Mesmo com a agenda dominada pela crise do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT, foto) não esconde que 2026 já está no radar. Reuniões com partidos aliados, como o almoço recente com caciques do MDB, revelam que o Palácio do Planalto trabalha para montar um arco de alianças sólido, antes da disputa. O MDB sinaliza interesse em indicar o vice na chapa de Lula, caso ele confirme a candidatura à reeleição, mas a questão está longe de ser pacificada.
Perder espaço nos estados
A legenda, dividida internamente, teme perder espaço nos estados. "Não adianta ter a vice e não eleger deputados, senadores e governadores", confidenciou um líder emedebista. A maior resistência vem das bancadas de centro-direita em 16 estados que avaliam se aliar a Lula pode prejudicar suas bases eleitorais.
O dilema: Alckmin ou MDB?
Para viabilizar a entrada do MDB, Lula teria de abrir mão de Geraldo Alckmin (PSB), hoje um aliado de confiança. O vice, que tem desempenhado papel central nas negociações internacionais sobre o tarifaço, também é visto como ponte entre o empresariado e setores conservadores. Há quem avalie que Lula tenta "cacifar" Alckmin para disputar o governo de São Paulo em 2026, embora o próprio vice negue interesse.
Base aliada instável no Congresso
A divisão não é exclusividade do MDB. Partidos da base, como União Brasil e PP, têm votado contra o governo em temas sensíveis. O União Brasil, por exemplo, que ocupa três ministérios, é visto como um dos maiores focos de instabilidade. A aproximação do senador Efraim Filho com Michelle Bolsonaro (PL) e a movimentação de Davi Alcolumbre, que tem influência sobre indicações-chave, acenderam alertas no Planalto.
Lula quer definição
Lula chamou os ministros da legenda para cobrar uma definição. O compromisso firmado foi de que permanecerão até abril de 2026, prazo de desincompatibilização para disputar cargos.
Desgaste econômico
Por outro lado, há risco de desgaste econômico se as tarifas impactarem fortemente o emprego e a inflação. Nesse cenário, a oposição de direita, liderada por Jair Bolsonaro (PL) e aliados, pode capitalizar insatisfações. E as manifestações pró-Bolsonaro no final de semana em várias capitais do País tinham também esse objetivo, além de defender novamente a anistia do ex-presidente Bolsonaro.
Ativo político
A chave para 2026 está no fortalecimento das alianças e no equilíbrio interno da base. Lula terá de decidir se mantém Alckmin, e aposta na coesão do PSB e do PT, ou se cede ao MDB em busca de um arco mais amplo. A história mostra que Lula prefere manter a lealdade dos aliados, mas 2026 exigirá pragmatismo.
Coração do Mercosul
O deputado federal gaúcho Covatti Filho (PP) apresentou, na quarta-feira, uma emenda que confere ao município de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, o título de Berço do Transporte Rodoviário Internacional, Coração do Mercosul.