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Pensar a Cidade

- Publicada em 22 de Fevereiro de 2022 às 21:22

Porto Alegre abre debate sobre incentivo a construções no 4º Distrito

Reaproveitamento de estruturas, caso do projeto 4D Complex House, também terá benefício fiscal

Reaproveitamento de estruturas, caso do projeto 4D Complex House, também terá benefício fiscal


LUIZA PRADO/JC
Para incentivar novas construções ou o reaproveitamento de estruturas já existentes nos cinco bairros que compõem o 4º Distrito, em Porto Alegre, a prefeitura pretende isentar os empreendedores de alguns impostos municipais e promover alterações nas normas para construção, a exemplo do que foi aprovado no fim de 2021 para o Centro. É o "Plano Diretor do 4º Distrito", ideia de "fatiamento" do planejamento urbano que o prefeito Sebastião Melo (MDB) defende para a cidade.
Para incentivar novas construções ou o reaproveitamento de estruturas já existentes nos cinco bairros que compõem o 4º Distrito, em Porto Alegre, a prefeitura pretende isentar os empreendedores de alguns impostos municipais e promover alterações nas normas para construção, a exemplo do que foi aprovado no fim de 2021 para o Centro. É o "Plano Diretor do 4º Distrito", ideia de "fatiamento" do planejamento urbano que o prefeito Sebastião Melo (MDB) defende para a cidade.
A proposta será apresentada para a comunidade nesta quinta-feira, dia 24, às 19h, em reunião aberta no Clube Gondoleiros (rua Santos Dumont, 1.147). Ainda esta semana atividade será lançada uma consulta pública online. Conforme o vice-prefeito Ricardo Gomes (DEM), o projeto deve chegar à Câmara até o fim de março - antes disso serão realizadas duas audiências públicas, exigência legal para mudanças em normas urbanísticas.
Conhecida pelo aspecto industrial das construções, a região chamada de 4º Distrito é a entrada da cidade para quem chega pelas estradas do interior ou pelo aeroporto, e vizinha de bairros adensados, como o Centro e o Moinhos de Vento.
No entanto, o número de moradores nos bairros Floresta, São Geraldo, Navegantes, Humaitá e Farrapos é considerado baixo - somados, são 54 mil. Para aproveitar a localização privilegiada e infraestrutura já instalada, a prefeitura quer triplicar a quantidade de habitantes, em prazo ainda não definido. A estratégia para isso será incentivo tributário e urbanístico para a construção civil.
Mas há quem já aposte em investir na região. Um exemplo é o empreendimento 4D Complex House, da ABF Developments. Na esquina da avenida Voluntários da Pátria com a rua Almirante Tamandaré, o projeto manterá a estrutura de uma antiga fábrica e erguerá um prédio com unidades residenciais na parte interna do terreno. Na área preservada serão instaladas operações gastronômicas e comerciais e uma parte deve abrir ainda em 2022, informa o CEO da empresa, Eduardo Fonseca.
Dividido em duas fases, o projeto considera as regras atuais do Plano Diretor da Capital. Há, no entanto, a expectativa de liberar altura e aumentar o índice de aproveitamento (quanto se pode construir em metros quadrados em relação à área do terreno) em alguns pontos do 4º Distrito. Segundo Fonseca, se a mudança das regras chegar a tempo de contemplar o 4D Complex House, ele cogita alterar o projeto para chegar a 100 metros de altura.
Fundador da Agência Urbs Nova e gestor do Distrito Criativo de Porto Alegre - hoje com mais de 90 lugares inscritos - Jorge Piqué entende que o projeto da ABF dialoga com o passado industrial da região. “O prédio preservado cria intermediação entre a rua e o prédio alto atrás, dá escala humana e suaviza o contato. Usaram de maneira inteligente a estrutura da fábrica. Espero que esse empreendimento seja exemplo para outros”, pontua.

Moradores querem atenção à infraestrutura e habitação social

A reunião desta semana é organizada pela prefeitura em conjunto com o fórum da Região de Gestão do Planejamento (RGP) 2, que compõe o Conselho Municipal do Plano Diretor com representação comunitária. Os cinco bairros que formam o 4º Distrito integram também a RGP 1. Adroaldo Barboza, conselheiro pela RGP 2, acredita que o projeto de lei da prefeitura será como a apresentação feita em dezembro na Câmara, mas espera que as contribuições dos moradores sejam consideradas. Em conversa com a população que vive no local, Barboza identificou como preocupação que o foco do poder público seja somente nos novos empreendimentos, sem atender as necessidades atuais de infraestrutura, equipamentos e segurança.
Para Ceniriani Vargas da Silva, coordenadora estadual do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, moradora e presidente da Cooperativa 20 de Novembro, falta à proposta um olhar dedicado à população de baixa renda. "Como movimentos populares, enxergamos potencial imenso para habitação de interesse social", aponta. Mais que isso, entende que o momento não é oportuno para esse debate - Ceniriani cita a falta de segurança sanitária devido à pandemia e o descolamento do trâmite com a revisão do Plano Diretor, que deveria concentrar a discussão sobre as mudanças urbanísticas e a função dos territórios da cidade.
 

Movimento estimula empreendedorismo

DIVULGAÇÃO/JC
Selo do movimento "Seja, sou, somos 4D"
"Não se pode dizer que é um lugar abandonado, (isso) é não reconhecer pessoas que estão lá batalhando há muito tempo", alerta Jorge Piqué, fundador da Agência Urbs Nova e gestor do Distrito Criativo de Porto Alegre, sobre as ações que já são desenvolvidas no 4º Distrito. Uma dessas figuras conhecidas no bairro é o empresário Carlos Kolesny, proprietário da Ergocentro e da Fábrica de Sonhos (essa ainda vai ser inaugurada). Ou, como ele se define, "antes de tudo, um inquieto". Há alguns anos, junto a outros empreendedores e entusiastas da região, Kolesny criou o movimento "Seja, sou, somos 4D". "Coloco mais como um estímulo. Divulgo as empresas novas que estão se instalando, as tradicionais, mostro as ações que estão sendo feitas", resume.