Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora
Visão Empresarial

Publicada em 05 de Novembro de 2025 às 19:41

O Sul que trabalha: empresas e geração 50+ movem retomada do emprego

Compartilhe:
JC
JC
Elaine Deboni
Elaine Deboni
Em um momento em que o Brasil busca novos caminhos para o crescimento econômico e a inclusão produtiva, é importante lembrar que a base dessa transformação está mais próxima do que imaginamos: nas micro e pequenas empresas que movem as cidades, geram empregos e oferecem oportunidades a quem mais precisa.
Na região Sul, essa força se manifesta de forma exemplar. Segundo dados recentes do Novo Caged, o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná estão entre os estados que mais criam empregos formais no país, com destaque para o setor de serviços e comércio, segmentos dominados por pequenos e médios negócios. Só em Santa Catarina, as microempresas foram responsáveis por mais de 70% do saldo de vagas formais em abril de 2025. No Paraná, as contratações de pessoas com mais de 50 anos cresceram 17% neste ano. E no Rio Grande do Sul, mesmo após um período de desafios severos, o saldo de empregos formais voltou a crescer com vigor.
Esses números contam uma história que vai além da economia: falam de resiliência, inclusão e dignidade. Em cada loja, box ou pequeno escritório há uma família que recomeça, um empreendedor que decidiu acreditar e um trabalhador que encontrou um novo espaço de pertencimento.
Entre esses trabalhadores, cresce o grupo de pessoas com mais de 50 anos. O envelhecimento populacional é um fenômeno global, mas no Brasil ele tem assumido um papel social estratégico. Hoje, mais de 13 milhões de brasileiros nessa faixa etária estão empregados formalmente  e boa parte deles em micro e pequenas empresas. Essa revalorização do profissional maduro traz consigo experiência, comprometimento e equilíbrio emocional: atributos indispensáveis em tempos de instabilidade.
Contratar pessoas com mais de 50 anos é mais do que uma prática de diversidade: é uma decisão inteligente. Esses profissionais contribuem com estabilidade operacional, repassam conhecimento, reduzem a rotatividade e fortalecem os laços humanos dentro das empresas. E quando as MPE oferecem oportunidades a esse público, criam um círculo virtuoso de confiança, consumo e cidadania.
No caso de Porto Alegre, esse movimento ganha um valor simbólico ainda maior. Centros populares organizados, como o Pop Center, que hoje integra o Pacto Global da ONU, mostram que é possível unir sustentabilidade, formalização e impacto social. Ao longo de quase 17 anos, o Pop Center transformou a vida de centenas de famílias que antes estavam nas calçadas, e hoje mantêm negócios regulares, pagando impostos e gerando emprego.
Esse modelo de empreendedorismo inclusivo precisa ser compreendido como uma política pública de desenvolvimento. O poder público e as entidades empresariais devem atuar juntos para criar incentivos que estimulem novos empreendedores a se instalarem em espaços formais, com segurança jurídica e apoio técnico. Linhas de crédito acessíveis, programas de capacitação e redução de burocracias podem fazer uma diferença imensa.
A força econômica das micro e pequenas empresas não está apenas nos números, mas na sua capacidade de gerar pertencimento e reconstruir vidas. Cada empreendedor que prospera representa menos desigualdade e mais esperança.
Valorizar as MPE e os trabalhadores 50+ é reconhecer que a economia de Porto Alegre, e do Brasil, se constrói de baixo para cima, com trabalho, solidariedade e visão de futuro.

Notícias relacionadas