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João Satt

João Satt

Publicada em 20 de Dezembro de 2023 às 20:14

Perdoe e Agradeça

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João Satt
Se permita um presente nesta virada de ano: carregar menos peso em 2024. Apague os arquivos dos desafetos, das rejeições, mágoas e decepções. Perdoe. Eu sei o quanto isso é difícil para o nosso ego, mas é necessário enfrentar o maior dos inimigos: nossa vaidade. A humildade é libertadora, a chave para encontrarmos mais momentos de leveza.
Se permita um presente nesta virada de ano: carregar menos peso em 2024. Apague os arquivos dos desafetos, das rejeições, mágoas e decepções. Perdoe. Eu sei o quanto isso é difícil para o nosso ego, mas é necessário enfrentar o maior dos inimigos: nossa vaidade. A humildade é libertadora, a chave para encontrarmos mais momentos de leveza.
As três únicas certezas: 1. tudo tem prazo nessa vida — relações, empregos, sucesso, enfim, a própria vida; 2. o tempo voa; 3. a impermanência é a única constante. O que vale é viver a caminhada, rindo mais e se preocupando menos.
Outro dia recebi de um amigo um vídeo em que era contada a estória do encontro entre um samurai e um monge. Imagine um samurai raivoso, estúpido, arrogante, e um monge muito sensível, frágil, humano. O samurai insistia em saber do monge a diferença entre o céu e o inferno. O monge, sem qualquer medo, responde com firmeza que, antes de qualquer coisa, o samurai deveria cuidar mais de si e da sua espada. O samurai, possuído por ódio, começou a tirar sua espada da bainha, enquanto o monge apenas murmurou "inferno". Tomado por uma forte emoção, o samurai não conseguiu conter suas lágrimas; emocionado, vagorosamente foi recolhendo sua espada. O monge, ao perceber a transformação do samurai, murmurou: "céu".
Moral da história: raiva, pânico, medo do amanhã, tudo isso está dentro de nós. Mas insistimos em buscar nos outros a paz, a felicidade e a coragem. A espada simboliza a agressão com que respondemos ao mundo sobre as nossas próprias limitações.
Não tem como achar o "céu" se você não perdoar a si mesmo, por não ser perfeito, e aos outros por não serem e atuarem de acordo com o que você espera. Afinal, se há uma coisa que sabemos construir, são expectativas mega elevadas em relação a nós mesmos e a quem nos cerca. Perdoe, comece perdoando a si, e siga nessa direção perdoando a tudo, e a todos.
E agradeça, por tudo que aconteceu. Nada é por acaso, o não muitas vezes é proteção. Não acontecer alguma coisa que você tanto espera é um bom sinal. Esquecemos, ao definir planejamentos, projetos e sonhos para o próximo ano, que tudo isso representa um grão de areia numa imensa praia. Não temos como controlar o incontrolável. Não alimente os seus fantasmas. Reze ao seu Deus, ou simplesmente pratique a meditação; seja lá qual for o caminho, o importante é que chegue ao seu coração. Acalme-se, tem tempo para tudo. Nada é tão urgente e importante. A inconstância da vida é como um grande carrossel, quando você menos espera está lá embaixo, ou lá em cima. Por isso, agradeça a todos que fazem parte da bonita história da sua própria vida. Sim, valorize o que fez. Não se compare aos demais, todos a seu tempo estarão em diferentes posições no carrossel. A única certeza é que temos prazo. Para viver e morrer. Então festeje, celebre, abrace, seja gentil.
A hora de perdoar e zerar é justamente agora. Se o vento aumentar, pode ter certeza que encontrou as velas do seu barco nesse enorme oceano da vida. Se o vento acalmar, é porque é chegada a hora de relaxar. Aproveite, e em silêncio: perdoe e agradeça.
 

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