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Olhar da Fé

Olhar da Fé

- Publicada em 27 de Março de 2023 às 18:21

Quaresma e Jejum

Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre
Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre
A Quaresma é tempo de abertura para o mistério da fragilidade, da dor e da morte, da Cruz, do Crucificado. É oportunidade para um caminho mais determinado de identificação com Cristo. É um período durante o qual somos convidados a nos abrir, abster-nos, esvaziar-nos por meio da prática do jejum.
O jejum é uma prática ascética e penitencial, e segundo a tradição cristã contribui para fazer adquirir o domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração.
Muito mais que uma privação, o jejum é uma prática, uma tentativa de deixar-nos atingir pela graça da liberdade com que Cristo nos presenteou, abrindo o nosso ser para a receptividade da vida nova, da liberdade.
“Há três coisas pelas quais se confirma a fé, se fortalece a devoção e se mantém a virtude: a oração, o jejum e a misericórdia. O que pede a oração, alcança-o o jejum e recebe-o a misericórdia. Oração, jejum e misericórdia: três coisas que são uma só e se vivificam mutuamente. O jejum é a alma da oração, e a misericórdia é a vida do jejum. Ninguém tente dividi-las, porque são inseparáveis. Quem pratica uma das três, ou não as pratica todas simultaneamente, na realidade não pratica nenhuma delas. Portanto, quem ora, jejue; e quem jejua, pratique a misericórdia. Quem deseja ser atendido nas suas orações atenda as súplicas de quem lhe pede, pois aquele que não fecha os seus ouvidos às súplicas alheias abre os ouvidos de Deus às suas próprias súplicas. Quem jejua entenda bem o que é o jejum; seja sensível à fome dos outros, se quer que Deus seja sensível à sua; seja misericordioso, se espera alcançar misericórdia; compadeça-se, se pede compaixão; dê generosamente, se pretende receber. Muito mal suplica quem nega aos outros o que pede para si...” (Pedro Crisólogo, +450).
A Igreja do Brasil, nessa quaresma, à luz da Palavra de Deus e da tradição, por meio da Campanha da Fraternidade, deseja iluminar a dura realidade dos que não possuem o necessário para viver com dignidade: aqueles que se sentem privados do alimento necessário para si e para os seus. É certamente uma realidade cruel e escandalosa que atinge a muitos. Alguns possuem de forma desmesurada, outros possuem pouco ou nada...
A prática do jejum – exercício quaresmal – nos ajuda a recordar que podemos viver de forma sóbria, e assim fazendo nos é oferecida oportunidade privilegiada para o exercício da misericórdia, atentos à ordem de Jesus: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).