O MDB continua sendo um dos pilares da política brasileira. É a legenda mais antiga em atividade, com capilaridade nacional, centenas de prefeitos e presença consolidada em praticamente todos os estados. Nas eleições municipais de 2024, o partido confirmou sua força de base: foi o segundo com mais prefeitos eleitos, governando 847 cidades. Essa estrutura local, feita de alianças, vereadores e lideranças regionais, segue sendo o alicerce da influência emedebista. Um partido grande, mas sem rumo definido.
Momentos de incertezas
Mas a força institucional não tem se traduzido em unidade política. O partido vive um momento de incerteza sobre seu papel nas eleições de 2026. Enquanto parte da sigla tende a se aproximar do governo Lula, outra parcela, especialmente do Sul e do Centro-Oeste, mantém distância crítica. O resultado é um MDB dividido, sem projeto nacional claro e com sérios riscos de fragmentação.
O alerta de Alceu Moreira
O deputado federal gaúcho Alceu Moreira (MDB, foto), presidente da Fundação Ulysses Guimarães, vem percorrendo o País para formular um projeto nacional de desenvolvimento que será entregue à direção do partido. Ele reconhece que o quadro eleitoral “ainda está completamente indefinido”, e que a definição de candidaturas “dependerá da Presidência da República”.
Maioria sólida no Senado
Segundo Alceu Moreira, o grande fator que orientará as alianças é a disputa pelo Senado Federal: “A estabilidade política, diante das circunstâncias em que se encontra o Supremo, exige construir uma maioria sólida no Senado”, afirmou. Essa avaliação indica que o MDB busca reposicionar-se como força moderadora, capaz de negociar com diferentes campos, mas sem um nome próprio forte à Presidência.
Dificuldades no Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, o MDB enfrenta uma transição difícil. A ausência de nomes de grande projeção, como Osmar Terra, evidencia um esvaziamento progressivo de quadros com expressão nacional. Apesar da boa base municipal, o partido aparece em terceiro ou quarto lugar nas sondagens para o governo estadual, o que revela perda de protagonismo.
Tentando manter a coesão
Internamente, o comando estadual tenta manter a coesão sob a liderança de Vilmar Zanchin, presidente do MDB gaúcho, mas o cenário é de expectativa e cautela. Alceu Moreira admite que tem se afastado das articulações locais para concentrar-se no projeto nacional da Fundação Ulysses Guimarães, o que reforça a percepção de que o MDB gaúcho ainda não encontrou um caminho próprio.
Risco real de divisão
A indefinição em torno da estratégia nacional apoiar o governo, lançar candidatura própria ou firmar coligação pragmática, mantém o MDB em posição incômoda. O partido, que historicamente exerceu o papel de mediador e fiador da estabilidade, parece hoje dividido entre a tradição e a sobrevivência.
Risco de fragmentação
Se não encontrar rapidamente um rumo e uma liderança unificadora, o MDB corre o risco de chegar a 2026 fragmentado, perdendo espaço tanto à direita quanto à esquerda. O eleitor percebe essa hesitação e, em política, indecisão costuma custar caro.