O presidente da Fiergs, Claudio Bier, apresentou ao presidente em exercício e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), em Brasília, os impactos da taxação de 50% imposta pelos EUA sobre os produtos brasileiros. O Rio Grande do Sul, segundo estado mais afetado pela medida, pode ter perdas de R$ 1,9 bilhão no PIB. "É um momento de muito diálogo, não podemos acirrar ainda mais essa situação", afirmou Bier, pedindo cautela e soluções diplomáticas para evitar prejuízos maiores às empresas gaúchas. A Fiergs, em articulação com a CNI e sindicatos industriais, intensificou a mobilização, alertando que diversas indústrias exportam quase 100% de sua produção para o mercado norte-americano.
Deputado cobra racionalidade
O deputado federal gaúcho Alceu Moreira (MDB, foto) apoiou a postura da Fiergs e cobrou sensatez dos atores políticos. "Não cabe outra alternativa senão a negociação racional. Mas, ao invés de descontaminar o debate, estamos na ofensiva provocativa o tempo inteiro". Segundo ele, "o modus operandi de Trump — impor sanções para forçar negociação — exige frieza e estratégia. A economia norte-americana é gigantesca. Ele taxa para conversar, e na conversa sempre há vantagem para os EUA. Temos que calcular os prejuízos e negociar com base na lei do menor dano", argumenta.
Política contamina economia
Alceu Moreira criticou o uso político da crise tanto por aliados de Bolsonaro quanto pelo presidente Lula. "As contaminações políticas de parte a parte dificultam bastante as negociações. Essa é uma questão comercial, não deve ser sequestrada por disputas ideológicas." Ele alerta: "o prazo para reverter ou suavizar o tarifaço é curto. Temos 10 dias para agir".
Apoio dos empresários dos EUA
O parlamentar propõe que empresas brasileiras acionem seus interlocutores nos EUA. "Muitas têm parceiros comerciais com poder de pressão sobre o governo norte-americano. É hora de ativar essas pontes e defender nossos negócios."
Empresas e empregos em risco
O governador Eduardo Leite (PSD) reforçou o alerta: "Há empresas no RS que exportam 100% da produção para os EUA. Comunidades inteiras estão sob risco. E os efeitos se espalham também em cadeias produtivas nos próprios Estados Unidos". Ele apelou pela postergação da entrada em vigor da medida, permitindo tempo para negociação.
Reações no Congresso
O deputado federal gaúcho Bohn Gass (PT) condenou o apoio de setores da direita ao tarifaço. Para ele, "o Brasil não aceitará chantagens que fragilizam nossa soberania", e reafirmou que "Jair Bolsonaro (PL) será julgado por crimes graves, sem que isso possa ser usado como moeda de troca política".
Convocar o Senado
Já o senador gaúcho Luis Carlos Heinze (PP) foi além: pediu o cancelamento do recesso parlamentar e a convocação de uma sessão extraordinária do Senado. A motivação oficial foi a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que impôs novas restrições a Bolsonaro. Mas o pano de fundo é a urgência da crise comercial, que exige mobilização institucional.