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Planejamento Urbano

- Publicada em 09 de Agosto de 2023 às 00:25

Melo quer vender prédio da Smov para construir moradia social

Edifício da antiga Smov abriga, atualmente, arquivos públicos, em área considerada nobre de Porto Alegre

Edifício da antiga Smov abriga, atualmente, arquivos públicos, em área considerada nobre de Porto Alegre


/ANDRESSA PUFAL/JC
Para tornar mais atrativa uma proposta que rendeu polêmica e viabilizar uma demanda habitacional antiga da cidade, a prefeitura de Porto Alegre vai atrelar a venda do edifício da antiga Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov) à construção de um conjunto habitacional no bairro Humaitá, demanda de anos do Orçamento Participativo (OP) na região. O imóvel está avaliado em R$ 48 milhões, conforme laudo emitido em 30 de junho.
Para tornar mais atrativa uma proposta que rendeu polêmica e viabilizar uma demanda habitacional antiga da cidade, a prefeitura de Porto Alegre vai atrelar a venda do edifício da antiga Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov) à construção de um conjunto habitacional no bairro Humaitá, demanda de anos do Orçamento Participativo (OP) na região. O imóvel está avaliado em R$ 48 milhões, conforme laudo emitido em 30 de junho.
No início do ano passado, quando anunciou a intenção de se desfazer de mais de cem prédios e terrenos públicos em lote, a inclusão do prédio da Smov chamou mais atenção e rendeu mobilização contrária à venda. Agora, o prefeito Sebastião Melo (MDB) anunciou que virá da venda deste ativo o recurso necessário para a construção de pelo menos 254 apartamentos do Residencial Barcelona I e II.
Do recurso que a prefeitura arrecadar com a venda do prédio da Smov, R$ 40,5 milhões irá para o projeto de habitação de interesse social e o restante para o Fundo Municipal para Restauração, Reforma e Manutenção do Patrimônio Imobiliário do Município de Porto Alegre (Fun-Patrimônio), criado no ano passado. É o funcionamento deste fundo, aliás, que precisará ser alterado para atender a determinação do prefeito.
Também partiu de Melo a decisão de qual comunidade receberá o recurso. Habitação foi eleita entre as demandas prioritárias em 14 das 17 regiões do Orçamento Participativo nas assembleias do ano passado. "Quando assumimos a gestão, um dos primeiros contatos foi com o pessoal do movimento dos moradores de favor e aluguel do Barcelona", explica o secretário de Habitação e Regularização Fundiária, André Machado.
No projeto se justifica que "da luta comunitária, foi conquistada através do Orçamento Participativo 2014 a aquisição de terrenos contíguos nas avenidas Ernesto Neugebauer, 720 e José Aloísio Filho, 55" - a área fica em frente ao Parque Mascarenha de Moraes. A compra foi feita com recurso do Demhab e "a prefeitura investiu muito dinheiro para a recuperação ambiental dos terrenos", aponta Machado.
Na época, a expectativa era utilizar recursos do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida para a construção das unidades, o que não aconteceu. Machado fala num "histórico de frustrações" dos moradores, o que motivou a prefeitura a assumir o compromisso de buscar caminhos para atender a demanda. No ano passado, Melo assumiu o compromisso de construir o residencial com recursos da venda de imóveis. Já a decisão por atrelar com o prédio da Smov é pela equivalência dos valores avaliados para a venda e a construção.

Falando em HABITAÇÃO SOCIAL

Uma prática do planejamento urbano com boa aceitação ao redor do mundo é o aproveitamento de áreas já construídas, em lugares abastecidos por infraestrutura e serviços básicos, para atendimento da demanda habitacional da população de baixa renda. Seria um uso possível para o prédio que a prefeitura pretende vender.

Construção de 1970 pautou debate sobre patrimônio

Localizado em uma área considerada nobre - na avenida Borges de Medeiros, quase esquina com a Ipiranga, região que recebeu vários novos empreendimentos na última década - o prédio da antiga Smov abriga há mais de meio século a história do planejamento urbano da cidade. Localizado no número 2244 da Borges, foi construído para abrigar a Secretaria Municipal de Obras e Viação - a Smov, sigla que se tornou o nome do prédio - e entregue em 1970. O projeto é assinado pelos arquitetos Moacyr Moojen Marques, João José Vallandro e Léo Ferreira da Silva.
Nesse endereço nasceram, nos anos seguintes, três secretarias: do Meio Ambiente, pioneira das capitais brasileiras; do Planejamento Municipal, responsável por elaborar o Plano Diretor em 1979, em 1999 e pela sua revisão em 2009; e da Produção, Indústria e Comércio. Todas essas pastas e a Smov mudaram de nome e função nos anos recentes.
A Secretaria de Obras e Infraestrutura, que ocupava o endereço até o início do ano passado, se mudou para a nova sede administrativa da prefeitura, no antigo edifício da Habitasul, entregue ao município como pagamento por dívidas tributárias. O prédio da Smov hoje abriga arquivos públicos.