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Ideias sustentáveis

- Publicada em 04 de Agosto de 2022 às 21:46

Campanha destaca importância da Amazônia para o clima no Sul

Circuito Arroios e Quilombos passa por 13 pontos de Porto Alegre, como a Praça Geraldo Zaniratti

Circuito Arroios e Quilombos passa por 13 pontos de Porto Alegre, como a Praça Geraldo Zaniratti


Bruna Suptitz/ESPECIAL/JC
Caso a floresta amazônica não existisse, o pampa gaúcho seria um deserto. A explicação está nos rios voadores, fenômeno natural que forma um corredor de umidade com impacto em boa parte da América do Sul. O bioma pampa, que no Brasil existe somente no Rio Grande do Sul (e está presente também em partes da Argentina e do Uruguai), ocupa praticamente dois terços do território do Estado e recebe chuvas que se formam por esta influência. A outra parte do território gaúcho integra a mata atlântica, também beneficiada pela existência da floresta tropical.Alertar sobre a relação de interdependência entre os diferentes ecossistemas brasileiros é o objetivo da campanha “Amazônia Passa Aqui”, lançada em 17 de julho - dia de proteção às florestas - nas capitais de Estados do Sul e do Sudeste. A proposta é promover debates sobre o tema aliados a ações de rua e de mobilidade ativa, com atividades que seguem em agosto e setembro.Em Porto Alegre, um passeio ciclístico inaugurou o trajeto de 12 quilômetros que remete ao curso de um arroio imaginário, ligando o Quilombo da Família Silva, no bairro Três Figueiras, à Usina do Gasômetro, e batizado de “Circuito Arroios e Quilombos”. “Resolvemos criar o nosso arroio, que começa (no território) de um povo originário”, explica Tássia Furtado, estudante de Arquitetura e idealizadora do percurso na Capital gaúcha junto com a jornalista e Lívia Araújo. O circuito é um convite para “ver a relação da natureza com as ocupações da nossa cidade”, complementa Lívia.A água na nascente, em parte do curso e na foz do arroio imaginado para a campanha são visíveis. Na Zona Norte, o barulho chiado em meio às árvores da Praça Geraldo Zaniratti indica que por ali passa o Arroio Areia. No caminho é o Dilúvio que ajuda a contar a história da natureza local - embora o seu traçado atual tenha sido alterado por ação humana. No fim do percurso, que no dia 17 de julho coincidiu com o pôr-do-sol, está o Guaíba.São 13 paradas no trajeto (confira na tabela) e em todas foi instalada uma placa de identificação da campanha, com uma breve explicação sobre o lugar e um mapa do circuito completo. A extensão do percurso é limitada a uma área relativamente pequena - considerando o tamanho da cidade - para atender a proposta de ser “ciclável”, mas não deixa de reconhecer as demais características naturais da Capital.“Porto Alegre tem vestígio de mata atlântica, cinturão verde, morros, mata nativa” lembra o biólogo e ciclista Erick Banach. Após explicar sobre as chuvas que chegam ao Sul por influência da floresta amazônica, Banach alerta para o impacto que o Estado enfrentará caso o desmatamento siga dizimando a Amazônia. Igualmente importante é a preservação local, para “manter os morros e o ambiente o mais natural possível”, continua o biólogo.No próximo domingo, dia 7 de agosto, está prevista mais uma atividade coletiva da campanha. Será um “pedalnic” - pedalada com piquenique - vai visitar o Morro do Osso, que integra um parque natural em área de preservação. O território abriga resquícios de Mata Atlântica e é morada do povo Kaingang, já identificado e em processo de reconhecimento. Na mesma data do passeio é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas. A concentração será a partir das 10h, com saída às 10h30, da loja Banana Verde (Rua Henrique Dias, 107, bairro Bom Fim).A campanha Amazônia Passa Aqui foi idealizada pela Coalizão Clima e Mobilidade Ativa – CCMob.
Caso a floresta amazônica não existisse, o pampa gaúcho seria um deserto. A explicação está nos rios voadores, fenômeno natural que forma um corredor de umidade com impacto em boa parte da América do Sul. O bioma pampa, que no Brasil existe somente no Rio Grande do Sul (e está presente também em partes da Argentina e do Uruguai), ocupa praticamente dois terços do território do Estado e recebe chuvas que se formam por esta influência. A outra parte do território gaúcho integra a mata atlântica, também beneficiada pela existência da floresta tropical.

Alertar sobre a relação de interdependência entre os diferentes ecossistemas brasileiros é o objetivo da campanha “Amazônia Passa Aqui”, lançada em 17 de julho - dia de proteção às florestas - nas capitais de Estados do Sul e do Sudeste. A proposta é promover debates sobre o tema aliados a ações de rua e de mobilidade ativa, com atividades que seguem em agosto e setembro.

Em Porto Alegre, um passeio ciclístico inaugurou o trajeto de 12 quilômetros que remete ao curso de um arroio imaginário, ligando o Quilombo da Família Silva, no bairro Três Figueiras, à Usina do Gasômetro, e batizado de “Circuito Arroios e Quilombos”. “Resolvemos criar o nosso arroio, que começa (no território) de um povo originário”, explica Tássia Furtado, estudante de Arquitetura e idealizadora do percurso na Capital gaúcha junto com a jornalista e Lívia Araújo. O circuito é um convite para “ver a relação da natureza com as ocupações da nossa cidade”, complementa Lívia.

A água na nascente, em parte do curso e na foz do arroio imaginado para a campanha são visíveis. Na Zona Norte, o barulho chiado em meio às árvores da Praça Geraldo Zaniratti indica que por ali passa o Arroio Areia. No caminho é o Dilúvio que ajuda a contar a história da natureza local - embora o seu traçado atual tenha sido alterado por ação humana. No fim do percurso, que no dia 17 de julho coincidiu com o pôr-do-sol, está o Guaíba.

São 13 paradas no trajeto (confira na tabela) e em todas foi instalada uma placa de identificação da campanha, com uma breve explicação sobre o lugar e um mapa do circuito completo. A extensão do percurso é limitada a uma área relativamente pequena - considerando o tamanho da cidade - para atender a proposta de ser “ciclável”, mas não deixa de reconhecer as demais características naturais da Capital.

“Porto Alegre tem vestígio de mata atlântica, cinturão verde, morros, mata nativa” lembra o biólogo e ciclista Erick Banach. Após explicar sobre as chuvas que chegam ao Sul por influência da floresta amazônica, Banach alerta para o impacto que o Estado enfrentará caso o desmatamento siga dizimando a Amazônia. Igualmente importante é a preservação local, para “manter os morros e o ambiente o mais natural possível”, continua o biólogo.

No próximo domingo, dia 7 de agosto, está prevista mais uma atividade coletiva da campanha. Será um “pedalnic” - pedalada com piquenique - vai visitar o Morro do Osso, que integra um parque natural em área de preservação. O território abriga resquícios de Mata Atlântica e é morada do povo Kaingang, já identificado e em processo de reconhecimento. Na mesma data do passeio é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas. A concentração será a partir das 10h, com saída às 10h30, da loja Banana Verde (Rua Henrique Dias, 107, bairro Bom Fim).

A campanha Amazônia Passa Aqui foi idealizada pela Coalizão Clima e Mobilidade Ativa – CCMob.

Pontos do Circuito Arroios e Quilombos:

Mapa da Campanha Amazônia Passa Aqui em Porto Alegre

Mapa da Campanha Amazônia Passa Aqui em Porto Alegre


Campanha Amazônia Passa Aqui/Reprodução/JC
1 Quilombo da Família Silva
2 Praça Geraldo Zaniratti
3 Jardim Botânico
4 Praça Nações Unidas
5 Centro Cultural Afro-Sul Odomodê | Arroio Dilúvio
6 Vila Planetário
7 Parque Farroupilha - Redenção
8 Praça Lupicínio Rodrigues - Ilhota
9 Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo
10 Centro de referência Indígena-Afro do RS
11 Largo Zumbi dos Palmares
12 Largo do Açorianos | Ponte de Pedra | Monumento aos Açorianos | Empena do Daer “Quebra Tudo-Abre Caminhos”
13 Orla do Guaíba | Usina do Gasômetro

FALANDO EM RIOS VOADORES

Trata-se de uma figura de linguagem que certamente atiça a imaginação. Os rios voadores são “cursos d’água atmosféricos” formados por massas de ar carregadas de vapor de água, muitas vezes acompanhados por nuvens e propelidos pelos ventos. A explicação vem do projeto que leva o mesmo nome, desenvolvido desde 2007. Essas correntes de ar invisíveis passam em cima das nossas cabeças carregando umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. A umidade, nas condições meteorológicas propícias - por exemplo uma frente fria vinda do sul - se transforma em chuva. É essa ação de transporte de enormes quantidades de vapor de água pelas correntes aéreas que recebe o nome de rios voadores.