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Repórter Brasília

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- Publicada em 15 de Março de 2023 às 20:06

Queda de braço entre Lula e Lira

Arthur Lira

Arthur Lira


Pablo Valadares/Câmara dos Deputados/JC
A recente e emblemática manifestação do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), de que ainda falta ao governo uma "constituição de base" no Legislativo, pode ser, também, uma forma disfarçada de o parlamentar conseguir manter o poder que detinha no debate das RP9 (um marcador de programação orçamentária). Essa é a interpretação da professora e cientista política Graziella Testa, da Fundação Getulio Vargas.
A recente e emblemática manifestação do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), de que ainda falta ao governo uma "constituição de base" no Legislativo, pode ser, também, uma forma disfarçada de o parlamentar conseguir manter o poder que detinha no debate das RP9 (um marcador de programação orçamentária). Essa é a interpretação da professora e cientista política Graziella Testa, da Fundação Getulio Vargas.
Capacidade de influência
"Com o fim do chamado orçamento secreto sobre o qual detinha o poder, Arthur Lira (foto) precisa manter essa capacidade de influência e de ingerência sobre para onde vai o recurso. É o que o presidente da Câmara quer manter, mas ele não tem muito como fazer isso", diz Graziella.
Meio de campo 
Na prática, a professora Graziella acredita que "Lira previa fazer meio de campo entre a oposição e o governo, porque a oposição não consegue se mobilizar. Como isso não aconteceu, Lira ficou um pouco sem função. Agora ele está buscando outras formas de ser valorizado como era durante o governo de Jair Bolsonaro (PL)".
Os tempos mudaram
Montar uma base de apoio parlamentar, como nos dois governos anteriores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não é tão fácil agora, na avaliação da especialista. "Naquelas ocasiões os partidos tinham outra cara e as bases eram bem estabelecidas."
Unidade de partido
Para a professora, "há uma tentativa de diminuir a fragmentação de poder. Isso é um elemento também importante que a gente fala muito pouco. Como a construção via partido político fazia esse meio de campo, e agora não faz mais. Acho que está muito pouco claro quais serão as estratégias para a construção de coalizão. Não será a mesma coisa que era quando Lula foi presidente na primeira vez. Mas também não será como foi com Bolsonaro, porque não tem mais a RP9".
Alternativa para o governo
"Lula precisará buscar de alguma forma construir essa base mínima. A impressão que me dá é que ele está tentando fazer isso, inclusive, com outras vias, agora sinalizando para estados e municípios", diz a professora Graziella.
Coalização efetiva
"O mais importante é como está sendo construída a coalizão no Congresso. Aí a gente tem que pensar se está sendo efetiva, se o presidente da República está conseguindo oferecer aquilo que é interessante para os partidos e para os parlamentares. Acho que Lira está forçando um pouquinho a barra; está tentando inflacionar um pouco aquilo que ele consegue trazer para o Centrão, sobretudo em termos de cargos e de recursos", acentua a professora da FGV.
Reforma tributária
A avaliação dessa base será em votações de temas expressivos, explica a professora Graziella: "A gente vai ter que chegar num momento em que vai ser testado. Isso dependerá de pautas que são conflituosas. Está todo mundo nessa expectativa da deliberação da reforma tributária. A gente precisa ver se o governo vai assumir essa pauta como dele ou se vai religar o Congresso, como foi o que aconteceu na reforma da Previdência no início do governo Bolsonaro, que acabou sendo uma pauta mais do Congresso do que do governo".