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Repórter Brasília
Edgar Lisboa

Edgar Lisboa

Publicada em 24 de Julho de 2025 às 15:37

Alerta: Crescem feminicídios e mortes de crianças

"O feminicídio é um crime evitável, nunca começa com a morte, começa com um empurrão, um tapa, um grito", afirmou deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL)

"O feminicídio é um crime evitável, nunca começa com a morte, começa com um empurrão, um tapa, um grito", afirmou deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL)

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados/JC
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Enquanto o Brasil celebra uma leve queda nos índices gerais de violência, um dado alarmante exige atenção imediata: os feminicídios e as mortes de crianças e adolescentes voltaram a crescer em 2024. O dado vem do Anuário da Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O estudo, que desde 2011 reúne estatísticas das secretarias de segurança dos 26 estados e do Distrito Federal, mostra que a violência está mudando de forma, mas não desaparecendo. Crescimento nos crimes digitais Outro ponto de destaque, é a explosão de estelionatos no país. Segundo a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno, houve um crescimento de 408% desde 2018. “Nenhum outro delito teve um crescimento tão expressivo em tão pouco tempo”, alerta. A transformação digital, o uso massivo do Pix, e a vida financeira centralizada no celular, abriram espaço para o crime migrar das ruas para as telas. O furto de celulares, por exemplo, virou porta de entrada para fraudes bancárias e golpes de identidade. Feminicídios: crime evitável Mais do que estatística, os feminicídios representam o fracasso de uma política pública de proteção às mulheres. Em 2024, o Brasil registrou o maior número de feminicídios desde 2015. A deputada federal gaúcha Fernanda Melchionna (PSOL, foto) chama a atenção para o descumprimento de mais de 100 mil medidas protetivas: “O feminicídio é um crime evitável, porque ele nunca começa com a morte, começa com um empurrão, um tapa, um grito – e quando isso é ignorado, o desfecho pode ser fatal”. Estado omisso e vidas perdidas Fernanda Melchionna está correta ao afirmar que o Estado precisa ser presente, ágil e acolhedor. A criação da Comissão Externa para apurar os feminicídios no RS é um passo necessário, mas ainda insuficiente. Não basta investigar depois da tragédia: é preciso prevenir. Isso exige orçamento, capacitação de servidores, integração entre delegacias e centros de atendimento e, sobretudo, vontade política para transformar discursos em ação. Tecnologia e criminalidade A criminalidade acompanha a modernidade. Samira Bueno lembra que a pandemia acelerou a migração do crime para o mundo digital. Com menos gente nas ruas, os roubos caíram quase 50%. Por outro lado, os criminosos encontraram nos celulares e nas transações digitais novas formas de agir. A segurança pública precisa acompanhar esse movimento e não tratar o crime virtual como de menor importância. A omissão também mata É preciso romper com a lógica da naturalização da violência. Nenhum feminicídio é inevitável, nenhuma morte de criança é aceitável, nenhum golpe financeiro deve ser tratado como “esperteza”. A omissão do poder público, a desarticulação das políticas de proteção e a falta de investimento em prevenção têm nome: negligência. Bússola para políticas públicas A sociedade brasileira precisa cobrar seus representantes, apoiar as vítimas, valorizar as denúncias e exigir que a segurança pública esteja à altura dos desafios do século XXI. Estatísticas devem servir de bússola para políticas públicas — não apenas de lamento.
Enquanto o Brasil celebra uma leve queda nos índices gerais de violência, um dado alarmante exige atenção imediata: os feminicídios e as mortes de crianças e adolescentes voltaram a crescer em 2024. O dado vem do Anuário da Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O estudo, que desde 2011 reúne estatísticas das secretarias de segurança dos 26 estados e do Distrito Federal, mostra que a violência está mudando de forma, mas não desaparecendo.
Crescimento nos crimes digitais
Outro ponto de destaque, é a explosão de estelionatos no país. Segundo a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno, houve um crescimento de 408% desde 2018. “Nenhum outro delito teve um crescimento tão expressivo em tão pouco tempo”, alerta. A transformação digital, o uso massivo do Pix, e a vida financeira centralizada no celular, abriram espaço para o crime migrar das ruas para as telas. O furto de celulares, por exemplo, virou porta de entrada para fraudes bancárias e golpes de identidade.
Feminicídios: crime evitável
Mais do que estatística, os feminicídios representam o fracasso de uma política pública de proteção às mulheres. Em 2024, o Brasil registrou o maior número de feminicídios desde 2015. A deputada federal gaúcha Fernanda Melchionna (PSOL, foto) chama a atenção para o descumprimento de mais de 100 mil medidas protetivas: “O feminicídio é um crime evitável, porque ele nunca começa com a morte, começa com um empurrão, um tapa, um grito – e quando isso é ignorado, o desfecho pode ser fatal”.
Estado omisso e vidas perdidas
Fernanda Melchionna está correta ao afirmar que o Estado precisa ser presente, ágil e acolhedor. A criação da Comissão Externa para apurar os feminicídios no RS é um passo necessário, mas ainda insuficiente. Não basta investigar depois da tragédia: é preciso prevenir. Isso exige orçamento, capacitação de servidores, integração entre delegacias e centros de atendimento e, sobretudo, vontade política para transformar discursos em ação.
Tecnologia e criminalidade
A criminalidade acompanha a modernidade. Samira Bueno lembra que a pandemia acelerou a migração do crime para o mundo digital. Com menos gente nas ruas, os roubos caíram quase 50%. Por outro lado, os criminosos encontraram nos celulares e nas transações digitais novas formas de agir. A segurança pública precisa acompanhar esse movimento e não tratar o crime virtual como de menor importância.
A omissão também mata
É preciso romper com a lógica da naturalização da violência. Nenhum feminicídio é inevitável, nenhuma morte de criança é aceitável, nenhum golpe financeiro deve ser tratado como “esperteza”. A omissão do poder público, a desarticulação das políticas de proteção e a falta de investimento em prevenção têm nome: negligência.
Bússola para políticas públicas
A sociedade brasileira precisa cobrar seus representantes, apoiar as vítimas, valorizar as denúncias e exigir que a segurança pública esteja à altura dos desafios do século XXI. Estatísticas devem servir de bússola para políticas públicas — não apenas de lamento.

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