Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora
Visão de Mercado
João Satt

João Satt

Publicada em 16 de Julho de 2025 às 00:25

A vantagem da consciência

Compartilhe:
JC
JC
Ao observar a reação das pessoas diante do encerramento de ciclos, do surgimento de novas tendências e da desconstrução de verdades até então inquestionáveis, percebo o quanto ainda somos frágeis ao lidar com o inesperado. Insistimos em querer que o filme da vida mantenha seu final feliz. A falta de consciência da finitude impacta e desconforta a maioria. Ao considerar fatores que vão da política à economia, das relações aparentemente estáveis às guerras, dos valores aos novos padrões culturais e comportamentais, chego às mesmas conclusões:
Ao observar a reação das pessoas diante do encerramento de ciclos, do surgimento de novas tendências e da desconstrução de verdades até então inquestionáveis, percebo o quanto ainda somos frágeis ao lidar com o inesperado. Insistimos em querer que o filme da vida mantenha seu final feliz. A falta de consciência da finitude impacta e desconforta a maioria. Ao considerar fatores que vão da política à economia, das relações aparentemente estáveis às guerras, dos valores aos novos padrões culturais e comportamentais, chego às mesmas conclusões:
Enquanto insistirmos em não aceitar mudanças abruptas, seguiremos com dificuldades para lidar com a realidade.
Toda crise remete a oportunidades inimagináveis - mas nos apegamos à continuidade e tememos os novos cenários.
A velocidade das mudanças nos empurrou para respostas automáticas. Em outras palavras, não tivemos tempo de aprender. Fomos vivendo como deu - tropeçando - e perdendo a noção do contexto maior. Reagimos no piloto automático: no trabalho, nas relações, nos negócios. A consciência é o freio de emergência da alienação. É ela que permite enxergar as engrenagens ocultas que movem os ponteiros da política, da economia e da vida. Sem tempo para interpretar as novas paisagens, vemos apenas vultos. E, assim, desaprendemos a reagir com criatividade e coragem.
Nos esportes, a consciência se manifesta de forma clara. Um jogador que reconhece os padrões de ataque e defesa do adversário joga com leitura estratégica. Ele antecipa, compreende, se reposiciona. Mais que correr, é preciso entender o jogo. A consciência transforma talento bruto em inteligência aplicada. Nas relações, a consciência aparece na aceitação da vulnerabilidade. Não é frieza racional - é coragem emocional. A honestidade que surge disso nos fortalece. É ela que nos tira do personagem e nos reconecta à essência. Expandir a consciência tem sido um exercício diário na minha rotina.
A mesma lógica vale para momentos de inflexão histórica. O recente aumento da taxação americana sobre produtos brasileiros, promovido por Trump, é um exemplo. Quem olha apenas o impacto imediato vê um golpe. Quem tem consciência do tabuleiro maior enxerga uma oportunidade: reposicionar o Brasil como protagonista em novos mercados. Surpresas desestabilizam - mas também abrem janelas. As adversidades, muitas vezes, são responsáveis por novos ciclos de ouro.
A consciência estratégica permite reposicionamento. E com ele surgem alternativas, muitas vezes mais lucrativas e seguras. O fim de um ciclo nunca é vazio - é fértil. A resposta está na agilidade de processar e agir com foco, propósito e lucidez. Tomar consciência não é um evento. É um processo. Um chamado para enxergar com profundidade, sentir com precisão e agir com clareza. Em tempos de mudança, ruído e distração, a consciência é uma vantagem estratégica, emocional e competitiva.
Seja no mercado, no esporte, na política ou na vida, quem expande sua consciência ganha mais que lucidez: ganha liberdade, poder de escolha e a rara capacidade de navegar em ambientes mais saudáveis e promissores.

Notícias relacionadas