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Teatro

- Publicada em 10 de Agosto de 2023 às 17:35

A tradição que anima o Circo Mirage

O espetáculo, em duas partes, tem cerca de 1h45min de duração

O espetáculo, em duas partes, tem cerca de 1h45min de duração


TÂNIA MEINERZ/JC
A origem do circo estaria na China, a partir de um jogo denominado "batalha de Chi-chu", referência a um antigo chefe de clã contra o qual a população se rebelou. Em torno de 202 a 206 a.C., o imperador Wu, da dinastia Han, teria transformado a brincadeira no que então se chamou de "conjunto dos cem espetáculos", que daria origem, na atualidade, ao Grande Circo da China.
A origem do circo estaria na China, a partir de um jogo denominado "batalha de Chi-chu", referência a um antigo chefe de clã contra o qual a população se rebelou. Em torno de 202 a 206 a.C., o imperador Wu, da dinastia Han, teria transformado a brincadeira no que então se chamou de "conjunto dos cem espetáculos", que daria origem, na atualidade, ao Grande Circo da China.
No Ocidente, tem-se Roma como a civilização criadora dos espetáculos circenses. Nas ruínas de Pompéia já foi encontrado um prédio, tendo como data aproximada o ano de 70 a.C., mas, de fato, foi o imperador Julio César quem mandou construir um local seguro, do ponto de vista dos espectadores e dos artistas, o Coliseu, de Roma, no ano 40 a. C., no formato de anfiteatro, que abrigava até 87 mil espectadores, para tais divertimentos.
A combinação daquele "conjunto de cem espetáculos", do ponto de vista da atração, com o formato de anfiteatro, no que se refere ao espaço em que o espetáculo ocorreria, gerou o atual conceito de espetáculo circense que conhecemos.
Mas talvez se deva mencionar, ainda, os grupos mambembes medievais de espetáculos de teatro, que perambulavam de cidade em cidade, numa carreta em que dormiam e viviam, durante as viagens, mas que se transformava em palco quando, chegado a uma cidade, ali estacionavam para realizarem seus espetáculos.
Por fim, não esqueçamos que foi Philip Astley, um militar inglês, quem, entre 1768 e 1770, já retirado do exército, resolveu desenvolver espetáculos de amestramento de cavalos (ele fora cavalariano), atraindo multidões para o seu trabalho. Assim, misturou-se a tradição do jogo, no sentido da disputa entre atores, com a apresentação de animais amestrados, já que, depois dos cavalos, surgiram inúmeros outros animais a atraírem a atenção do sempre curioso "respeitável público".
O termo circus, do latim, significa, fundamentalmente, "lugar de competições" e assim, de fato, nasceu o circo, lá na velha China, como indicamos na primeira referência deste artigo. Mas a competição "de mentirinha" encanta ao espectador que acorre à performance, e isso vale da criança até o adulto. Eis porque, mais recentemente, quando o Brasil - seguindo outros países - proibiu a apresentação de animais neste tipo de espetáculo, de certo modo a nova legislação restritiva acabou ajudando a que o circo essencial se reaproximasse de suas origens. É o caso do Mirage Circus, do ator Marcos Frota, que se encontra em Porto Alegre.
São mais de 800 toneladas de equipamento, numa área construída de 40 mil metros quadrados, compreendendo o tradicional picadeiro, a plateia, as retro áreas onde os artistas se preparam para a entrada em cena, mais o espaço de estacionamento de 20 caminhões, 40 carretas e não sei quantas dezenas de trailers que devem garantir um mínimo de conforto às mais de duzentas pessoas, entre artistas e técnicos, que integram as atividades do grupo.
O espetáculo, em duas partes, tem cerca de 1h45min de duração. Cada ato está marcado por aquela que é sempre a atração superior de um grupo circense, os trapezistas e os motociclistas do "globo da morte". Marcos Frota, aos 66 anos, lembra que foi seu papel de trapezista Rick, na telenovela Cambalacho, de 1986, que lhe revelou a magia circense da qual nunca mais se distanciou. Sempre que pode, Frota vem a Porto Alegre, onde o circo se encontra atualmente, já tendo sido assistido por mais de 250 mil pessoas. E ao vir para Porto Alegre, ele não se exime de aparecer no picadeiro, fazendo rápida intervenção ao final da primeira parte do espetáculo: "o circo é a arte do gesto", afirma, com convicção. Em geral, ele faz pequena oração de agradecimento e desenvolve oportuna digressão sobre sua paixão por esta arte que se desdobra em múltiplas artes, como o já mencionado trapezista, o ilusionista, o malabarista, o palhaço - neste caso, Fernando Fernandes, que vive Potato, sobre o qual falaremos adiante. Ao final, Frota beija o chão do picadeiro, em respeito a sua arte. Intervenção que, de fato, resume e evidencia sua paixão.
Na coluna da semana vindoura, vamos comentar o espetáculo em si e o quanto o Mirage sintetiza a tradição e propõe uma modernidade.
 
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