A atual Casa de Cultura Mario Quintana é um prédio de oito andares, seis dos quais são utilizados para atividades culturais. Originalmente, foi o Hotel Majestic, iniciativa de Horácio de Carvalho que, em 1913, encaminhou solicitação à Prefeitura Municipal, para a construção do hotel. Entre 1916 e 1933, as obras de construção do prédio foram desenvolvidas a partir do projeto do arquiteto alemão Theodor Alexander Josef Wiederspahn (autor, dentre outros tantos projetos, do prédio da antiga empresa Tumelero, defronte ao complexo da estação rodoviária da capital), que aqui se estabeleceu em 1908.
O hotel teve seu maior desenvolvimento entre os anos 1940 e 1950, pois nele se instalavam políticos, artistas e empresários. Depois, a cidade foi se modernizando, o eixo de suas atividades se modificou e o hotel perdeu em parte sua referencialidade.
Entre 1968 e 1980 ali residiu o poeta Mário Quintana, o que levou o Governo do Estado do Rio Grande do Sul em ter interesse na aquisição do prédio e sua transformação em equipamento cultural. Para tanto, em julho de 1980, o Banrisul adquiriu o imóvel, comprado, em 29 de dezembro de 1982, pelo Governo do Estado. Por lei de 1983, o prédio foi considerado como patrimônio histórico e assim tombado. Pela lei 7803, de 8 de julho de 1987, a instituição, já então definida enquanto equipamento cultural, recebeu o nome de Casa de Cultura Mario Quintana, por iniciativa do então Secretário de Estado da Cultura, Carlos Jorge Appel. A ironia da história é que, por força das obras que deveriam o correr, Mario acabou sendo expulso da casa. Quem o salvou foi o jogador colorado Falcão, então proprietário do Hotel Royal, na descida da rua Marechal Floriano, em direção à José do Patrocínio.
A Casa de Cultura Mario Quintana, projeto do arquiteto Flávio Kiefer, abriga hoje dezenas de instituições centralizadas pela Secretaria de Estado da Cultura, a SEDAC, com destaque ao Teatro Bruno Kiefer e ao Teatro Carlos Carvalho.
O Teatro Carlos Carvalho está localizado no segundo piso da construção. É um teatro de câmara, experimental, com 60 a 70 lugares disponíveis: sua vantagem é que possui arquibancadas móveis, que podem ser organizadas segundo o interesse da produção do espetáculo. Já o Teatro Bruno Kiefer, atualmente fechado para recuperação, e com atraso em suas obras, é um espaço de cerca de 200 poltronas, localizado no sexto piso do prédio. Sua desvantagem é que as saídas laterais do palco são reduzidas, de modo que prejudica bastante os espetáculos. Mas isso não tem impedido de ali ocorrerem montagens inesquecíveis.
Por suas dimensões relativamente pequenas, ambas as salas atendem basicamente a produções locais. O Bruno Kiefer já criou tradição quanto a produções de vanguarda, enquanto o Carlos Carvalho trabalha especialmente com espetáculos experimentais. Ambas as salas mantém temporadas semestrais, as quais podem, inclusive, ser consultadas nos respectivos sites dos teatros.
Com as enchentes do ano passado, a Casa de Cultura Mário Quintana foi fortemente atingida, sendo totalmente perdidas suas salas de cinema (inclusive os aparelhos de projeção cinematográfica). Hoje, estes equipamentos já foram substituídos, o teatro Carlos Carvalho voltou a funcionar, assim como outras instituições, e agora é a vez do Teatro Brno Kiefer ter suas obras concluídas, infelizmente, com algum atraso, o que tem prejudicado, inclusive, as agendas já organizadas de grupos teatrais e de outras instituições variadas.
Dirigida basicamente para um público local e de menor poder aquisito – boa parte de sua programação é gratuita ou é acessada mediante ingressos bastante baratos, a Casa de Cultura Mario Quintana é um centro cultural altamente importante, dando ênfase, inclusive, em sua programação, à música popular e aos grupos locais. Com pequenos restaurantes, uma biblioteca – que na enchente foi inteiramente perdida, mas cujos proprietários já retornaram às atividades, o que é admirável – a Casa de Cultura é verdadeiramente um centro cultural. Chegar, assim, aos 35 anos de existência, é um fato a ser comemorado. Com o MARGS, e Memoria do Rio Grande do Sul, o Museu Julio de Castilhos (atualmente também fechado para ref0ormas), a Fundação Theatro São Pedro e a Biblioteca Pública do Estado – estes últimos espaços, felizmente localizados nos altos das colinas da cidade – a Casa de Cultura integra um roteiro riquíssimo de visitas e de atividades variadas para o morador da cidade ou para o visitante. Sobretudo porque, ao contrário do que absurdamente ocorria ainda em passado recente, todas estas instituições funcionam plenamente aos fins de semana, garantindo lazer e entretenimento a toda a população.