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Repórter Brasília
Edgar Lisboa

Edgar Lisboa

Publicada em 09 de Setembro de 2025 às 16:14

Julgamento no STF revela retrato da polarização

 "A imprensa não está em guerra; está apenas cumprindo o seu trabalho, independentemente de críticas ou tentativas de intimidação", afirma Marcelo Rech

"A imprensa não está em guerra; está apenas cumprindo o seu trabalho, independentemente de críticas ou tentativas de intimidação", afirma Marcelo Rech

ANJ/Divulgação/JC
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A pesquisa Genial Quaest desta semana expõe um dado preocupante: a imprensa, instituição central na democracia, também é alvo crescente de desconfiança. Entre os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro, quase 60% afirmam não confiar nos meios de comunicação, percentual que subiu em relação a 2023, quando havia uma divisão mais equilibrada. Já entre os apoiadores do presidente Lula, 67% dizem confiar no jornalismo, mostrando um contraste que reforça a polarização política do país. Assim, o jornalismo ocupa, paradoxalmente, um espaço de equilíbrio, alvo de ataques de um lado e de confiança do outro, sem jamais deixar de estar sob escrutínio.
O ataque à credibilidade da imprensa
O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech (foto), alerta que esse fenômeno é mundial. Em entrevista à coluna Repórter Brasília, lembrou que a imprensa tem sido constantemente instrumentalizada no debate político. Nos Estados Unidos, Donald Trump popularizou o termo fake news para desqualificar reportagens que lhe eram desfavoráveis. No Brasil, o PT já chamou veículos de “PIG” — Partido da Imprensa Golpista. Hoje, a crítica mais feroz vem do campo bolsonarista, que busca reduzir a credibilidade das denúncias e investigações ao rotulá-las de perseguição. Essa estratégia, que não é nova, se alimenta das redes sociais, onde a desinformação se espalha com rapidez, corroendo a confiança da população nos veículos tradicionais.
A imprensa não é governo, nem oposição
“É necessário reafirmar: a imprensa não é lulista nem bolsonarista, tampouco inimiga de governos ou partidos. Seu papel é retratar a realidade, investigar, denunciar abusos e fiscalizar o poder”, acentuou Marcelo Rech. Ele destacou que “linhas editoriais existem e variam conforme cada veículo, mas o compromisso maior do jornalismo sério é com a verdade dos fatos”.
Espaço para desqualificação
Quando se tenta enquadrar o jornalismo como aliado ou inimigo, abre-se espaço para um perigoso ambiente de desqualificação geral, que fragiliza não apenas os veículos, mas a própria democracia. Como lembra Marcelo Rech, “a imprensa não está em guerra; está apenas cumprindo o seu trabalho, independentemente de críticas ou tentativas de intimidação”.
O compromisso com a democracia
A imprensa livre é um dos pilares de qualquer democracia madura. É ela que garante à sociedade acesso a informações verificadas, permitindo que o cidadão forme sua própria opinião. Governos passam, partidos se alternam no poder, mas a missão jornalística permanece: retratar os fatos com integridade e independência.
Jornalismo responsável
O presidente da ANJ aponta que “em tempos de polarização extrema, quando se multiplicam ataques e narrativas manipuladas, o jornalismo responsável torna-se ainda mais essencial”, avalia Marcelo Rech. “Defender a liberdade de imprensa, portanto, não é proteger jornalistas ou empresas de comunicação, mas preservar o direito da sociedade de ser informada com transparência e verdade. É disso que depende a saúde da democracia”. 

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