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Repórter Brasília
Edgar Lisboa

Edgar Lisboa

Publicada em 23 de Junho de 2025 às 19:04

Mais deputados? Não agora, defendem senadores do RS

Posição dos senadores gaúchos representa o pensamento de muitos brasileiros que enxergam na proposta mais um privilégio do que uma correção

Posição dos senadores gaúchos representa o pensamento de muitos brasileiros que enxergam na proposta mais um privilégio do que uma correção

FOTOMONTAGEM/DIVULGAÇÃO JC
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O Senado se prepara para votar, nos próximos dias, um projeto de lei que amplia de 513 para 531 o número de deputados federais. A proposta, que atende decisão da Suprema Corte para atualizar a distribuição de cadeiras com base no Censo de 2022, causou indignação entre alguns parlamentares e na sociedade. Com um custo estimado de R$ 65 milhões por ano, a medida soa como provocação em tempos de ajuste fiscal e corte de gastos. É legítimo discutir representatividade, mas é imoral fazê-lo ampliando privilégios enquanto o povo enfrenta desemprego, inflação e serviços públicos sucateados.
O Senado se prepara para votar, nos próximos dias, um projeto de lei que amplia de 513 para 531 o número de deputados federais. A proposta, que atende decisão da Suprema Corte para atualizar a distribuição de cadeiras com base no Censo de 2022, causou indignação entre alguns parlamentares e na sociedade. Com um custo estimado de R$ 65 milhões por ano, a medida soa como provocação em tempos de ajuste fiscal e corte de gastos. É legítimo discutir representatividade, mas é imoral fazê-lo ampliando privilégios enquanto o povo enfrenta desemprego, inflação e serviços públicos sucateados.
Manobra para evitar perdas
O argumento técnico parece justo: há estados sub-representados, como Amazonas, Ceará, Goiás e Minas Gerais. Contudo, em vez de redistribuir as cadeiras — como manda a lógica federativa —, a Câmara optou por criar novas vagas para não tirar cadeiras de estados como a Paraíba. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), é diretamente interessado, já que seu estado perderia cadeiras, se o critério fosse seguido à risca. Trata-se de uma saída política para evitar desgaste, mas que ignora a responsabilidade fiscal.
Resistência no Senado
Os senadores gaúchos Paulo Paim (PT, à esquerda), Luiz Carlos Heinze (PP, centro) e Hamilton Mourão (Republicanos, à direita) se manifestaram contra a proposta. Paim questiona a necessidade de mais parlamentares quando outros países estão reduzindo seus congressos. "Não vejo necessidade." Já Heinze fala em coerência e eficiência, enquanto Mourão aponta o impacto orçamentário e cobra responsabilidade diante da crise fiscal, mas defende o cumprimento da Constituição. A posição dos senadores gaúchos representa o pensamento de muitos brasileiros que enxergam na proposta mais um privilégio do que uma correção.
O povo diz não
A rejeição popular é clara. Pesquisa Datafolha mostra que 76% dos brasileiros são contra o aumento no número de deputados. A média salarial do trabalhador brasileiro gira em torno de R$ 1.518,00. Como justificar o aumento de cargos políticos diante dessa realidade? A alegação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de que os recursos sairão do próprio orçamento da Câmara, não convence. Afinal, qualquer gasto público representa escolha de prioridades — e esse dinheiro fará falta em áreas como saúde, educação ou infraestrutura.
Prazo final e esvaziamento
Com o Congresso esvaziado por causa das festas juninas, a votação corre o risco de ficar para os últimos dias de junho. Caso não seja aprovada, caberá ao TSE redistribuir as cadeiras, o que pode gerar ainda mais tensão política. É uma corrida contra o tempo, travada em meio a prioridades distorcidas.
Mais qualidade, não mais quantidade
O Brasil não precisa de mais deputados. Precisa de melhores deputados. A representatividade não se mede em número, mas em compromisso com o País. Ampliar o número de parlamentares agora é ignorar a crise fiscal, insultar o contribuinte e proteger interesses políticos.
 

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