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Visão de Mercado

- Publicada em 17 de Agosto de 2022 às 21:37

A conquista do Centro

João Satt
A política e a pirâmide de consumo guardam uma certa simetria. A grande pizza do eleitorado brasileiro, grosseiramente, pode ser dividida em três grandes nacos - 30% direita, 30% esquerda e 40% centro. Aí você já começa a compreender por que os votos do centro decidirão quem será o próximo presidente do nosso país. O vencedor não será o que fala mais alto, muito menos o que espalha terror, mas sim aquele que conseguir traduzir um significado de paz e esperança.
A política e a pirâmide de consumo guardam uma certa simetria. A grande pizza do eleitorado brasileiro, grosseiramente, pode ser dividida em três grandes nacos - 30% direita, 30% esquerda e 40% centro. Aí você já começa a compreender por que os votos do centro decidirão quem será o próximo presidente do nosso país. O vencedor não será o que fala mais alto, muito menos o que espalha terror, mas sim aquele que conseguir traduzir um significado de paz e esperança.
Em 1987, tive a oportunidade de conhecer um dos mais interessantes e profundos estudos sobre quem está no centro da pirâmide de consumo: a classe média. Com um nome significativo, "Brasileiros e Brasileiros", trazia conclusões que até hoje se mostram importantes e verdadeiras.
1. As classes alta e baixa são estáveis: os muito ricos não se abalam porque podem tudo, apesar das circunstâncias; os muito pobres tampouco, porque estão habituados a viver com o que têm.
2. Já a classe média é aspiracional e pendular, sofre por não conseguir se autossustentar. Tem uma vida tobogã, com momentos de montanha-russa radical.
3. Situação econômica do País estando ok, a classe média se sente confiante. Eufórica, vai às compras com tudo: filhos, destino Disney, viagens românticas para a Europa, troca de carro é desejo atendido, assim como a busca por uma casa melhor (cidade ou praia), isso sem falar no corre-corre das roupas e joias da moda.
O radar da classe média já dá sinais de uma possível tempestade. Isso reforça a necessidade de refrear o desejo de consumir, uma vez que a incerteza em relação ao futuro deixa tudo nebuloso. Discursos e posts nas redes sociais, tanto da esquerda quanto da direita, pintam o fim do mundo. A indústria das fake news acabou por desacreditar tudo e a todos. A classe média não sabe em quem, nem no que acreditar. Isso liga o estado de alerta.
Navegar sem saber onde se está torna difícil imaginar onde se pode chegar. O mais triste é que, se o presente é duro, pela falta de uma remuneração que pague as contas, o que vem pela frente poderá ser ainda pior pela ausência do "novo" conhecimento.
Neste exato instante a classe média começa a puxar o freio de mão: paga os carnês e reduz o consumo ao essencial. Esse ciclo leva normalmente de 120 a 150 dias, a partir daí, gradualmente, as famílias voltam às compras, agora vestidas de "consumidoras oportunistas". Esse é o melhor caminho para os consumidores.
Agora, vem comigo e me conta: queimar estoques é o melhor para a sua empresa?
As mais brilhantes estratégias nascem da dor, quando marcas de consumo têm oportunidade de ganhar notoriedade e tração. A narrativa que produz identificação é decisiva. Poucos estrategistas sabem decifrar o "código Morse" da crise. O bom estrategista fixa sua busca em enxergar oportunidades pelo viés da geração de valor, composto por aquilo que é reconhecido pela classe média: produtos atuais, marcas desejo e acessibilidade.
O pêndulo da vida só para quando encontra seu equilíbrio, enfim, o seu centro: seu ponto de chegada. Conquistar o centro é o que vai distinguir CEOs, governantes e estrategistas.
 
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