O senador gaúcho Hamilton Mourão (Republicanos), vice-presidente da recém-instalada CPI do Crime Organizado, afirma que a comissão nasce com um objetivo definido: “Ela tem foco, não é daquelas CPIs confusas. Queremos entender por que o Estado perdeu a capacidade de controlar certos territórios e apontar caminhos concretos”. Mourão destaca a liderança técnica do relator Alessandro Vieira (MDB-SE) e reconhece o papel do presidente Fabiano Contarato (PT-ES), ainda que o critique por “simpatia pelo lado bandido das coisas, lamentavelmente”.
O dilema da lei e o conceito de terrorismo
Para Mourão, “classificar facções criminosas como organizações terroristas é um tema delicado; elas exercem ações de terror, mas essa definição pode gerar penalidades internacionais e prejudicar a economia do país”. O senador explica que o objetivo das facções é manter o controle territorial, e defende um debate técnico sobre o enquadramento legal.
Exército nas fronteiras
Mourão relembra que desde 2004 o Exército tem Poder de Polícia na faixa de fronteira, mas critica a falta de planejamento permanente. “Precisamos de um plano integrado e contínuo, com monitoramento diuturno”.
Infiltração e corrupção
O senador confirma evidências de infiltração do crime em estruturas públicas: “O ser humano é comprável. A lavagem de dinheiro e o contrabando de armas envolve as polícias federal, militar e civil”. Ele defende o fortalecimento da contra inteligência interna.
Lavagem de dinheiro
Mourão vê a CPI como oportunidade de investigar o coração financeiro das facções. “O lavador de dinheiro é o mesmo do colarinho branco e da bandidagem do fuzil. Os conjuntos se cruzam. Quando mexermos nisso, vamos pisar em calos dentro da nossa própria casa”.
Segurança no Rio Grande do Sul
No estado que representa, o senador afirma: “o Rio Grande ainda é mais seguro”, mas cita contrabando de vinhos, cigarros e defensivos agrícolas, como principais problemas.
Tolerância zero com o crime
A mensagem de Mourão à população é direta. “Tolerância zero. Quem mata, trafica e aterroriza, não pode voltar ao convívio social. A sociedade precisa pressionar seus representantes a endurecer as leis”.
Operação no Rio e crítica ao governo
Sobre a megaoperação no Rio, Mourão elogia a execução tática. “Foi bem-sucedida, sem vítimas civis.” Mas critica a ausência de continuidade: “Não basta conquistar, tem que manter. O Estado deve permanecer, levar saúde, transporte e segurança”. Ele lamenta a postura do presidente Lula. “Age como populista, não como estadista; ele perde a imparcialidade e pensa apenas na eleição”.
Polarização e liderança perdida
Mourão critica a baixa qualidade do debate político, segundo o senador, “o Senado ainda é mais equilibrado, mas a Câmara perdeu grandes nomes”.
Ceticismo sobre a COP30
Cético quanto ao evento climático em Belém, Mourão dispara: “COP é carta de intenções. Nenhum País rico cumpriu promessas anteriores”. Para ele, “o discurso ambiental é usado como retórica política, o presidente fala de transição verde enquanto aluga iate a diesel”.