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Ideias Sustentáveis

- Publicada em 20 de Janeiro de 2023 às 00:35

Atlas aponta defasagem em dados brasileiros sobre reciclagem

Triagem dos resíduos recicláveis é feita manualmente por catadores; na foto, cooperativa em Porto Alegre

Triagem dos resíduos recicláveis é feita manualmente por catadores; na foto, cooperativa em Porto Alegre


/LUIZA PRADO/JC
Pelos registros oficiais, a reciclagem no Brasil seria responsável pela recuperação de menos de 4% da massa total de resíduos sólidos - o lixo - gerado no país. Mas o dado provavelmente está subdimensionado, aponta o Atlas Brasileiro da Reciclagem, elaborado pela Associação Nacional de Catadores (Ancat) e uma série de entidades parceiras.
Pelos registros oficiais, a reciclagem no Brasil seria responsável pela recuperação de menos de 4% da massa total de resíduos sólidos - o lixo - gerado no país. Mas o dado provavelmente está subdimensionado, aponta o Atlas Brasileiro da Reciclagem, elaborado pela Associação Nacional de Catadores (Ancat) e uma série de entidades parceiras.
Embora não tenha outro percentual consolidado para apresentar, o estudo aponta que "o fato de a maior parte da base das diversas cadeias da reciclagem estar ainda na informalidade dificulta sua descrição com dados quantitativos de forma mais ampla".
O objetivo do trabalho, que teve a sua primeira edição lançada em dezembro passado durante a 9ª Expocatadores, em São Paulo, é "superar essa lacuna, agregando, pouco a pouco, dados de diferentes fontes e em diferentes níveis das cadeias de reciclagem". Com isso, pretende "retratar os papéis desempenhados pelos diversos atores nos diferentes elos da cadeia de serviço e de valor, desde o consumo até a efetiva reciclagem".
O Atlas, disponível em relatório e como portal online, reúne dados sobre o cenário e os resultados da cadeia de reciclagem em todo o país a partir de informações das organizações de catadores e de outros atores deste setor, formais e informais, a exemplo das empresas e associações de alguns setores, como os das embalagens de alumínio e embalagens cartonadas, que dispõem de dados específicos sobre a reciclagem do seu material.
Um dos destaques do trabalho é o Mapa Georreferenciado da Catação, que localiza as cooperativas e as associações de catadores e que, no futuro, identificará os catadores informais no país e sua área de atuação. Além da localização, o Atlas apresenta a atual situação do Parque Industrial da Reciclagem Popular, que engloba a capacidade produtiva hoje instalada, a infraestrutura disponível referente aos galpões, equipamentos disponíveis, e a situação sociodemográfica dos catadores e catadoras envolvidos nesses empreendimentos.
O Atlas usa o conceito de um estudo brasileiro para definir a reciclagem como "um procedimento industrial de reaproveitamento da matéria prima para a produção de novos produtos (semelhantes ou não)". Para que materiais pós-consumo, como os gerados nas residências, sejam transformados em matéria prima para as indústrias de reciclagem, eles devem ser separados na fonte, coletados, triados, beneficiados e comercializados como insumos, formando assim a cadeia de reciclagem.
O Atlas Brasileiro da Reciclagem está disponível em atlasbrasileirodareciclagem.ancat.org.br.

Panorama do reaproveitamento dos resíduos

O Atlas Brasileiro da Reciclagem registra a existência de 2.018 associações ou cooperativas de catadores de materiais recicláveis no Brasil, sendo 1.655 com registro na Receita Federal, o que representa 82% do total, e 363 ainda não devidamente legalizadas. No Rio Grande do Sul, 131 associações ou cooperativas reúnem 1.436 cooperados. Destas, 17 se encontram em Porto Alegre.
A soma de todos os materiais recuperados e comercializados por associações e cooperativas brasileiras nos anos de 2020 e 2021 é de 647.298 toneladas. Os materiais processados pelos catadores são de pós-consumo e pertencem às categorias de papel, plástico, vidro e metais.
A tabela a seguir apresenta o volume, em toneladas, da recuperação dos materiais mais encontrados nos resíduos sólidos urbanos no Brasil no período analisado no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre. Os dados são da indústria de transformação e disponibilizados pelo mapa da reciclagem.

Parcerias viabilizaram estudo e base de informação

O Atlas Brasileiro da Reciclagem é uma iniciativa da Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat) e do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), operacionalizado pelo Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária, com liderança e suporte técnico do Núcleo de Assessoramento à Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais e do Instituto Sustentar.
A primeira edição conta com o apoio financeiro da Fundação Avina, do Instituto Clima e Sociedade e da Coca Cola Brasil. Também colaboraram cedendo informações para compor o Banco de Dados do Atlas: Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos; Associação Nacional dos Aparistas de Papel; Compromisso Empresarial para a Reciclagem; Coalizão Embalagens; Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável; Lenum Ambiental; e MAPA.SA.
Os Governos dos Estados de Minas Gerais (Programa Bolsa Reciclagem), do Ceará (Programa Bolsa Catador) e do Distrito Federal (Programa de Coleta Seletiva) apoiaram a organização das informações referentes aos programas públicos de coleta seletiva e promoção da reciclagem utilizadas na elaboração do documento.