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Visão Empresarial

Publicada em 28 de Maio de 2025 às 19:03

Brasil longe da discussão correta

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Hugo de Oliveira Muller, vice-presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)
Hugo de Oliveira Muller, vice-presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)
No Brasil, o debate político atual pouco se dedica à discussão de ideias, princípios ou modelos de Estado. O que domina o noticiário são os tropeços dos ministérios, a criação de cargos irrelevantes, os gastos públicos sem critério e a interferência desnecessária do governo em áreas que não lhe dizem respeito.
As discussões de escândalos como os descontos indevidos de aposentados no INSS, as medidas paliativas para o controle fiscal, seguidas de trapalhadas do Ministério da Fazenda na divulgação de mais um aumento tributário abusivo, ou os sucessivos excessos do Poder Judiciário, são pautas quase exclusivas no debate público. Deixamos de debater o que de fato é o dever do governo.
O papel do Estado deve ser repensado a partir do essencial: proteger a vida, a liberdade e a propriedade dos cidadãos. A primeira e mais básica função do Estado é garantir a segurança da nação e de seus cidadãos, no entanto o cenário atual é de completa ineficácia.
A criminalidade no País avança enquanto a população se vê desamparada, vítima de uma legislação penal frouxa e de um sistema jurídico que solta criminosos logo após a prisão, enfraquecendo o trabalho das polícias e minando a sensação de justiça. O Estado falha onde deveria ser mais forte e se intromete onde não é necessário.
O foco também deveria estar em políticas públicas sérias e eficazes de educação, que não tratem o tema apenas como ferramenta ideológica ou repositório de interesses corporativos. Uma educação básica de qualidade é condição para qualquer projeto de desenvolvimento sustentável.
Estaremos muito longe de ter um debate produtivo a respeito da educação no País enquanto a preocupação do governo for ter o controle sobre o aparato educacional, o que nem deveria lhe dizer respeito. Ao mesmo tempo, o Estado sufoca a iniciativa privada com excesso de regulações, burocracia e carga tributária. Em vez de criar um ambiente propício ao empreendedorismo, à geração de empregos e à livre concorrência, o governo age como um obstáculo, ocupando espaços que deveriam ser dinamizados pelo setor privado.
O Brasil é um país com potencial imenso em áreas essenciais para o mundo e alinhadas aos interesses da comunidade global. A promoção da segurança alimentar por meio da produção agropecuária e o uso de fontes renováveis de energia, explorando nossos recursos naturais, são apenas alguns exemplos.
Contudo, continuamos presos a discussões superficiais e autossabotagens institucionais, sem avançar na construção dos fundamentos de Estado e de sociedade que nos permitiriam explorar esse potencial e deslanchar como nação. O Brasil é, há muito tempo, o "país do futuro", e, a cada vez que vemos o noticiário, compreendemos por quê. Precisamos dar alguns passos atrás e reconhecer que o debate atual não nos levará a lugar algum.
 

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