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Repórter Brasília
Edgar Lisboa

Edgar Lisboa

Publicada em 08 de Julho de 2025 às 19:15

Saúde na vitrine eleitoral é aposta do governo Lula

Pedro Westphalen (PP) reconhece a importância do avanço, sem entrar em disputa de paternidade: "O importante é acontecer"

Pedro Westphalen (PP) reconhece a importância do avanço, sem entrar em disputa de paternidade: "O importante é acontecer"

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados/JC
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O governo Lula (PT) intensifica sua aposta nos mutirões de saúde, apresentando o programa como resposta ao longo tempo de espera por consultas especializadas no SUS. Em meio ao desgaste de popularidade e à pressão por entregas concretas, a presidência tenta transformar a área da saúde em vitrine positiva para a eleição de 2026. A movimentação, porém, não é inédita — e nem original, de acordo com o deputado federal gaúcho Pedro Westphalen (PP).
O governo Lula (PT) intensifica sua aposta nos mutirões de saúde, apresentando o programa como resposta ao longo tempo de espera por consultas especializadas no SUS. Em meio ao desgaste de popularidade e à pressão por entregas concretas, a presidência tenta transformar a área da saúde em vitrine positiva para a eleição de 2026. A movimentação, porém, não é inédita — e nem original, de acordo com o deputado federal gaúcho Pedro Westphalen (PP).
Projeto que dormiu nos gabinetes
O deputado Pedro Westphalen (PP, foto), médico e presidente da Frente Parlamentar Mista dos Serviços de Saúde, lembra que a base do projeto já existia. Ele mesmo protocolou, ainda em 2019, uma proposta que permitiria aos hospitais com dívidas junto à União, quitá-las por meio da prestação de serviços ao SUS — exames, cirurgias e consultas. A proposta era pragmática: aproveitar a estrutura já existente, com capacidade ociosa e custo fixo, para gerar atendimento e reduzir a fila da saúde, sem criar um novo passivo fiscal.
O importante é acontecer
A ideia, segundo o parlamentar, foi ignorada por sucessivos governos. O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, por exemplo, chegou a sinalizar apoio, mas saiu do cargo antes de avançar. Veio a pandemia, e o projeto, como tantos outros, foi engavetado. Agora, nas mãos do ministro Alexandre Padilha, ganhou nova roupagem e apoio presidencial. Westphalen reconhece a importância do avanço, sem entrar em disputa de paternidade: "O importante é acontecer".
Dívida como solução
A lógica por trás do projeto é simples: transformar dívida em solução. Em vez de apenas cobrar os hospitais conveniados, a União poderia autorizar o pagamento com trabalho prestado, o que movimenta a rede, desafoga a fila e evita o fechamento de instituições por falta de recursos. Na prática, um hospital com dívida de R$ 100 milhões, por exemplo, poderia pagar parte em dinheiro e o restante com a realização de procedimentos já previstos no rol do SUS.
Aproveitar a capacidade
É um modelo que aproveita a capacidade instalada do País e evita novas obras ou convênios improvisados. Mais do que isso, permite que o governo injete recursos indiretos na saúde sem romper o teto de gastos ou criar novos subsídios — algo que, em ano pré-eleitoral, seria um complicador político.
A saúde como marketing
É evidente que a iniciativa carrega também o selo da estratégia eleitoral. A imagem de Lula ao lado de pacientes, médicos e ministros em ações de saúde será amplamente explorada nos próximos meses. A busca por propaganda positiva não é pecado político — é parte do jogo. Mas não pode ser o único norte da política pública.
 

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