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Opinião Econômica

Publicada em 04 de Agosto de 2025 às 19:18

Risco à independência dos independentes

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Marcos de Vasconcellos, jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado
Marcos de Vasconcellos, jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado
Ouvi outro dia que o investidor é naturalmente insatisfeito. Se a ação que ele comprou caiu, acha que não deveria ter comprado. Se subiu, acredita que foi tolo de não ter adquirido mais. Enxerga as oportunidades que perdeu, por não ter entrado, mas dificilmente vê as armadilhas que evitou pelo caminho. E essas são o ponto crucial da jornada.
É aí que está o papel das auditorias independentes. Contratação obrigatória das companhias abertas, para olhar as contas e identificar erros, fraudes, inconsistências, vazamentos e o que mais for um possível problema para as empresas e seus acionistas.
Elas costumam aparecer no noticiário quando erram, não quando evitam um problema, ou ignoram um colapso iminente. Lembremos que as contas das Americanas eram auditadas antes de anunciarem um esquema de fraude bilionário. Assim como as da Petrobras, quando "descobriu" rombos históricos, e as da Oi, quando saiu de uma recuperação judicial para, meses depois, pedir outra.
Até mesmo os bancos que emitiam títulos de subprime, quebrando o sistema financeiro mundial em 2008, eram auditados regularmente.
Aqui faço um mea culpa. Jornalistas e analistas, por razões humanas e profissionais, noticiam somente os erros. Convenhamos que o normal, o obrigatório, o óbvio não é notícia nem assunto para relatórios. Ninguém lerá uma manchete apontando que "Maurício saiu de casa, trabalhou normalmente na livraria, voltou, jantou e dormiu".
O ponto é que o cumprimento do ofício das auditorias não vira notícia, mas não pode ser ignorado pelo investidor. E aí vem o que me preocupa: No primeiro semestre deste ano, o número de empresas que trocou de auditorias sem explicar os motivos ou alegando apenas "razões comerciais" cresceu muito.
Dados inéditos levantados pela MZ Group, aos quais tive acesso, mostram que 8 das 94 empresas que trocaram de auditor no primeiro semestre de 2025 não explicaram os motivos. Em 2024, haviam sido apenas duas.
 

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