Durante décadas, a cadeia de valor vertical foi o alicerce dos modelos de negócios. As empresas buscavam controlar todos os elos do processo - da matéria-prima ao cliente final - em uma estrutura linear, previsível e altamente controlada. Mas o mundo, sem pedir licença, mudou.
De um lado, a régua sobe com novas exigências; de outro, cresce a incapacidade de entrega com excelência. A nova economia - hiperconectada, digital e acelerada - exige respostas rápidas. O dilema está posto na mesa dos CEOs, com um post-it silencioso e ameaçador: ou você corre e entrega, ou para e perde mercado.
Ram Charan sintetiza bem em Repensando a Vantagem Competitiva: "Uma empresa não compete. Seu ecossistema, sim." Concordo plenamente. Em um ambiente repleto de variáveis e interdependências, são poucos os que ainda podem se dar ao luxo de competir sozinhos. O novo diferencial competitivo está na capacidade de integrar, engajar e cocriar com parceiros, fornecedores, especialistas - enfim, com todos os atores capazes de gerar uma experiência única e relevante.
Essa lógica é aprofundada por Sandro Magaldi e José Salibi Neto em A Estratégia do Motor 2. Para eles, a construção de novas receitas e produtos em mercados ainda não explorados depende do Motor 2 - enquanto o Motor 1 mantém o negócio atual respirando. A ambidestria estratégica é justamente isso: inovar e crescer sem negligenciar o presente. E os ecossistemas colaborativos são o caminho mais inteligente para entregar uma proposta de valor ampliada - reunindo diferenciação, velocidade, custo competitivo e talentos complementares.
Disputar em rede é o divisor de águas entre os que sobreviverão e os que ficarão para trás.
Conheça os quatro vetores fundamentais para orquestrar um ecossistema:
1.Humildade para reconhecer que competir em rede é vital;
2.Informação e articulação para definir regras e diretrizes comuns;
3.Inteligência estratégica para identificar os aceleradores da transformação;
4.Criatividade no onboarding do time e na comunicação com o mercado.
O novo capital - formado pela soma das competências conectadas - desafia o pensamento linear, rompe padrões e expande horizontes. Em vez de perguntar "o que mais posso vender?", questione: "que outras dores esse ecossistema pode resolver?".
Não subestime o poder das conexões. Vencerá quem souber orquestrar múltiplos agentes, gerar valor coletivo e inovar por recombinação lateral. A lógica mudou: mais do que dominar a cadeia, é preciso orquestrar a rede.