Suzana Vellinho Englert, presidente da Associação Comercial de Porto Alegre
Imagine planejar o crescimento urbano e ambiental de uma cidade como Porto Alegre, que tem uma população de aproximadamente 1,4 milhão de habitantes, conforme o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realizado em 2022. Não é nada fácil.
Quando a questão envolve o bem-estar do cidadão, o sentimento de pertencimento, que a sua vida está conectada com a vida da cidade e do bairro onde mora, o tema se torna mais sensível às tomadas de decisão. Essa complexidade chama-se Plano Diretor.
O tema está em pauta e sendo tratado pelos gestores públicos, iniciativa privada, comunidade, entidades empresariais, agentes políticos, enfim, todos que devem e precisam contribuir para o futuro do território onde vivem, convivem e realizam negócios.
Definir diretrizes para o crescimento da cidade interfere também na atração de visitantes, gerando movimento ao comércio, vitalidade às ruas e prosperidade aos serviços. É criar um ciclo virtuoso, que gera empregos, renda e recursos para vestir Porto Alegre com novas cores, cuidando melhor de quem nela vive.
A metodologia de escuta ativa usada nesta etapa do processo é o desejo de que se pense o espaço público como extensão da nossa casa, que inspire segurança, acolha a diversidade e seja sustentado pelo desenvolvimento econômico.
O trabalho de busca e de ideias para esse Plano Diretor está acontecendo há 7 anos. Neste período, centenas de pessoas foram ouvidas através de oficinas, seminários e reuniões com pessoas dos mais variados segmentos. O plano atual está há 25 anos regendo a cidade, o que representa uma geração. Durante esse tempo, muita coisa mudou. O que está sendo debatido é um plano que se adeque ao novo momento, com uma população predominantemente nova, em que as pessoas migraram do rural para o urbano na procura por melhores oportunidades. Esse Plano Diretor, que está em andamento, precisa contemplar essas mudanças, essas condições, fazendo de Porto Alegre um território que considere tais alterações e integre as novas gerações e seus hábitos de vida.
Todos os processos que têm o diálogo como principal ferramenta de participação conquistam a minha profunda admiração, pois acredito no poder da conversa, da escuta, da atenção, do ponto de vista diferente dos demais. Essa troca enriquece todo e qualquer processo.
Vejo conexões muito fortes entre a metodologia do Plano Diretor e o Associativismo. Ambos se utilizam do diálogo e da escuta ativa para ampliar a participação da sociedade. E, nesse processo, o Associativismo tem um papel central, pois nenhuma cidade se transforma sozinha. São as entidades, as associações e os coletivos de bairro, de classe e de setor produtivo que dão voz às necessidades reais da sociedade e fortalecem a participação cidadã.
É nesse espírito que a Associação Comercial de Porto Alegre reafirma seu compromisso de participar ativamente deste debate, levando as contribuições do setor produtivo, mas, sobretudo, construindo pontes para que o futuro urbano da nossa cidade seja fruto do diálogo e da cooperação.
Como todo plano, este contempla a maioria. Ele não beneficia minoria. É um plano que busca atender as vocações das diversas localidades.