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Visão de Mercado

- Publicada em 25 de Outubro de 2023 às 21:16

Sucessão: risco ou oportunidade

Esse é um tema espinhoso e dolorido, como toda mudança traz uma boa dose de incertezas e apreensão por parte de todos os stakeholders.
Esse é um tema espinhoso e dolorido, como toda mudança traz uma boa dose de incertezas e apreensão por parte de todos os stakeholders.
Estamos tratando de três questões:
• Fim de ciclo — aceitar a finitude dói. Ninguém gosta da ideia de que está na hora de desacelerar, ainda mais para quem a vida e o trabalho se fundem, despertando uma fonte inesgotável de prazer.
• Amor — quem é o mais amado dos filhos? A sucessão nem sempre é uma decisão meramente racional, passa por afinidades. E quando o mais velho não é o mais preparado? Os pais conhecem como ninguém os filhos que têm, sabem de suas virtudes, defeitos e potenciais. Mas existem outras questões em jogo, em muitos casos a indicação à sucessão se apresenta como medida de compensação do amor não entregue ao longo da vida. Filhos incompreendidos, revoltados, acabam sendo credores do amor esquecido.
• Vácuo — a ausência do líder inspirador é sempre sentida. As empresas são a extensão, imagem e valores do seu fundador, faz parte do DNA. Quando um novo leão assume, leva um tempo para que todos se habituem ao seu rugido.
O compromisso do sucessor é ir além, na última linha, se espera dele um novo período de crescimento: sucesso. Ao não cumprir a expectativa, será considerado um looser, passando a ser tramada sua substituição. A lei dos homens é a da selva, o leão fraco deve ser abatido, sendo substituído no comando pelo mais forte. Quando a pressão aumenta exponencialmente, nossos gatilhos emocionais ficam aflorados. Fazendo o sucessor, em alguns momentos, agir de forma inexplicável em relação ao seu padrão atitudinal. O que reforça a comparação com o líder anterior.
Uma das obras de ficção mais fascinantes que já li foi Fundação, de Isaac Asimov, que descreve a história de Hari Seldon, um psico-historiador, o que seria um misto de sociólogo e matemático. Ao aplicar fórmulas matemáticas a acontecimentos de seu presente, ele conseguia projetar e calcular acontecimentos futuros e, assim, permitir ou tentar evitar que viessem a se confirmar. Tudo isso funcionava em grande escala, o único ponto vulnerável era conseguir prever o comportamento do indivíduo. O previsível sempre é mais fácil de lidar. A questão é quando surge o inesperado, aí que a coisa pega para valer. Por mais que se desenhe o futuro, nunca será aquilo que imaginamos. E se for, será apenas por um tempo. Crescimento exponencial é a ordem. A pergunta que fica é simples: precisa ser tão disruptivo? Seremos mais felizes e rentáveis sendo maiores? O poder simboliza algo muito além que apenas dinheiro e mando, representa assumir o arquétipo do "sábio". Ser referência de sucesso para o mercado e para a sociedade instiga muitas vezes a um padrão elevado de risco. Isso justifica qualquer ato, atitude, enfim, é algo que está acima de qualquer julgamento.
Lembre-se de respirar, afinal você não precisa, tampouco será aprovado todo o tempo. Não tem como não errar, em algum momento todos erraremos e seremos decepcionados. A oportunidade começa ao mitigar os riscos, sem perder a curiosidade em oferecer o novo. A sucessão pode ser o início do fim, ou o começo de um novo ciclo virtuoso.