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Coluna

- Publicada em 10 de Outubro de 2014 às 00:00

Novo grupo com dicção nova


Jornal do Comércio
Alguns jornais, inclusive um aqui de Porto Alegre, na busca da chamada interatividade com seus leitores, apresentam uma série de alternativas para que o leitor se aproxime da publicação e se expresse nela, com a aparente máxima liberdade possível. Um dos espaços que se multiplicam nestes jornais, em geral, chama-se No que você está pensando? É exatamente assim que uma peça teatral, de Tainah Dadda e Tahís Fernandes, se intitula. Produção do novo grupo Cena Expandida, o espetáculo teve uma curta temporada de pré-estreia, num espaço alternativo, que é o Teatro do Centro Cultural da Santa Casa, na avenida Independência. Se o espaço é relativamente difícil de se achar, é de excelente qualidade quanto a poltronas e ambiente acolhedor, com sonoridade perfeita e dimensões ideais para uma proximidade com o que se desenvolva em cena. Não havia, ainda, visitado este espaço e dele saí com a melhor impressão possível.
Alguns jornais, inclusive um aqui de Porto Alegre, na busca da chamada interatividade com seus leitores, apresentam uma série de alternativas para que o leitor se aproxime da publicação e se expresse nela, com a aparente máxima liberdade possível. Um dos espaços que se multiplicam nestes jornais, em geral, chama-se No que você está pensando? É exatamente assim que uma peça teatral, de Tainah Dadda e Tahís Fernandes, se intitula. Produção do novo grupo Cena Expandida, o espetáculo teve uma curta temporada de pré-estreia, num espaço alternativo, que é o Teatro do Centro Cultural da Santa Casa, na avenida Independência. Se o espaço é relativamente difícil de se achar, é de excelente qualidade quanto a poltronas e ambiente acolhedor, com sonoridade perfeita e dimensões ideais para uma proximidade com o que se desenvolva em cena. Não havia, ainda, visitado este espaço e dele saí com a melhor impressão possível.
O grupo revela, no programa do espetáculo, que o texto seria livremente inspirado na peça As cadeiras, de Eugène Ionesco, dramaturgo romeno, de expressão francesa, ícone do chamado teatro do absurdo, sobretudo entre os anos 1950 e 1970. Confesso que não senti qualquer traço desta influência, mas isso em nada diminui a importância e o significado do texto e do espetáculo. Na verdade, para mim, até aumenta seu valor, porque entendo que o texto seja extremamente criativo, na medida em que, embora no formato tradicional do diálogo, assume um aspecto mais imediato de mensagens enviadas por Whatsapp, justamente uma expressão verbal inglesa, que pode ser livremente traduzida como “e daí [o que está acontecendo]”?, o mesmo que aparece no título da montagem. Pois é esta sintaxe que a peça assume: os dois jovens personagens trocam mensagens (falas dialogadas) constantes, em ritmo extremamente frenético, tal como ocorreria na prática das mensagens de internet, a respeito de uma relação que se encontra em crise. Ou seja, no fundo, pode-se dizer que se trata de um texto que abrange um relacionamento juvenil em crise. O que surge como novidade, e por isso curiosidade, para o espectador, é justamente esta formalização do texto e, de outro lado, a própria encenação, assinada pelas mesmas Tainah Dadda e Thais Fernandes, para interpretações emocionadas de Douglas Dias e Juliana Kersting.
O espetáculo teatral se vale de linguagens variadas, mas linguagens que se colocam a serviço de uma perspectiva eminentemente teatral. Assim, projetam-se alguns vídeos sobre tela colocada ao fundo da cena (vídeos de Thais Fernandes), ao mesmo tempo em que ambos os atores como que se digladiam numa luta de boxe, na extensão da cena, mas tendo sempre, entre eles, uma grande tela que é movida em rodinhas e que pode ser assumida como uma metáfora da tela do computador, do smartphone ou de qualquer outro aparelho semelhante.
Também a trilha sonora original, de Luciano Mello, é igualmente bem ritmada e forte, marcando claramente o desenvolvimento de todo o espetáculo. A iluminação de Bathista Freire ajuda a marcação das passagens de cena e a produção do espetáculo, como um todo, coloca-se como um bom trabalho de estréia deste novo grupo que, em breve, voltará à ribalta para cumprir uma temporada regular, em outra sala da cidade.
É importante registrar-se que, embora grupo novo, formado por artistas ainda pouco conhecidos, o espetáculo ganhou financiamento da Funarte, o que certamente deu tranquilidade ao conjunto para a concretização de suas ideias. Aliás, este é um bom exemplo do quanto um financiamento público pode ser altamente positivo para a revelação e/ou afirmação de novos artistas e de novas estéticas. Agora, é esperar que a experiência prática de contato com o público, as opiniões e as reflexões inevitáveis que esta primeira temporada propiciará ajudem no amadurecimento do grupo e em sua evolução. De minha parte, fica um voto de confiança.
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