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Repórter Brasília
Edgar Lisboa

Edgar Lisboa

Publicada em 12 de Julho de 2025 às 15:58

Legalização dos jogos divide opiniões no Senado

Davi Alcolumbre retirou matéria da pauta do plenário

Davi Alcolumbre retirou matéria da pauta do plenário

Jefferson Rudy/Agência Senado/JC
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Divisão no Senado Federal e pressão popular levaram à retirada de pauta do projeto que legaliza cassinos, bingos, jogo do bicho e apostas em corridas de cavalo. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), retirou da pauta de votações a proposta que põe fim à proibição imposta por decreto de 1946 e revoga trechos da Lei das Contravenções Penais.
Divisão no Senado Federal e pressão popular levaram à retirada de pauta do projeto que legaliza cassinos, bingos, jogo do bicho e apostas em corridas de cavalo. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), retirou da pauta de votações a proposta que põe fim à proibição imposta por decreto de 1946 e revoga trechos da Lei das Contravenções Penais.
Senado dividido
A decisão foi motivada pelo baixo quórum — apenas 56 senadores presentes — e por pedidos de adiamento feitos por líderes partidários. "Há certamente uma divisão no Senado sobre esse tema", afirmou Alcolumbre. Na Bancada Evangélica, Carlos Viana (Pode-MG), Damares Alves (REP-DF), entre outros, também se opõem publicamente. Tereza Cristina (PP-MS), que votou favorável na CCJ, apoia a proposta como fator de desenvolvimento econômico, com fiscalização rigorosa.
'População está aflita'
O senador Eduardo Girão (Novo-CE), crítico do projeto, comemorou a retirada e sugeriu que a proposta passe por três comissões antes de voltar ao plenário. "A população está aflita", afirmou, defendendo que a próxima votação seja nominal.
Sociedade pagará a conta
Para o professor de teologia, Peniel Pacheco, a medida representa uma "degradação social e transfere os custos da crise para os mais vulneráveis. A sociedade pagará a conta", diz o ex-deputado. "A legalização dos jogos representa uma estratégia desesperada do Estado para arrecadar mais diante de um orçamento estrangulado — mas que pode gerar graves danos sociais".
Desespero por receita
"O Brasil está desesperado por receita, porque o gasto público é muito alto e o orçamento da União está praticamente capturado pelo Congresso. O governo tem pouca margem para gerir os próprios recursos", avaliou. Segundo ele, "a busca por novas fontes de arrecadação não pode sacrificar os mais pobres, nem abrir caminho para práticas nocivas como o vício em jogos".
Efeitos colaterais danosos
Peniel é categórico: "A jogatina tem efeitos colaterais danosos. Não é algo inofensivo. Ela destrói famílias, desvia recursos que deveriam promover inclusão e justiça social. Parte do dinheiro destinado, por exemplo, ao Bolsa Família, já está sendo sugado por plataformas de apostas como o 'tigrinho'. É como se a política pública fosse desorganizada por um vício travestido de entretenimento".
O pensamento evangélico
Indagado sobre como o segmento evangélico enxerga a legalização dos jogos, Peniel foi direto: "A grande maioria pensa como eu. Enxerga nisso uma ameaça moral, social e espiritual para o país".
Pressão cresce
Com o adiamento, o debate segue aberto, mas a pressão de lideranças religiosas e setores conservadores, cresce. A legalização dos jogos no Brasil está longe de ser uma pauta consensual.
Chance de retorno
A pauta ainda está viva e existe real chance de retorno no segundo semestre, mas depende de articulação política e de reunir quórum suficiente. O avanço será influenciado pela pressão por receitas, dadas as dificuldades fiscais do governo e o contexto de "guerra tarifária" exógena.
 

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