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Feira do Livro

- Publicada em 12 de Novembro de 2023 às 15:04

Curtir e compartilhar são os motes da vida de Nelson Motta

Nelson Motta e Arthur de Faria no palco do Auditório do Espaço Força e Luz

Nelson Motta e Arthur de Faria no palco do Auditório do Espaço Força e Luz


IVAN MATTOS/ESPECIAL/JC
O encontro de Nelson Motta e Arthur de Faria no Auditório do Espaço Força e Luz, no sábado (11), dentro da programação da 69ª Feira do Livro de Porto Alegre, teve o sabor de um encontro entre dois velhos camaradas, que, cheios de histórias para contar, revivem fatos e momentos memoráveis da vida cultural de um país.
O encontro de Nelson Motta e Arthur de Faria no Auditório do Espaço Força e Luz, no sábado (11), dentro da programação da 69ª Feira do Livro de Porto Alegre, teve o sabor de um encontro entre dois velhos camaradas, que, cheios de histórias para contar, revivem fatos e momentos memoráveis da vida cultural de um país.
A conversa era para ser sobre Lupicínio Rodrigues, cuja biografia escrita por Arthur, mais tarde teria mesa de autógrafos na Feira, mas quando Nelson Motta começa a falar de Elis Regina e Tom Jobim, não dá pra segurar, explode coração e o assunto toma conta do roteiro, revelando lembranças e momentos que extrapolam qualquer previsão.
Assim, o jornalista, escritor, roteirista de cinema e teatro, compositor, produtor musical e tantas outras atividades, Nelson Motta, foi sendo entrevistado por Arthur de Faria, jornalista, músico, pianista, arranjador e compositor, numa tarde chuvosa de Feira do Livro, falando sobre música popular, claro, mas sobretudo sobre sua onipresença em quase todos os grandes momentos musicais significativos do País, a partir dos anos 1960.
Numa jogada de mestre, Nelson diz que “eu antecipei o Facebook, pois vivia curtindo e compartilhando minhas experiências”, conta orgulhoso de ter estado em tantas produções históricas, gravações de grandes ídolos, encontros de gênios, festas memoráveis e coberturas de eventos e lançamentos culturais que se tornaram história. Só para citar alguns, Nelson produziu o LP em que Elis Regina deu uma virada em sua carreira, em 1972; produziu o encontro de Elis com Ti Maia, gravando os dois cantando juntos; foi um dos mentores do Dancing Days, casa noturna que fez explodir o gênero Disco no Brasil; juntou as Frenéticas, criou o Noites Cariocas, casa noturna com shows de rock e pop no Morro da Urca; revelou Marisa Monte, foi o primeiro jornalista a falar de música pop na TV Globo, entre muitas outras iniciativas de sucesso. "Acho que a sorte me acompanhou, até escrevi um livro de memórias chamado De Cu Pra Lua. Mas também vivi muitas dores, fracassos, tristezas e decepções, como todo mundo", conclui.
Entre as melhores sacadas, contou pérolas de sua relação com Tim Maia, por exemplo, que ligava para ele dizendo “Nelsomotta”, vem para cá que está rolando o maior triátlon comemorativo", ou seja, festa privada regada a bebida, cocaína & baseado. Ao que Nelson dispensava dizendo, “Tim você não tem corpo, você tem território”. De Vicente Celestino a João Gilberto, passando por Rita Lee e Fernanda Takai, Aloísio de Oliveira e Caetano Veloso, sobraram histórias e lembranças divertidas.
Finalmente falando em Lupicínio, recordou que Elza Soares foi quem trouxe de volta a obra do compositor gaúcho, quase esquecido nos anos 1960, gravando Se acaso você chegasse, voltando  a ser redescoberto pelas novas vozes do Tropicalismo e MPB. Encontros como este, valem como uma sessão de terapia, um documentário, a exibição de um filme que está na cabeça do brasileiro que acompanha a vida cultural dos últimos 50, 60 anos. Uma verdadeira aula de cultura e entretenimento.