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Teatro

- Publicada em 26 de Outubro de 2023 às 17:35

Os lugares que relembram William Shakespeare

Para além do The Globe, em Londres, a geografia shakespeareana nos obriga a visitar Stratford upon Avon, distante cerca de meia hora de automóvel da capital inglesa. A aldeia histórica foi resguardada em seus principais aspectos, a começar, é claro, pela casa de William Shakespeare, hoje mantida através de uma fundação de caráter público.
Para além do The Globe, em Londres, a geografia shakespeareana nos obriga a visitar Stratford upon Avon, distante cerca de meia hora de automóvel da capital inglesa. A aldeia histórica foi resguardada em seus principais aspectos, a começar, é claro, pela casa de William Shakespeare, hoje mantida através de uma fundação de caráter público.
Ao prédio de nascimento de Shakespeare, que pode ser visitado mediante ingressos adquiridos previamente ou na hora, dependendo da temporada (se é que se pode falar em "temporada", no caso desta visita), soma-se uma outra casa, distante pouco mais de cem metros, na esquina da mesma quadra, residência esta ocupada pela família de William Shakespeare depois de seu casamento e onde veio a falecer quando regressou à cidade natal, depois da queima do The Globe.
O prédio de nascimento, mais atraente, tem dois pisos e uma água-furtada. A casa que se visita hoje em dia é aquela de 1574, quando estava cheia de crianças, inclusive o pequeno William. A visita guiada nos leva pela porta da frente, que dá entrada a um espaço de sala de recepção, caso se queira, a que se seguem a sala de trabalho e os quartos de dormir. Podemos ver a cama em que William teria nascido, incluindo um bercinho que depois ficava aos pés do leito, e onde ele era depositado, durante a noite. Uma bacia com jarra, para a higiene, e um bidê completam o mobiliário. A cama tem armação e cobertura para serem colocados os necessários reposteiros.
William deve ter nascido no dia 23 de abril de 1564, mas só foi batizado três dias depois, como era comum à época. A mortandade infantil era grande: só uma criança a cada três chegava à adolescência!
Ainda no andar térreo, encontrava-se a área de serviços; o pai de William era fabricante e comerciante de luvas. No mesmo piso, encontrava-se a sala de refeições: na visita atual, encontramo-la como servida, com os frangos, queijos, saladas, garrafas com vinho, pratos (de latão) etc. Seria bom se pudéssemos parar e desfrutar de uma refeição como a que então se fazia. No caso dos Shakespeare, se não havia riqueza, era bastante farta a mesa oferecida.
No primeiro piso, a que se chega por uma larga escadaria, temos mais quartos de dormir e os espaços destinados à guarda de roupas e calçados. Das janelas, projetadas sobre a rua, pode-se ver a paisagem de então, e que não variou muito, pois a política governamental mantém os principais aspectos daquele espaço, interditado, inclusive, aos automóveis. Neste piso também encontramos uma sala que seria ocupada pelo dramaturgo para escrever e ler. Uma mesa, com alguns infólios, um depósito de tinta e uma pena ali estão em destaque. Lareiras em todas as dependências, janelas amplas, que permitiam boa iluminação e arejamento, certamente garantiam uma qualidade de vida superior à da maioria das famílias da época.
A casa de nascimento de Shakespeare recebeu visitas ilustres como a do escritor Charles Dickens, em 1838; do mesmo modo, foi o grande ator David Garrick quem, em 1769, realizou o que se tornaria o primeiro festival de obras dramáticas de William Shakespeare a ocorrer na cidade.
Não muito distante dali, a cerca de outra hora inteira, mas em direção diversa, partindo de Londres, encontramos o Castelo de Kenilworth. O que ele tem a ver com Shakespere? Diretamente, nada. Este castelo, de quem hoje só restam ruínas, foi construído por volta do ano 1120, por Geoffrey de Clinton. Propriedade sucessiva de nobres e até de reis, como o Rei João, no século XIII e o rei Henrique V, que foram ampliando os prédios, foi doado por Elisabeth a seu favorito e conselheiro, Robert Dudley, Earl de Leicester, em 1563. Elisabeth visitou a construção em 1575 e, por isso, uma vasta área foi especialmente reconstruída e decorada para recebê-la. Este conjunto de ruínas é considerado como dos documentos mais importantes da história britânica. Elisabeth e Robert cresceram juntos, desde crianças. Uma bela história de amor poderia ter aí surgido. Mas Dudley fora prometido e casara com outra. Mais tarde, viúvo, tentou convencer Elisabeth a desposá-lo, mas embora ela sempre o tenha mantido a seus pés, ela jamais aceitou esta alternativa. Um belo enredo para uma peça de William Shakespeare...