Durante o pronunciamento oficial no Dia do Trabalho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reacendeu (PT) o debate sobre a carga horária semanal ao dizer que vai discutir o fim da chamada jornada de trabalho no modelo 6x1 — seis dias de trabalho seguidos por um de descanso. A proposta, embora apresentada como uma forma de garantir direitos e regulamentar setores informais, dividiu opiniões não só entre centrais sindicais, mas também dentro do próprio Partido dos Trabalhadores (PT) e no Congresso Nacional.
Mais tempo com a família
Na opinião do deputado federal gaúcho Dionilso Marcon (PT, foto), "o Congresso é muito conservador, precisamos fazer muita mobilização, pressão para que nós consigamos colocar em pauta e ser votado. Nós precisamos hoje respeitar mais os trabalhadores. Eu vejo que 6x1 tem que trabalhar de sexta a sábado de noite. Vejo que 5x2 seria uma boa pauta, uma boa agenda; e deixa um pouco mais os trabalhadores em casa com suas famílias. Hoje o trabalhador passa mais tempo dentro do ônibus ou no trem para ir trabalhar, do que com a família em casa".
Em busca de positividade
O deputado federal gaúcho Alceu Moreira (MDB) disse à coluna Repórter Brasília que "o presidente Lula está buscando qualquer fator que tenha qualquer positividade para se valer disso, para sair dessa grande crise desse escândalo da Previdência que envolve o governo dele por inteiro. Ele está pegando qualquer coisa positiva, como nesse caso, para tentar agradar os trabalhadores".
País prejudicado
"A questão da jornada de 6x1 não tem nenhuma possibilidade de mudança agora. Neste momento, o País certamente seria prejudicado", afirmou Alceu Moreira, sugerindo que "é muito mais fácil aprovarmos no Congresso uma legislação como a dos Estados Unidos, que remunera a hora trabalhada".
Sem chances de passar
Segundo o parlamentar, "aquele trabalhador que quiser descansar, descansa, não tem problema nenhum. A redução da hora de trabalho, como todo mundo deseja, isso tem custo, e isso vai para o custo principalmente dos alimentos, das coisas que a população mais pobre usa". Então, explica Alceu Moreira, "quando tu aumentas o custo da produção, isso vai para o preço do produto e prejudica, exatamente, aqueles que pensam que seriam beneficiados". Na opinião do deputado, não há chances de a proposta passar no Congresso Nacional.
Bancada empresarial
Apesar do simbolismo do anúncio presidencial em uma data carregada de significado político para os trabalhadores, a realidade do Parlamento impõe obstáculos. O Congresso Nacional atual é marcado por uma composição predominantemente conservadora, com forte presença da bancada empresarial, o que dificulta a aprovação de pautas que aumentem encargos trabalhistas ou reduzam a flexibilidade do mercado de trabalho.
Marco simbólico
Em um cenário político fragmentado, a proposta de Lula poderá servir mais como um marco símbolo de intenções políticas do que como uma mudança imediata nas regras trabalhistas. Resta saber até que ponto o Poder Executivo está disposto a investir capital político para aprovar essa agenda em meio a outras prioridades em tramitação.