O Brasil vive com mais de um ano de antecedência um ambiente de palanque eleitoral que pode comprometer a governabilidade. A recente decisão do presidente Lula (PT) de acionar a Suprema Corte para restabelecer o decreto do IOF, derrubado pelo Congresso, reacendeu o clima de confronto entre os Poderes. Embora constitucional, o gesto acirrou ânimos e foi classificado como "afronta" e "atentado à democracia", pelo líder da oposição, deputado federal gaúcho Luciano Zucco (PL, foto).
Congresso e setor produtivo reagem
Mais de 17 frentes parlamentares do setor empresarial repudiaram a medida, alertando para o impacto sobre o crédito e o consumo. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), cobrado por acordos não cumpridos, agora pede "convergência harmônica" entre os Poderes e diálogo com respeito institucional.
Clima eleitoral antecipado
Na Bahia, Lula reforçou sua retórica contra o Congresso Nacional e usou eventos públicos para lançar mensagens de cunho eleitoral, como a placa "taxação dos super-ricos". O problema é que esse tipo de postura estimula a polarização e antecipa o clima de vale-tudo típico do período eleitoral, sem ganhos concretos para o País.
Campanha disfarçada
Nas redes sociais, vídeos anônimos gerados por IA atacam figuras do Legislativo, como Hugo Motta. O Planalto, por meio da ministra Gleisi Hoffmann (PT) e do líder do governo, José Guimarães (PT), condenou os ataques. Mas o episódio evidencia que a pré-campanha já está em campo. E isso desvia o foco do que realmente importa: estabilidade e reformas.
Estilo Robin Hood
A tentativa do governo de emplacar uma agenda distributiva, como a taxação dos super-ricos, pode até agradar parte do eleitorado, mas não resolve a insatisfação generalizada com a alta carga tributária. IOF, impostos e a narrativa de Robin Hood não é o melhor caminho. O Brasil já é um dos países que mais arrecadam e onde mais se gasta — e é isso que precisa mudar.
Reforma e responsabilidade fiscal
A reforma tributária está em andamento, mas sua implantação será gradual. Até lá, o desafio é não buscar arrecadação extra às custas de quem produz ou consome. Como apontam especialistas, o País precisa cortar despesas e não aumentar a cobrança sobre trabalhadores e empresas.