento de até 80% do valor do veículo. Em outra etapa, quando for possível, o segurado encaminhará a documentação do veículo para que seja feita a transferência de propriedade e o valor complementar será quitado, concluindo-se assim a liquidação do sinistro.
- O consumidor deve estar atento às cláusulas do seguro residencial? No geral, a cobertura alagamento está prevista ou não?
Não está prevista. Dentro do seguro de ramos elementares, como no caso dos seguros residencial, condomínio e empresarial, a cobertura básica é a de incêndio, que geralmente é o valor do imóvel. Alagamento é uma cobertura adicional, como as de vendaval e danos elétricos, que deve ser contratada pelo consumidor, sendo importante destacar que a mesma não vai até 100% do valor do imóvel. O cliente deve conversar com o seu corretor de seguros para entender se a sua apólice tem esta cobertura ou não. Isto é diferente no seguro habitacional, que está atrelado aos imóveis financiados e garante danos estruturais.
- O senhor acredita numa revisão do produto seguro residencial em função das mudanças climáticas? Os itens enchentes e deslizamentos poderiam ser incluídos dentro da cobertura principal? Isto permitiria manter o custo do produto acessível?
O mercado de seguros vai ter que se adaptar e criar outras e novas possibilidades de contratação. Enquanto tivermos somente a contratação para áreas de risco, poucas pessoas vão contratar e o custo continuará elevado. A partir do momento que você oferece um produto que permite diluir o custo do risco, terá um maior número de contratantes. Ainda estamos no momento de pensar nos clientes, que estão precisando do apoio das seguradoras para tratar das suas indenizações. Num segundo momento o mercado vai pensar nesta revisão.
- Diante do colapso que ocorreu no Rio Grande do Sul, torna-se cada vez mais importante a aprovação da proposta da CNseg de implantação do seguro catástrofe no país?
Essa é uma discussão que será cada vez mais constante e realista. O Brasil, diferente de outros países, não possui um fundo de catástrofe. Com o apoio da CNseg espero que o seguro catástrofe seja implementado no país.
- A tragédia no Rio Grande do Sul vai impactar o custo do produto seguro no país?
Considero que ainda é cedo para tratarmos desse tema. Isto varia de seguradora para seguradora, da realidade de cada uma. Estamos vivendo um evento localizado, sendo que as companhias trabalham em nível nacional e o risco é diluído. Precisamos entender quanto o impacto dessa sinistralidade reflete na carteira de uma seguradora.

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