João Satt, estrategista e CEO do G5
A dificuldade para inovar no varejo - alimentar e de materiais de construção - vem tirando o sono de boa parte dos empresários e executivos. O motivo é claro: inovações incrementais já não impactam os consumidores.
Atacarejos não serão substitutos dos supermercados, tampouco das lojas convencionais de matcon. Fica a pergunta: qual será o futuro para esses espaços? Sabe-se que acionistas não mantêm CEOs que não entregam resultados crescentes e consistentes. É preciso ir muito além. Não se faz nada que mude a realidade de um negócio sem quebrar alguns ovos e preconceitos no caminho.
Comece projetando modelos combinados, onde 1 1 seja igual a 3, através de propostas de valor disruptivas que promovam elevados níveis de satisfação.
Algumas dicas importantes:
1. Visualize o que será entregue, independentemente das dificuldades para construir esse novo modelo de negócios.
2. Identifique pessoas com conhecimento profundo, estudiosas, determinadas a transformar problemas em soluções encantadoras.
3. Forme um grupo de trabalho misturando profissionais da casa e externos. O ponto comum é o destemor e a aderência àquilo que você visualizou.
4. Implemente com rapidez o MVP (produto mínimo viável), ajustando a operação ao conceito pretendido até reduzir ao máximo os atritos na jornada do cliente.
Guarde as premissas que validam o nível de acerto do novo modelo: velocidade de adesão (democratização); vender muito (volume); vender rápido (sell out agressivo); vender valor (economizar preço baixo).
Simplificando, estamos tratando de um novo endereço phygital que oportuniza, simultaneamente: benefícios da conveniência somados às vantagens do custo baixo.
O poder dos modelos combinados está em entender que o consumidor não separa mais canais e categorias. Ele quer a melhor solução, agora. Portanto, não se trata apenas de abrir uma nova loja bem localizada, ou reduzir preço. Trata-se de redesenhar o papel que o negócio terá na vida das pessoas. As marcas vencedoras serão as que souberem quebrar silos, redesenhar as lógicas setoriais, trazendo oportunidades de integração da cadeia de fornecedores junto aos consumidores finais. Ao se consolidar enquanto marketplace físico, além do digital, o seu novo canal trará uma geração adicional de receita muito mais robusta que o retail media. O ponto de partida é entender o seu negócio como ponto de solução ao cotidiano das pessoas, o que exige ser flexível.
A regra é simples: imagine um lugar que viabilize a urgência da lâmpada que o consumidor A precisa; o revestimento cerâmico recomendado pelo arquiteto; as lindas panelas dos seus sonhos, sem deixar de atender a entrega do cimento que o pedreiro solicitou no horário combinado. Modelos de negócios nada mais são do que respostas, em tempo real, às necessidades dos diferentes stakeholders. Conveniência com custo acessível exige logística afinada, curadoria inteligente e sensibilidade para o contexto social e econômico atual. Quem compreender a força dos modelos combinados, além da sobrevivência, encontrará o fluxo da riqueza.