O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues (à esq. na foto), abriu sua participação na CPI do Crime Organizado com um alerta: sem mais estrutura, o Estado continuará atrás das facções. Pediu um aumento de 38% no orçamento da PF, de R$ 1,8 bilhão para R$ 2,5 bilhões, e defendeu dobrar o efetivo atual de 13 mil policiais. Segundo ele, a demanda por investigações, fiscalização de fronteiras, imigração, controle de armas e emissão de passaportes cresce em ritmo muito superior à capacidade operacional da instituição.
Integração policial
Rodrigues reforçou a importância das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco), estruturas que unem PF e polícias estaduais. Para ele, a integração é o único caminho para quebrar as redes criminosas que operam nacional e internacionalmente. Também citou que a PEC da Segurança pode consolidar um modelo mais robusto de cooperação entre forças federais e estaduais.
Avanço das facções no mundo digital
Rodrigues também alertou para a profissionalização das facções na economia digital, que utilizam fintechs, criptomoedas e plataformas virtuais para lavar dinheiro. Ele resumiu: “O Estado ainda é analógico, o crime já é digital”.
Descapitalização é a arma mais eficaz
A PF considera a descapitalização, atacar o dinheiro e o patrimônio das facções, o eixo mais eficiente do enfrentamento. O volume apreendido saltou de R$ 1 bilhão (2022) para R$ 6,4 bilhões (2024), com expectativa de alcançar R$ 9 bilhões em 2025. Entre os bens confiscados estão imóveis, veículos, aeronaves e recursos líquidos.
Mourão rebate afirmações
O vice-presidente da CPI, o senador gaúcho Hamilton Mourão (Republicanos, à dir. na foto), avaliou o depoimento como apenas o início de um trabalho extenso, e discordou da fala do diretor-geral sobre o suposto “bom controle das fronteiras”. Para Mourão, “se esse controle fosse realmente eficiente, o número de ilícitos transnacionais seria muito menor”.
Operação Contenção
Mourão afirmou à coluna Repórter Brasília que a comissão buscou esclarecer a atuação da PF na Operação Contenção, realizada no Rio de Janeiro. Segundo ele, “o delegado confirmou que a PF tinha conhecimento prévio da ação, mas optou por não apoiar nem participar”.